O preocupante cartão de visitas de Queiroga
Ao anunciar a escolha de Marcelo Queiroga (foto) como sucessor de Eduardo Pazuello, Jair Bolsonaro deu destaque à formação do cardiologista, que, nas palavras do presidente da República, é “muito mais entendido na questão da saúde" e poderia implementar medidas mais “agressivas” para combater a pandemia do novo coronavírus, responsável pela morte de quase 280...
Ao anunciar a escolha de Marcelo Queiroga (foto) como sucessor de Eduardo Pazuello, Jair Bolsonaro deu destaque à formação do cardiologista, que, nas palavras do presidente da República, é “muito mais entendido na questão da saúde" e poderia implementar medidas mais “agressivas” para combater a pandemia do novo coronavírus, responsável pela morte de quase 280 mil brasileiros. As primeiras declarações do médico paraibano, no entanto, sinalizam que, no Ministério da Saúde, tudo permanecerá igual, com a ciência escanteada e o corpo técnico submisso às ordens do capitão.
No primeiro dia de trabalho, Queiroga apresentou um preocupante cartão de visitas, prometendo obediência ao script de Bolsonaro. Antes de pisar no Ministério da Saúde pela primeira vez como o escolhido para o comando da pasta, o médico evidenciou quem, na verdade, continuará dando as cartas no setor. "A política é do presidente", fez questão de afirmar. “O ministro só executa a política do governo”.
A declaração soa familiar. É quase a mesma dada por Eduardo Pazuello em 22 de outubro, após ser desautorizado por Bolsonaro sobre a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Ao lado do presidente, Pazuello, que estava acometido pela doença, abaixou a cabeça: “É simples assim: um manda e o outro obedece", frisou, em uma transmissão ao vivo.
O futuro ministro indicou que, em nome da obediência a Bolsonaro, não está preocupado em manter a coerência. Nesta semana, enquanto seu nome era aventado para a chefia do ministério, Queiroga declarou que a cloroquina, constantemente propagandeada pelo presidente como “tratamento precoce”, não entraria em seu arsenal.
"A própria Sociedade Brasileira de Cardiologia não recomendou o uso dela nos pacientes, e nem eu sou favorável porque não há consenso na comunidade”, disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Minutos após ser anunciado como sucessor de Pazuello, o cardiologista mudou o discurso, ao falar à CNN. “Existem determinadas medicações que são usadas, cuja evidência científica não está comprovada, mas, mesmo assim, médicos têm autonomia para prescrever”, afirmou.
Em endosso a Bolsonaro, Queiroga também chega ao governo com uma postura antilockdown, frustrando as expectativas de governadores por uma coordenação nacional de medidas restritivas. Demonstrou preocupação com a economia e disse que a mais dura ação de distanciamento deve ser aplicada apenas em “situações extremas”.
Com o posicionamento, o futuro ministro parece ignorar o fato de que o Brasil vive o mais delicado momento da pandemia, com sucessivos recordes de mortes diárias. Diante de um baixo estoque de vacinas e da inexistência de remédios com prescrição específica para o tratamento da Covid-19, à exceção do Remdesivir, portanto, o único meio de evitar a propagação do vírus é o isolamento social.
Não bastasse o alinhamento quanto a medicamentos e distanciamento social, o futuro ministro adotou postura semelhante a de Bolsonaro no trato com jornalistas. “Vocês estão aglomerados aí, coisa que vocês dizem que não é bom”, afirmou, logo ao chegar ao ministério para as primeiras reuniões da transição. Queiroga deve saber que a orientação pelo distanciamento parte da comunidade científica e da Organização Mundial da Saúde e não da imprensa. Não é a imprensa que diz que aglomerar não é bom. Ele mesmo, como ministro da Saúde, deveria ser mais enfático ao abordar o problema da aglomeração na disseminação do coronavírus, mas preferiu tentar tirar uma onda com os jornalistas, certamente ganhando pontos com Bolsonaro.
As primeiras atitudes e declarações de Marcelo Queiroga indicam que Bolsonaro não buscava um freio de arrumação na Saúde, mas uma forma de tentar contornar o desgaste sofrido pelo governo durante a trágica condução da pandemia.
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Comentários (10)
Carlos
2021-03-17 01:22:34INFELIZMENTE PARA O BRASIL PARECE QUE VAMOS TER A TROCA DO SEIS POR MEIA DUZIA. A TROCA DO PEZADELLO PELO DR. QUEIDROGA! O QUE O PAIS PRECISA NESTE MOMENTO CRITICO DE COLAPSO GENERALIZADO, PREVISTO HA MESES POR DIVERSOS ESPECIALISTAS, E QUE A ATUACAO DO GOVERNO MUDE RADICALMENTE. SE E PARA DAR CONTINUIDADE AO GENOCIDIO, DEIXA O GENERAL LA.
Vera
2021-03-16 23:38:58mais do mesmo lixo
Vera
2021-03-16 23:38:22mais do mesmo lixo
O Atento
2021-03-16 23:12:09Inacreditável! Só Deus pode nos ajudar.
Heraldo MF
2021-03-16 23:08:15Logo serão 500 mil mortos e 13 milhões de infectados, aí o Cap Clorô vai jogar bst no ventilador desse capacho, incauto sedento de fama.
Francisco Antonio Fernandes da Silva
2021-03-16 22:57:20Deixe Dr. Marcelo trabalhar um mês, depois falem falem em cima de fatos. Bom senso vale por muitas opiniões.
Izeliana
2021-03-16 21:22:09Sempre péssimos. Qual a solução. Mandar o vírus embora?
Antonio
2021-03-16 21:14:07Tá certíssimo. Tem que atender é ao presidente mesmo. Não a vocês jornalistas que só sabem jogar pedras.
Nádia
2021-03-16 20:48:40É só outro "ao seu dispor"... única diferença é q não usa coturno. E nós.. DOIS MIL OITOECENTOS E QUARENTA E UM BRASILEIROS MORTOS EM 24 horas.
Odete6
2021-03-16 18:14:38Pelo jeito, sai um ordenança e entra outro. Mero revezamento de ordenanças, é o ""projeto nacional"" para cuidar da pandemia no país. Mas...... """e daí""", """né, miêrmu"""???? Adequadíssimo pra dar continuidade às """edificantieischsx açõinschsx""" do pazuêle.