'Não podemos começar uma nova pandemia', diz epidemiologista americano
O epidemiologista Eric Feigl-Ding, da Federação dos Cientistas Americanos, foi um dos primeiros cientistas a alertar para o perigo do coronavírus, em janeiro de 2020. Para ele, a variante P1, que surgiu em Manaus, representa um risco para o mundo todo, pois pode iniciar uma nova pandemia. Ele falou a Crusoé: Qual é o perigo...
O epidemiologista Eric Feigl-Ding, da Federação dos Cientistas Americanos, foi um dos primeiros cientistas a alertar para o perigo do coronavírus, em janeiro de 2020. Para ele, a variante P1, que surgiu em Manaus, representa um risco para o mundo todo, pois pode iniciar uma nova pandemia. Ele falou a Crusoé:
Qual é o perigo da variante P1?
Essa variante já está circulando no mundo todo. Como o Brasil (foto) tem muitos laços com países latino-americanos e europeus, ela está se espalhando rapidamente. Mas mesmo na província de Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá, onde fica a cidade de Vancouver, foram registrados 20 casos recentemente. E este é um lugar que, convenhamos, não é assim tão próximo do Brasil. Atualmente, a P1 não está tão disseminada como a variante britânica, que é bem mais prevalente. No Reino Unido, mais de 95% dos casos são com a variante britânica. Na França, 75%. Nos Estados Unidos, 50%. O problema é que, assim como a variante britânica acabou substituindo a cepa original, a variante P1 pode ganhar espaço no futuro. Repare que, hoje, as primeiras cepas quase desapareceram. Mas a variante britânica acabou trazendo o problema de volta. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que não podemos ter uma nova pandemia. Ela não se referia à P1, mas sua preocupação é legítima. Não podemos começar uma nova pandemia.
Por que a P1 teria essa capacidade?
A variante britânica é 40% ou 60% mais rápida para se alastrar que a cepa original. Já temos um estudo dizendo que a P1 pode ser 60% mais ágil que a britânica. Outro fala em 2 vezes mais rápida e um terceiro diz 2,5 vezes mais veloz que a variante britânica. Não temos ainda pesquisas dizendo se ela produz sintomas mais graves que as demais. A questão é que, ao contaminar mais pessoas em um curto período de tempo, a P1 lota os hospitais rapidamente. Quando acabam as camas nos hospitais, os remédios se esgotam, o oxigênio chega ao fim, a taxa de mortalidade cresce muito mais rapidamente, porque não há recursos para cuidar de todos. Pode-se até aumentar o número de camas e leitos de UTI, mas não é tão fácil elevar o total de médicos e enfermeiros de um dia para o outro. E se as pessoas infectadas se acumulam nas salas de espera ou nas casas, então o vírus se multiplica ainda mais.
O que poderia ser feito agora?
Pode parecer meio estúpido fazer um lockdown quando os hospitais já estão cheios. É óbvio que isso tinha de ser feito antes. Mas essa é, agora, a melhor coisa a se fazer. Quando há uma chama consumindo uma floresta, é preciso conter o incêndio o mais rapidamente possível, mesmo que seja retirando todo o oxigênio em volta dele. É isso o que as medidas restritivas podem fazer.
O negacionismo do governo brasileiro tem relação com o surgimento da variante P1?
Essas coisas estão conectadas porque o vírus pode sofrer mutações quando se multiplica livremente. O governo deixou o coronavírus se replicar muito rapidamente no ano passado. Quando há várias pessoas se contagiando, é como se os vírus competissem entre si. Aqueles que conseguem infectar mais hospedeiros podem treinar melhor suas habilidades e explorar as fraquezas das pessoas, da maneira mais diabólica possível. O vírus mais bem-sucedido em se alastrar é aquele que poderá dominar no futuro. Há uma razão para não estarmos falando de uma variante neozelandesa ou australiana. Esses países adotaram medidas restritivas de circulação e impediram a proliferação dos vírus. Sem novos hospedeiros, eles não conseguiram treinar. Jair Bolsonaro desprezou essa lógica. Ele se recusou a fazer lockdowns e até tentou bloqueá-los.
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Comentários (10)
telma
2021-04-05 21:46:26Quanta baixaria nesses comentários. É muito ódio de todos os ângulos. Coisa deprimente!
Eduardo
2021-04-05 21:27:41O homem não controla a natureza, simples assim.
Bevi
2021-04-05 15:54:26Cientistas da Fio Cruz e Butantã garantem a eficácia das vacinas contra essas novas cepas.
Fabiano
2021-04-05 10:14:37O governo ou desgoverno Bolsonaro deixou de combater esta pandemia como deveria. Mas se os americanos estiverem mesmo preocupados com esta cepa de Manaus causar uma nova pandemia por uma questão de inteligencia que não sei se têm, deveriam estar mandando contaminada.para o Brasil vacinas da Pfizer para evitar que sua própria população venha a ser contaminada.
Ronaldo
2021-04-05 09:09:17Só por Deus mesmo, mas parece que as vacinas da pfizer e Moderna têm eficácia contra essa P1, espero que seja verdade.
Mario
2021-04-04 22:48:15Bobonaro não pode negar os alertas que recebeu dos especialistas. Ele sabia da gravidade da situação e optou por caminho do genocídio. Ele tem que ser julgado.
Jose
2021-04-04 20:34:36Mais uma evidência para prender o Bozo e os Bozistas em uma masmorra e jogar a chave fora. Eles são genocidas seguidores do demônio. Colocaram a vida de pessoas no mundo todo em risco!
Elival
2021-04-04 19:15:33Fui a Manaus em outubro do ano passado e imaginei q poderia haver algo de muito grave p a população lá. Quase ninguém usava máscara, absolutamente ninguém respeitava o isolamento. Era como se o mundo não estivesse vivendo uma epidemia. Uma irmã minha já tinha sido contaminada na primeira leva e agia como se nada tivesse ocorrido. Talvez pq não teve os sintomas mais sérios. Agora, nessa nova fase foi contaminada outra vez e, felizmente, caiu na real.
Roberto
2021-04-04 18:05:46Os verbos na última frase estão errados. Devem ser no presente e não no passado.
TARSA
2021-04-04 17:40:31Você leu esta besteira antes de publicar?