'Muitos iranianos são solidários com os cubanos', diz escritora ameaçada de sequestro nos EUA
A escritora, jornalista e defensora dos direitos humanos iraniana Masih Alinejad (foto) tem estimulado as mulheres de seu país a se rebelar contra a imposição do uso do véu. Sua influência nas redes sociais, mesmo morando em Nova York desde 2009, fez com que a teocracia iraniana tentasse atacá-la em solo americano. Neste ano, agentes...
A escritora, jornalista e defensora dos direitos humanos iraniana Masih Alinejad (foto) tem estimulado as mulheres de seu país a se rebelar contra a imposição do uso do véu. Sua influência nas redes sociais, mesmo morando em Nova York desde 2009, fez com que a teocracia iraniana tentasse atacá-la em solo americano. Neste ano, agentes da polícia federal americana, o FBI, disseram a Masih que ela corria o risco de ser sequestrada a mando de Teerã. Um dos planos era levá-la de lancha para a Venezuela. Outro, convencê-la a ir até Turquia, de onde seria levada para a capital do Irã. Masih, de 44 anos, conversou com Crusoé sobre a tentativa de sequestro e os protestos contra as ditaduras do Irã e de Cuba. "Muitos iranianos são solidários com os cubanos e os acompanharam com admiração durante os últimos protestos na ilha", diz ela.
Como a sra. se sentiu quando soube que o governo iraniano tinha um plano para sequestrá-la?
Como estou acostumada a receber ameaças de morte e de sequestro, inicialmente não levei isso a sério. Mas, quando o FBI me mostrou as fotos que eles tiraram de mim em afazeres cotidianos, cuidando do meu jardim, conversando com meus enteados, trabalhando na minha varanda, fiquei chocada. Tive arrepios. Então, entendi a seriedade da situação. Estou protegida agora, pois os agentes do FBI ficam nos arredores da minha casa todos os dias.
Por que o governo do Irã quer sequestrá-la?
Sou um alvo porque minhas campanhas têm um alcance muito grande. Tenho mais seguidores que o líder supremo Ali Khamenei. São 5,5 milhões apenas no Instagram. Eu dei voz a pessoas sem voz no Irã, como mães enlutadas, mulheres, minorias étnicas, pessoas da comunidade LGBT. Tudo isso enfurece o regime porque desintegra a narrativa deles. Eles tentaram me difamar, prenderam meu irmão, forçaram minha família a me rejeitar, mas não desisti do meu ativismo.
Por que a questão das mulheres é tão sensível ao regime?
O uso compulsório do véu é o calcanhar de aquiles da República Islâmica. Como eu promovi ataques contra essa obrigação e estimulei as mulheres a expor os seus assediadores, isso deixou o regime furioso.
Por que os iranianos têm protestado nas ruas?
Após 42 anos de repressão, má gestão econômica, corrupção e isolamento do mundo, os iranianos estão fartos. Eles querem desfrutar de uma vida de liberdade, longe de uma ideologia sufocante. Querem poder falar o que pensam. Eles querem viver em um sistema onde a religião é separada da política. Querem viver em prosperidade. O sistema do Irã é totalitário, muito parecido com o regime cubano, onde a liberdade de expressão não é permitida e uma doutrinação ideológica é imposta à população. Assim como Cuba, o Irã se tornou um estado pária por causa desse regime. Apenas uma elite vive na prosperidade. Muitos iranianos são solidários com os cubanos e os acompanharam com admiração durante os últimos protestos na ilha. No Irã, as manifestações continuarão até que o povo consiga retomar seu país. Pode demorar meses ou anos, mas o regime não pode governar assim para sempre.
Caso o governo americano e as potências mundiais cheguem a um novo acordo nuclear com o Irã, isso poderia fortalecer o regime?
Acho muito triste que o Ocidente esteja tão obcecado com a questão nuclear, a tal ponto que eles fecharam os olhos para as violações dos direitos humanos que ocorrem no país. Recentemente, a União Europeia enviou um oficial para a cerimônia de posse do presidente Ebrahim Raisi. Mas é bom lembrar que Raisi cometeu crimes contra a humanidade. O Ocidente, no entanto, parece mais preocupado com o acordo nuclear. Concentrar-se nisso e ignorar a brutalidade do regime é exatamente o que fortalece a teocracia e gera mais repressão.
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Comentários (6)
jazumi oshiro
2021-08-08 17:44:03uma linda mulher iraniana com o rosto de fora , que coisa mais linda
ANTONIO
2021-08-08 14:26:32por falar em Cuba, está um silêncio na imprensa... estará tudo em paz por lá?
KEDMA
2021-08-08 10:28:39Muito boa entrevista.
Carlos Renato Cardoso da Costa
2021-08-08 02:49:04Excelente entrevista. Toda a solidariedade com todo e qualquer povo vítima da opressão. Que as nossas instituições sejam fortes o suficiente pra prevenir que o mesmo se instale por aqui.
Nyco
2021-08-07 23:52:53É isso que os MUARES orelhudos deveriam compreender. Esse regime totalitário sempre foi o sonho do zé dirceu, o mentor ideológico do PT, com a total anuência do ex-detento e da ex-presiDENTA inoCENTA dilmANTA, mentora da URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina). ,,, Por isso eu digo: Bolsonaro 2022, a última TRINCHEIRA contra o comunismo.
PAULO
2021-08-07 20:20:38A escritora iraniana, defensora dos direitos humanos, é solidária aos cubanos, e denuncia às violações que ocorrem no Irã. O ex-presidiário Lula, insiste em vender a ditadura cubana, como um modelo para o Brasil. Do outro lado, Bolsonaro quer instaurar no país, uma teocracia, onde ele será o líder supremo, Ali BozoGAY.