ReproduçãoLiga Árabe, com sede no Cairo, Egito

Lula na Liga Árabe: grupo sem coesão, nem utilidade

13.02.24 14:03

O presidente Lula deve discursar na sede da Liga Árabe (foto), no Cairo, na quinta, 15, durante sua viagem para a África. A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas certamente deve entrar na sua fala.

Mas a Liga Árabe, criada em 1945 pelos países árabes do Oriente Médio e do norte da África, só teve uma atuação coesa em seus primórdios. Mesmo assim, nunca foi efetiva em algum conflito regional.

O que unia a Liga Árabe no seu início era o sentimento anti-Israel. Assim que os israelenses proclamaram o seu Estado após a decisão da ONU, de 1947, os países árabes tentaram destrui-lo.

O secretário-geral da Liga Árabe, Abdul Rahman Hassan, deixou a Assembleia Geral da ONU advertindo os judeus de que “até o último momento, e além dele, eles (os árabes) vão lutar para evitar o estabelecimento de seu Estado. Em nenhuma circunstância elesl concordarão com isso“.

Mas a guerra que os árabes travaram para destruir o Estado judeu não acabou bem para eles e gerou novos conflitos desastrosos, como a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kippur (1973).

Derrotado nessa última, o Egito preferiu assinar um acordo de paz com Israel, em 1979.

Foi então que ocorreu a primeira importante cisão na Liga Árabe, porque o Egito foi expulso do grupo e a sede, que ficava no Cairo, foi transferida para a Tunísia.

Divisões entre os membros da Liga Árabe foram constantes ao longo das décadas seguintes. Quando o Iraque invadiu o Kuwait, em 1990, vários países deram apoio aos americanos contra o ditador Saddam Hussein. Quando o ditador sírio Bashar Assad começou a massacrar a população de maioria árabe, a Síria foi expulsa da organização (para depois retornar, no ano passado).

Na atual guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, nem todos os membros da Liga Árabe estão do mesmo lado.

Embora até os seus integrantes mais moderados possam dar declarações dizendo que Israel é um país colonialista e pedir um cessar-fogo, a Liga não deve ir além disso.

O apoio aos palestinos, por exemplo, nunca será total. Países como o Egito e a Jordânia temem um fluxo de refugiados da Faixa de Gaza.

Muitos dos integrantes da Liga Árabe também estavam se aproximando de Israel. Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos assinaram acordos de paz com Israel desde 2020.

Quando os palestinos pediram que a Liga Árabe rejeitasse esses acordos, em 2020, a maioria dos participantes rejeitou a solicitação.

Há ainda uma enorme rejeição ao grupo terrorista Hamas.

Chefes de governo de países árabes entendem que o Hamas é um braço do Irã, país persa que busca gerar instabilidade no Oriente Médio e causar problemas para todos os que são aliados dos Estados Unidos, incluindo vários países árabes, como Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Para os governantes árabes, o principal inimigo não é mais Israel, e sim o Irã.

Com isso, dificilmente o discurso de Lula nesta quinta terá algum efeito prático, além de incomodar os israelenses, é claro.

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  1. O Lula sempre fala asneiras / bobagens inconsequentes e desnecessárias nestes tipos de eventos. Sempre envergonha os brasileiros.

  2. Oportunidade de ouro para nosso ilustrado presidente despejar seu estoque de sandices nos envergonhando internacionalmente e criando embaraços diplomáticos para o Itamarati.

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