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O fator eleitoral por trás da decisão da Argentina de vetar a exportação de carne

22.05.21 18:32

O governo de Alberto Fernández (foto), na Argentina, proibiu a exportação de carnes para tentar conter a inflação. A medida começou a ser implementada no final desta semana e deve se estender por 30 dias.

O país tem registrado uma inflação de cerca de 4% ao mês. A expectativa é de que o ano feche com um aumento geral de preços da ordem de 60%, muito acima da meta oficial de 29%. A carne bovina se destacou entre os produtos que mais sofreram aumento: desde novembro, os preços estão subindo cerca de 7% ao mês.

No curto prazo, a política de Fernández pode até ajudar a conter o preço da carne. Com a desvalorização do peso e o aumento da demanda no mercado externo, os produtores passaram a destinar a produção para o exterior. A carne então passou a ser vendida internamente por um valor maior, mais parecido com o da carne exportada.

No médio e longo prazos, no entanto, a medida é considerada de altíssimo risco.Esse tipo de política nunca teve sucesso, e nem terá. A consequência direta é que os pecuaristas vão parar imediatamente de investir na produção, o que reduzirá a oferta“, diz o economista argentino Pablo Besmedrisnik, da consultoria Invenómica, em Buenos Aires.

Esse setor estava se recuperando lentamente na Argentina, mas agora a retomada será interrompida. Quando os produtores sentirem confiança novamente, levará ainda um bom tempo para a produção voltar ao normal“, acrescenta Besmedrisnik.

Uma das opções do governo era a de proibir a exportação dos cortes de carne que seriam destinados exclusivamente ao mercado doméstico. Outra possibilidade seria a de não fazer nada, deixando que os argentinos escolhessem outras fontes de proteína, como frango ou peixe. Não tomar nenhuma providência, contudo, teria um custo eleitoral. É que, mesmo em crise, o consumo anual no país de carne bovina é de 43 quilos por pessoa — no Brasil, por exemplo, a quantidade per capita de consumo de carne por ano é de 29 quilos. Por isso, especialistas avaliam que a decisão de Fernández tem como horizonte as eleições legislativas marcadas para outubro.

Na Argentina, é muito difícil que um governo ganhe uma eleição sem que o povo possa comprar a sua carne todo dia. Se o eleitor não tem como comer o seu bife, não há como um governo sair vitorioso“, diz Besmedrisnik.

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  1. Eu deveria estar preocupado? Sinto muito, não estou. A carne brasileira é cara e ruim, dura, com nervos de aço estilo James Bond, se não como carne tupiniquim, muito menos a argentina. Bora comer um franguinho?

  2. Os produtores de lá já estão parando de plantar soja, certamente vão parar de criar gado. Ninguém trabalha grátis, muito menos pode sustentar vendas abaixo do custo.

  3. Vejo as consequências, alta da inflação e aumento do preço de um alimento básico para a população, num governo dito "de esquerdas" similar e equivalente à alta do arroz e da inflação, provocada pelo furor exportador e descontrole de estoques reguladores, no nosso país, governado pela "direita liberal" Infelizmente, nenhuma ideologia supre a incompetência de gestão.

  4. Sorte dos produtores brasileiros. Aumentará a demanda mundial pela nossa carne e elevará o preço do produto no mercado internacional. Nossa balança comercial agradece.

    1. Boa Waldir, é isto mesmo, percebi de cara que a jumentice deste Barcelona iria nos beneficiar.

    2. A Balança comercial agradecerá e perto de cem milhões de brasileiros passarão a ver um bife só em fotografia.

  5. Esquerdistas ? as portas da Argentina está aberta!:. Aproveitem ! Lá e o paraíso ! Ainda tem carne! Daqui a pouco os cachorros e gatos q se cuidem!!! Kkk

    1. É uma pena ,foi um belo e pujante país mas não souberam eleger bons políticos !

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