'Kit' usava 'chequinhos' para lavar dinheiro
A operação realizada na manhã desta terça-feira, 27, no Rio de Janeiro, a partir da delação premiada de doleiros presos pela Lava Jato no Rio, desbaratou um esquema de uso de cheques de valor abaixo de 10 mil reais e boletos pagos a empresas fantasmas para a lavagem de dinheiro. No mercado de câmbio paralelo,...
A operação realizada na manhã desta terça-feira, 27, no Rio de Janeiro, a partir da delação premiada de doleiros presos pela Lava Jato no Rio, desbaratou um esquema de uso de cheques de valor abaixo de 10 mil reais e boletos pagos a empresas fantasmas para a lavagem de dinheiro.
No mercado de câmbio paralelo, os cheques com estes valores menores são conhecidos como "chequinhos". São usados para não chamar a atenção do Conselho de Controle de Atividades Fazendárias, o Coaf, segundo descreve o Ministério Público Federal no pedido de prisão preventiva do empresário Júlio César Pinto de Andrade e temporária dos gerentes do Banco Bradesco Tânia Maria Aragão de Souza Fonseca e Robson Luiz Cunha Silva. O juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, autorizou as prisões.
Os doleiros Vinícius Claret, o Juca, e Cláudio Barbosa, o Tony, operadores do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral deram detalhes do esquema ao Ministério Público Federal. Ele seria comandado por Andrade, conhecido por "Kit", uma referência à sua empresa Ki-Tanga Biquínis, de acordo com o pedido assinado por 11 procuradores da República, inclusive o coordenador da Lava Jato no Rio, Eduardo El Hage (foto).
Ex-gerente do Bradesco, Kit usava seus contatos em agências bancárias, como Tânia e Robson, para a abertura de contas em nomes de empresas fantasmas que recebiam os "chequinhos" e pagamentos de boletos bancários.
As operações serviam para gerar reais em espécie, que eram vendidos a quem quisesse lavar recursos obtidos ilegalmente, enviando o dinheiro para o exterior por operações de dólar-cabo. Neste tipo de operação, uma compra ou venda em reais na conta administrada por um doleiro no Brasil é replicada no exterior, com o mesmo valor convertido em dólares. Ao menos sete empresas fantasmas foram identificadas e são alvo de busca e apreensão.
Os procuradores lembram que o esquema foi usado tanto pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho, para enviar 101 milhões de reais para fora do país, quando pela Odebrecht, para trazer ao Brasil dinheiro usado em propinas pagas a agentes políticos.
O Bradesco, onde trabalhavam os dois gerentes com ordem de prisão temporária determinada, foi o banco por onde passou a maior parte dos recursos operados no esquema entre 2011 e 2016, em um volume que chegou a 989 milhões de reais. O banco informou que está à disposição das autoridades. Quase 120 milhões de reais também foram lavados por meio de contas abertas em outros bancos, segundo o Ministério Público Federal.
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Comentários (10)
Carmem
2019-05-28 23:33:54Aposto que o presidente do Bradesco , vai dizer como o Lula : eu não sabia de nada ! Tem base ???
Antônio
2019-05-28 22:58:48Tá chegando perto dos homi da bufunfa. Será que algum banqueiro vai chegar a perder o sono algum dia? O Bradesco vai dizer que não sabia que dois de seus gerentes ajudaram a lavar um Bilhãozinho.
Aline
2019-05-28 22:23:22Fico impressionada com a benevolência do Bradesco... Gilmar Mendes, doleiros ligados ao legislativo e ao executivo, governos anteriores... é mesmo um banco tão solidário que eu fico emocionada e espero, um dia, ser contemplada por essa solidariedade em relação aos custos da minha conta e os respectivos juros que me são impostos. 🤦♀️🏦💸⏳
HAYDEE
2019-05-28 20:59:18A Redação da Crusoé tem problemas com datas. Esta é a segunda matéria de hoje 28/05 que informa que é terça 27.
Sueli
2019-05-28 20:41:03O que fazer com um povo que vota em um partido, cujo cacique dele diz que sofreu mais que Jesus Cristo. Pedir moralidade, só por Deus mesmo!
João
2019-05-28 18:03:38Maria, você sintetizou de forma precisa o mal que assola a nossa sociedade...
Maria
2019-05-28 16:19:06Este é o País onde a grande maioria da população é desonesta. A formação do caráter de uma pessoa é feita em casa, com a família. A desonestidade começa é nas pequenas “vantagens” que todos julgam sem importância. Nosso pensamento e atitude são assim: se ele pode eu também posso, se ele faz eu também faço, não vou lutar porque não vai resolver, isso sempre foi assim não é agora que vai mudar e por aí vai.... Se queremos um País melhor, a mudança tem que começar é dentro de nós...
ADELINO
2019-05-28 16:17:26E uma vergonha nacional.
Luís
2019-05-28 15:18:29Deve ser por esta e muitas outras o grande empenho em tirar o COAF do Moro. E no final do processo, nestes dias e inclusive, hoje, houveram "explicações" que deixam a todos atônitos, sobre a impossibilidade de reverter isto no Senado. Os bilhões desviados e produzidos com malfeitos devem estar irrigando muita gente responsável por decisões e tramitações...
josé
2019-05-28 15:15:55Eu já anotei e guardei todos os deputados do meu estado que votaram contra a COAF para Sérgio Moro e pode ter certeza que eles nunca mais terão meu voto nem se candidatar a presidente da associação do meu bairro