O fator Kassio e os 'novos tempos' na Segunda Turma do STF
A chegada de Kassio Marques (foto) à Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal consolidou a face garantista do colegiado. Em quatro meses de trabalho, o ministro, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, demonstrou o esperado alinhamento a Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski e garantiu os votos necessários para livrar figurões da política brasileira de investigações. Há...

A chegada de Kassio Marques (foto) à Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal consolidou a face garantista do colegiado. Em quatro meses de trabalho, o ministro, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, demonstrou o esperado alinhamento a Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski e garantiu os votos necessários para livrar figurões da política brasileira de investigações.
Há tempos, a Segunda Turma, formada por cinco integrantes, destaca-se por derrubar inquéritos conduzidos pela Lava Jato -- os resultados, entretanto, decorriam de uma tecnicidade. Em 2020, os principais reveses da operação aconteceram em sessões das quais Celso de Mello se ausentava por razões médicas. Naquelas ocasiões, enquanto Cármen Lúcia e Edson Fachin tentaram assegurar a continuidade de investigações, Gilmar e Lewandowski votaram para que elas fossem enterradas. Os empates, como prevê o Código Penal, favoreceram os réus.
Em meio ao cenário, em novembro, os ministros decidiram, em sessão administrativa, devolver ao plenário da corte, integrado por onze magistrados, a prerrogativa de julgar ações penais e inquéritos. Desde 2014, a atribuição era das duas turmas. Na ocasião, porém, faltou resolver uma questão: os ministros não definiram se a alteração alcançaria processos já em curso. Sem uma deliberação clara, os presidentes das turmas, por conta própria, decidiram prosseguir com a análise dos casos já em tramitação e assim têm feito até agora.
Desde a chegada de Kassio Marques à Segunda Turma, não são mais apenas os empates que favorecem os réus. Agora costuma haver maioria a favor deles. Na última terça-feira, 2, houve mais um exemplo disso. Por três votos a dois, o colegiado arquivou um inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República para investigar a cúpula do Progressistas pela prática do crime de organização criminosa.
Numa votação que contou com a presença de Celso de Mello, a Segunda Turma havia, em 2019, aceitado denúncia contra Arthur Lira, Aguinaldo Ribeiro, Eduardo da Fonte e Ciro Nogueira, acusados formalmente de integrar o chamado “Quadrilhão do PP”. Em um caso raro, porém, a decisão foi revertida nesta semana durante a análise de recursos conhecidos, no jargão jurídico, como embargos de declaração, os quais contestam omissões ou contradições em acórdãos.
Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro com a bênção de Ciro Nogueira e de outros chefes do Progressistas, Kassio foi o autor de um dos três votos que livraram a cúpula do partido de uma ação penal. Responsável pela defesa do senador, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro (foto), conhecido como Kakay, comemorou o placar e afirmou que a decisão “anuncia novos tempos”.
Apesar de emblemático, o “Quadrilhão do PP” não foi o único caso enterrado após Kassio Marques assumir uma cadeira na Segunda Turma. Em 23 de fevereiro, por três votos a dois, o colegiado decidiu arquivar o inquérito aberto em 2015 para investigar o senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, pelo suposto recebimento irregular de recursos para a campanha eleitoral, o chamado caixa 2.
Em dezembro de 2020, pelo mesmo placar, a turma derrubou uma investigação sobre o ex-senador Eunício Oliveira, do MDB do Ceará. O emedebista era suspeito de embolsar 2,1 milhões de reais em propina da Odebrecht, em troca da atuação no Congresso pela aprovação de uma medida provisória que desonerou a cadeia de produção do etanol.
Os votos de Kassio Marques não enfraqueceram a Lava Jato somente do ponto de vista do arquivamento de inquéritos e ações penais. No mês passado, o ministro votou para referendar a decisão de Ricardo Lewandowski que deu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o direito de acessar mensagens hackeadas de procuradores da operação, que fazem parte do acervo da Operação Spoofing. O placar terminou em quatro a um a favor do petista. Com Kassio no Supremo, a Lava Jato ganhou mais um poderoso inimigo.
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Comentários (10)
Neuza
2021-05-16 07:55:45Gente!! Alguns causam risonhos sem graça, até de tolerância. Arch!!
Mario
2021-04-08 08:42:30Basta ver as últimas reportagens da "nova" Crusoe para perceber o alinhamento, só fazendo amigos deste seus pares.
SANDRA
2021-03-09 08:56:31O crime ja chegou nas instituições.
Mauricio
2021-03-08 17:53:52E achávamos que o Fux iria resolver algo. Tudo um grande teatro
Clovis
2021-03-08 16:19:27Enquanto o país luta arduamente contra COVID os poderosos e inescrupulosos de plantão estão correndo para passar a boiada, e numa velocidade incrível. É todo dia uma notícia de dar nó no estômago. Esperem até o povo ir para as ruas. Paciência tem limite!
Leandro
2021-03-08 15:40:28Não podemos entregar os pontos. Eu fui pras ruas pela lava jato e pra tirar o PT do poder. Quero a vacina pra voltar pras ruas pra derrubar td isso q está aí e cobrar na justiça seus desmandos e colocar Moro na presidência.
Claudio
2021-03-08 15:36:44qUE PENA, bOLSONARO ESCOLHEU UMA PESSOA ERADA, ELE SE BANDEOU PARA A bANDA pODRE DE gILMAR E O pOLACO lEWAND.
ELENIR
2021-03-08 14:29:31A lava jato não existe mais desde que o Sérgio aceitou o convite do Guedes pra falar com.o capetao
PAULO
2021-03-08 14:28:431.1 - Para acabar com esta puta bem paga que é esta justiça, só tendo um Big Brother ao contrário do da obra de Orwell. Neste momento, somente nós, a massa, podemos enfraquecer o MECANISMO. Esses caras da justiça, política, deixam pegadas. Hackers, funcionários de hotéis, restautantes, empregados deles mesmos, tem que ficar ligados e conseguir provas do modus operanti desse grupo. Isso é ser brasileiro e querer o melhor para o nosso país. No caso do Flávio Bolsonaro. O STJ jogou provas no lixo.
Newton
2021-03-08 14:22:30Lamentável jogada política de JB nesse sentido. A oportunidade de lançar SM ao STF e quem sabe Bretas, com Dellagnol na PGR, ficou nos sonhos. Pelo menos por um tempo bem longo. Triste. Brasil, um país de tolos...