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O que está em jogo na reaproximação entre Bolsonaro e PSL

17.08.20 08:02

Não faz um ano que Jair Bolsonaro deixou o PSL e anunciou a criação do Aliança pelo Brasil. A ruptura ocorreu em meio a atritos com o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar (na foto à direita). Àquela época, o chefe do Planalto chegou a dizer a um apoiador para “esquecer” o partido, acrescentando que Bivar estava “queimado para caramba”. O embate deixou fissuras na sigla, dividida desde então em duas alas.

Ainda assim, o presidente da República mostrou que não há contendas insuperáveis quando as eleições batem à porta ao admitir, na última quinta-feira, 13, que cogita voltar ao PSL. Para Bolsonaro, uma das questões em jogo é a organização política.

Sem partido, hoje, Bolsonaro e seus aliados estão no limbo, apesar da significativa popularidade, avaliam deputados do PSL. O retorno à sigla pela qual se elegeu lhe garantiria cargos na direção e diretórios estaduais estratégicos. Dessa forma, o presidente começaria desde já a reforçar sua base nos estados e municípios, o que o faria chegar em 2022 com uma máquina eleitoral mais robusta. Além disso, aconselhado por aliados a “inaugurar até chafariz”, conseguiria ampliar a presença de sua claque no cumprimento de agendas pelo país.

A filiação ao PSL ainda teria reflexos na articulação do governo na Câmara. Apesar da boa relação de alguns deputados com Jair Bolsonaro e de votos favoráveis a pautas econômicas do governo, oficialmente, o partido adota uma postura de independência em relação ao Planalto. Esse cenário mudaria. A aproximação asseguraria a fidelidade do partido também às chamadas “pautas de costume”, como armamento, Escola sem Partido e proibição ao aborto.

As conversas entre Bolsonaro e o PSL envolvem ainda a revogação da punição que proibiu a participação de 14 deputados bolsonaristas filiados à sigla em comissões — a medida hoje vigente restringe, inclusive, a atuação de Eduardo Bolsonaro. Com o fim da sanção, esses parlamentares poderiam voltar a integrar os colegiados dos quais o partido participa.

Bolsonaro tem considerado, ainda, a verba milionária à disposição da agremiação. Neste ano, o PSL vai receber 199,4 milhões de reais do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para turbinar as candidaturas de aspirantes a prefeito e vereador. O montante, o segundo maior entre os partidos, é fruto da atuação de Bolsonaro como padrinho eleitoral de candidatos em 2018. Isso porque a divisão dos recursos leva em conta a quantidade de representantes eleitos para a Câmara e o Senado. A cifra, em 2022, portanto, também será alta. Na campanha de dois anos atrás, quando os recursos do PSL eram mirrados, o presidente não chegou a utilizar o dinheiro do fundo e custeou a candidatura com doações. 

Por causa da robusta bancada na Câmara, o PSL terá, ainda, um dos maiores tempos no horário eleitoral de rádio e TV. Aliados de Bolsonaro consideram que, apesar do grande alcance nas redes sociais, o horário eleitoral será importante para o presidente, que, pela primeira vez, terá de se dividir entre a divulgação de realizações, explicações de falhas e promessas para um próximo mandato. 

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