O QR Code no paletó de Netanyahu
Premiê israelense utilizou recurso visual para relembrar massacre do Hamas; Brasil abandonou plenário antes do discurso

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (foto), utilizou um QR Code em seu paletó durante discurso na Assembleia Geral da ONU nesta sexta, 26.
O código direcionava os presentes a uma página com vídeos do massacre promovido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.
Antes da fala de Netanyahu, a delegação israelense também distribuiu folhetos com QR codes abertos, o que ocasionou na retirada de algumas delegações. Entre elas, a do Brasil.
A campanha foi ainda ampliada por meio de telões de LED em locais emblemáticos de Nova York, como a Times Square.
Para Rafael Azamor, representante do Fórum das Famílias dos sequestrados e desaparecidos para o Brasil, a estratégia de comunicação foi eficaz e moderna.
"Foi um recurso de comunicação inovador e direto, que buscou transformar o discurso em uma experiência visual e emocional para os presentes. Ao convidar os delegados a escanear o código e ver imagens brutais do ataque de 7 de outubro, Netanyahu reforçou a narrativa israelense de que aluta não é abstrata, mas uma resposta concreta ao terrorismo."
"A estratégia funciona bem no campo simbólico e midiático, pois combina a diplomacia clássica com a guerra digital da informação, mas também carrega riscos: para críticos de Israel, pode parecer manipulação emocional ou uso de “choque visual” em vez de argumentos racionais. Mas foi um movimento eficaz para marcar presença e garantir que a memória do massacre não fosse diluída no mar de discursos da ONU", afirmou.
Já Igor Sabino, gerente de conteúdos da StandWithUs Brasil, acrescentou que a ideia "relembra o mundo sobre os horrores do 7 de outubro".
Relações diplomáticas
Os representantes brasileiros deixaram o plenário da ONU antes do discurso de Netanyahu.
O gesto foi uma ação diplomática com o objetivo de mostrar repúdio político às ações israelenses.
"Esse tipo de saída deslegitimando o orador perante a plateia internacional. Infelizmente, esse ato não surpreende diante do histórico recente o governo brasileiro já havia se recusado a responder à carta de apresentação do novo embaixador israelense no Brasil e tampouco nomeou um embaixador brasileiro em Israel — nem mesmo para atender os cidadãos brasileiros que lá residem ou os turistas que podem precisar da embaixada", disse Azamor.
O Itamaraty já havia rejeitado, em agosto, a nomeação de Gali Dagan como novo embaixador em Brasília.
Em reposta, o governo israelense rebaixou o nível de seus relações diplomáticas com o Brasil.
"Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador [Gali] Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior", afirmou o Ministério de Relações Exteriores em um comunicado divulgado pelo jornal The Times Of Israel.
Memória do Holocausto
Em agosto, o Brasil deixou a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA).
O assessor especial de Lula (PT) para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, afirmou que o governo brasileiro se sentia 'manipulado' pela aliança, criada para promover a educação e a pesquisa sobre o Holocausto e aperfeiçoar políticas de enfrentamento ao antissemitismo.
"O problema é que digamos, como você de alguma maneira aludiu [referindo-se ao jornalista Pedro Doria, autor da pergunta] é que havia uma manipulação do conceito de antissemitismo de uma maneira totalmente inaceitável", afirmou Amorim ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
"Ninguém nega o Holocausto no Brasil, pelo contrário. Eu vi o presidente Lula chamando atenção do presidente do Irã. Você não pode negar um fato histórico. Isso é um fato histórico. Se você acha que os muçulmanos também estão sendo mortos ou que os palestinos... é outra questão. Então nós nunca negamos isso", acrescentou.
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