O 'QG do lobby' do amigo de Ricardo Barros
Uma casa de 700 metros quadrados (foto) localizada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, foi transformada em uma espécie de quartel-general do lobista Silvio Assis. Com fachada imponente, a casa conta com um nada discreto detector de metais logo na entrada, por onde precisam passar todos os convidados das reuniões e dos jantares promovidos por Assis...
Uma casa de 700 metros quadrados (foto) localizada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, foi transformada em uma espécie de quartel-general do lobista Silvio Assis. Com fachada imponente, a casa conta com um nada discreto detector de metais logo na entrada, por onde precisam passar todos os convidados das reuniões e dos jantares promovidos por Assis com certa frequência. Um segurança engravatado faz a revista de quem entra e é o responsável por avisar, a cada convidado, que gravadores e aparelhos celulares são expressamente proibidos no recinto. Entre os frequentadores mais ilustres do QG do lobista está o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, amigo de Silvio Assis.
Nos dias 31 de março e 4 de maio, Luis Miranda, deputado do DEM do Distrito Federal e ex-aliado de Jair Bolsonaro que arrastou o governo para uma de suas maiores crises, também esteve na casa. Como Crusoé revelou nesta semana, com exclusividade, Miranda diz ter recebido uma oferta de propina no segundo desses encontros para parar de atrapalhar o processo de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde. Àquela altura, o irmão do deputado, funcionário de carreira da pasta, vinha apontando irregularidades no processo. Ricardo Barros, o líder do governo Bolsonaro, estava no encontro que antecedeu a oferta.
Segundo Luis Miranda, a proposta foi apresentada por Assis quando ele já se encaminhava para o carro, depois da reunião. Após reportagem de Crusoé, Ricardo Barros confirmou que estava presente no encontro de 4 de maio, mas disse que não tratou de propina ou de assuntos relacionados à vacina.
O entra e sai no local é frequente. Durante o dia, a casa é visitada por advogados, assessores de políticos e representantes de empresas interessadas em fazer negócios com o poder público. À noite, Silvio oferece festas e jantares com a presença de políticos. Os vizinhos relatam que o entra e sai costuma iniciar às 9 horas da manhã e terminar somente na madrugada.
Há cerca de três meses, foi instalado o detector de metais e o movimento se intensificou. “Tem dia que conto mais de 30 carros na rua, de pessoas que estão lá dentro. Tem jantares que só acabam na manhã do dia seguinte”, diz um vizinho.
Em entrevista a Crusoé, o próprio Silvio falou sobre o QG, onde ele diz receber políticos, advogados e empresários de Brasília para tratar de negócios que, diz, não têm nada de “anormais”. Sobre a reunião com a presença de Barros e Miranda, o lobista afirma que foi um "evento social", do qual participaram advogados e funcionários do "escritório". “Era uma relação pessoal (a reunião com Miranda e Barros), nada específico. Por isso que eu digo. Era um jantar social. Não sei se era jantar ou almoço. Mas nesse dia (4 de maio) não teve nada específico. Como sempre, eu recebo gente aqui, amigos meus, mas nada específico. Nesse dia, principalmente. Ricardo estava aqui por um acaso, e esse Miranda eu não tenho uma relação de amizade com ele. Eu conheço de três ou quatro vezes que ele esteve aqui”, disse Assis.
O lobista insistiu: “O Luís é uma relação nova. Ele esteve comigo lá no escritório umas três vezes. Ou quatro. Não me recordo precisamente, mas a gente se conheceu. Não tem nada de anormal, não. Como eu conheço outros parlamentares também. O Ricardo (Barros) é amigo. Tem mais de dez anos que eu conheço. Mas não tratamos nada disso (vacinas), não. Tinha outras pessoas aqui no dia. Não foi tratado esse assunto, não".
Depois da publicação da reportagem de Crusoé, o movimento na casa diminuiu significamente.
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Comentários (10)
PAULO
2021-07-04 11:31:04O deputado Luiz e o seu irmão servidor, avisam o Bolsonaro da negociata da Covaxin. Podemos inferir que o Bolsonaro pediu para o Ricardo Barros colocar o deputado no esquema, pois pelo preço que iríamos pagar, daria para equacionar os 6 centavos por vacina. Então o encontro é numa "igreja", com detector de metais e uma cartilha digna de mafiosos, inclusive com revista dos participantes. Nada anormal para nós cidadãos comuns. Só deve participar da curriola crentes, que rezam pelo bem do Brasil.
Vera
2021-07-04 08:14:27Só bandidos travestidos de gente boa que trabalha pra um país melhor! Agora :que jantar heim que vai até as 9 do dia seguinte ! kkkkk
Francisc
2021-07-03 15:52:08Trabalhei (repito, trabalhei) 25 anos BB, fui gerente agência, fui auditor. DAI não passei. Ataque que parasitas esquerdistas, ataques de direitas ladrões, tais esquerdistas. Esquerdistas querem todas benesses sem trabalhar; direitas querem todos empréstimos para não pagar. Uma infâmia, vagabundos, que se multiplicam hoje. Assim, não pude prosperar trabalhando com honestidade, estudando muito e, em muitas vezes, flexível, mas sem deixar a linha na verdade ser ultrapassada. Jantares, presentes
tratorista
2021-07-03 15:35:30Ainda bem que não trataram nada de errado...A gente sempre pensa em sacanagens qdo se lê ou se sabe dessas coisas...Mas, todos, são cristãos puros e dignos, com aventuranças em pról da humanidade. Fiquei tranquilo, agora, lendo o que disse o SUINO.
Eduardo
2021-07-03 14:31:57Nos maus exemplos o governo bolsonarista é cópia /cola do lulista. Bom, nao houve bons exemplos. O lulismo sabidamente copiou poucos de FHC e se apoderou deles.
Paulo
2021-07-03 13:52:35E o QG do lobby contra o Bolso é a sede do Crusoé.
MARCOS
2021-07-03 12:45:55A CASA DAS NEGOCIATAS. TUDO DE RUIM PARA O POVO BRASILEIRO ACONTECE ALÍ.
Nelma
2021-07-03 11:30:57Eles fazem correntes de orações com o demônio.
José Carlos
2021-07-03 11:12:57Antro de negociatas, roubalheira de dinheiro público, basta olhar para a cara do vigarista.
Alberto
2021-07-03 11:07:49Cara de Brasília. Colocou no chinelo o Rio de Janeiro, com outrora capital federal. A classe política se sofisticou na arte da corrupção. A última Constituição, de 1988, "a cidadã", fracassou em sua origem. O que era ruim, ficou pior, principalmente com as mexidas no sistema de governo.Mistura de parlamentarismo, com presidencialismo.Aquele jeitinho brasileiro. Surgiu o presidencialismo de coalizão.O toma lá dá cá. Sem isso, o parlamento impede a governabilidade. O executivo tem que se agachar.