Kassio trava julgamento que pode derrubar 'boiada' de Bolsonaro e Salles
Um pedido de vista do ministro do Supremo Tribunal Federal Kássio Marques interrompeu o julgamento que poderia derrubar o decreto do presidente Jair Bolsonaro que reduziu a participação da sociedade civil no Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama. Antes da suspensão, o placar, em sessão virtual, estava em 4 a 0 pela anulação do...
Um pedido de vista do ministro do Supremo Tribunal Federal Kássio Marques interrompeu o julgamento que poderia derrubar o decreto do presidente Jair Bolsonaro que reduziu a participação da sociedade civil no Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama.
Antes da suspensão, o placar, em sessão virtual, estava em 4 a 0 pela anulação do decreto. O órgão foi desidratado pelo ato do presidente, também assinado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Após a mudança de composição, o conselho eliminou regras de proteção ao meio ambiente.
Relatora, a ministra Rosa Weber afirmou, em seu voto, que as novas regras impostas pelo decreto "obstaculizam, quando não impedem, as reais oportunidades de participação social na arena decisória ambiental, ocasionando um déficit democrático, procedimental e qualitativo, irrecuperável".
"O arranjo amplifica a voz governamental e isola a participação social e federativa, ao colocá-las em um espaço de figuração", prosseguiu a ministra. O voto foi acompanhado por Edson Fachin, Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes. Com o pedido de Kassio Marques, que chegou ao STF pelas mãos de Bolsonaro, o processo fica paralisado por tempo indeterminado -- o julgamento só recomeça quando o ministro liberar os autos.
A ação contra o decreto de Bolsonaro foi movida pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge, em 2019, pouco antes de deixar o comando da PGR. Em setembro daquele ano, o presidente e o ministro do Meio Ambiente reduziram de 96 para 23 o número de conselheiros titulares do órgão, responsável por deliberar sobre normas de licenciamentos ambientais e normas para a proteção contra a poluição ambiental.
Proporcionalmente, a participação do governo cresceu, e a bancada das entidades da sociedade civil diminuiu. As ONGs tinham 22% das cadeiras, e passaram a ter 17%. O governo tinha 29% da participação, e ampliou para 41% após o decreto. Empresas, estados e municípios também integram o Conama.
Várias regras de preservação ambiental foram flexibilizadas após as mudanças no conselho, presidido por Ricardo Salles. Em setembro de 2020, durante a pandemia, o colegiado derrubou normas de proteção de manguezais e restingas. Também aprovou a queima de lixo tóxico em fornos de produção de cimento.
Em abril daquele mesmo ano, durante uma reunião ministerial, Salles afirmou que o governo deveria aproveitar o período da pandemia para "passar as reformas infra-legais, de desregulamentação, simplificação".
"Precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa porque só fala de Covid e ir passando a boiada, e mudando todo o regramento, e simplificando normas, de Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, daquilo, agora é hora de unir esforços para dar de baciada a simplificação regulatória que nós precisamos", disse Salles na ocasião.
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Comentários (10)
MARIA
2021-03-27 22:48:52O trabalho responsável e eficiente da ex procuradora Raquel Dodge e Min.num m Rosa Werner redime a participação das mulheres no STF, após a lamentável "virada de casaca", de Carmem Lucia, num momento crucial da historia, enredada por figuras invejosas e oportunistas.
Zilmar
2021-03-19 09:59:58Já devia ter passado tudo . Está burocracia ambiental está travando o desenvolvimento do país e alimentando está esquerda inútil dusfarçada de ONG
Orchidea
2021-03-19 09:15:48Salles com seu discurso de destruição das regras que monitoram salvaguardar o meio ambiente . Se ele continua com esse discurso de monitorar e se posicionar contra as atuais regras é porque trata-se de política mposta pelo atual governo . Lamentável por sinal.
CLAUDEMIR
2021-03-17 08:53:36Sai que é tua Kássio!
Sônia
2021-03-14 23:52:51Kassio apoiado pelo PP foi colocado para blindar os atos de Bozó e do ministério por ele escolhido .ministro tem que ser concursado e não nomeado
Joaquim Almeida
2021-03-14 22:49:41É preciso que o STF tão zeloso com as suas competências regule “o pedido de vista” por parte dos seus membros. Se o processo ou procedimento, inclusive o recursal, é uma sucessão de atos com prazos em lei, afigura-se arbitrário que ministros peçam “vistas dos autos” e fiquem com eles engavetados por anos. Para tanto, basta assinalar o prazo de, por exemplo, um (01) mês no Regimento Interno da Corte. Tão práxis não tem agasalho legal por ferir o princípio da razoável duração do processo.
MARCOS
2021-03-14 18:53:37Presidente Fux, precisa normatizar esses prazos de pedidos de vistas, que, muitas das vezes, acabam em prescrição. Acabar com essa pouca vergonha, pois os ministros, com esses pedidos, retiram os processos de pauta até que esteja em uma hora propícia para aprovação. Vide o último caso do Gilmar, que ficou com o processo do Moro debaixo do braço por quase dois anos e meio. Isso é um absurdo
Jose Juraci Almeida
2021-03-14 16:15:33Acho que um ministro deveria se dar ao respeito para ser respeitado; bom mas como não passa de um fantoche representando as vontades de seu padrinho, isso não seria surpresa a sua tomada de decisão.
MENEZES88
2021-03-14 14:46:04MORO 2022!!
Maria
2021-03-14 11:21:17Os da foto são rostos dos que querem ser expulsos do planeta pela natureza.