Marine Le Pen inelegível? Políticos saem em defesa da deputada francesa
Marine Le Pen manifestou seu descontentamento, acusando o Ministério Público de tentar privá-la e aos eleitores da escolha democrática. Ela afirmou que o foco do processo era excluí-la da vida política e enfraquecer seu partido.
Marine Le Pen, que sempre se posicionou como a candidata natural de seu partido para as eleições presidenciais de 2027, pode ver suas ambições políticas comprometidas.
As recomendações do Ministério Público no processo que envolve o uso indevido de fundos parlamentares são contundentes para a deputada, que já disputou a presidência três vezes. Foi sugerida uma multa de 300 mil euros, além de cinco anos de prisão — dos quais dois seriam em regime fechado e passíveis de modulação — e uma inabilitação política por cinco anos.
O impacto dessas medidas é ainda mais significativo porque o Ministério Público solicitou que a execução da inabilitação seja imediata, mesmo se houver apelação. Tal decisão poderia impedir Le Pen de concorrer na eleição presidencial de 2027.
Após a audiência, Marine Le Pen manifestou seu descontentamento, acusando o Ministério Público de tentar privá-la e aos eleitores da escolha democrática. Em um discurso emocionado, ela afirmou que o foco do processo era claramente excluí-la da vida política e enfraquecer seu partido, referindo-se também à multa substancial requisitada contra o Rassemblement National.
A líder do partido descreveu as ações judiciais como "implacáveis" e "vingativas", apontando para uma tentativa de afastar milhões de eleitores de sua opção em 2027, algo que ela considera uma ameaça à democracia.
Rassemblement National (RN) reage
O partido de direita nacionalista francês, Rassemblement National (RN), anunciou no X nesse quinta-feira, 14 de novembro, o lançamento de uma petição online em seu site que tem por objetivo apoiar a líder dos deputados do partido, Marine Le Pen.
A criação da petição ocorre em resposta às recentes solicitações de inelegibilidade contra Marine Le Pen e outros membros importantes do Rassemblement National. Estes estão sendo julgados no contexto do caso envolvendo os assistentes parlamentares do antigo Front National, nome anterior do partido.
A legenda acusa uma ingerência clara na organização da vida parlamentar, desrespeitando a separação dos poderes, além de caracterizar a ação como uma tentativa de "eliminar a voz da verdadeira oposição" e "contornar o processo democrático".
Outros membros do partido, incluindo Jordan Bardella e Éric Zemmour, ecoaram essas preocupações. Eles criticaram o que veem como um excesso judicial, argumentando que decisões políticas devem ser feitas nas urnas, não nos tribunais.
O deputado Jean-Philippe Tanguy, do RN, condenou as acusações contra Le Pen como "quase fanáticas". O vice-presidente da legenda, Sébastien Chenu, acusou o Ministério Público de atuar "a serviço de uma missão política".
Marion Maréchal, sobrinha de Marine Le Pen e fundadora do movimento Identité-Libertés, também se manifestou contra o que chamou de "intrusão inaceitável no trabalho político".
Gérald Darmanin sai em defesa de Le Pen
Fora das esferas da direita nacionalista, muitos líderes políticos do centro e da direita mantiveram-se em silêncio após as requisições judiciais. Uma exceção notável foi o ex-ministro do Interior Gérald Darmanin.
Poucas horas depois das requisições do Ministério Público no caso dos assistentes parlamentares da Frente Nacional (FN), que exigiam cinco anos de prisão, três dos quais suspensos, mas sobretudo uma pena de inelegibilidade de cinco anos contra Marine Le Pen, Gérald Darmanin descreveu como “chocante” o cenário no qual sua opositora não poderia se apresentar para ser votada pelos franceses.
Primeira figura do bloco central a pronunciar-se sobre este hipotético impedimento, o antigo Ministro do Interior declarou: “O combate a Madame Le Pen faz-se nas urnas e não de outra forma”.
Embora a acusação tenha pedido ao tribunal que combinasse esta inelegibilidade com uma execução provisória, o que significa que esta seria aplicada imediatamente mesmo que Marine Le Pen recorresse, Darmanin defendeu aquela que ele enfrentou em fevereiro de 2021 durante um debate televisivo sobre a lei do separatismo: “Se o tribunal julga que ela deve ser condenada, ela não pode ser condenada eleitoralmente, sem a expressão do Povo”, insistiu Gérald Darmanin.
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Comentários (1)
MARCOS
2024-11-14 19:19:14USO INDEVIDO DE FUNDO ELEITORAL? SE FOSSE AQUI NA BANÂNIA NADA ACONTECERIA. MAS...NA FRANÇA....