Kassab vira réu por corrupção, lavagem, associação criminosa e caixa 2

O ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (foto), virou réu nesta quinta-feira, 11, pela prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, caixa 2 eleitoral e associação criminosa. O presidente nacional do PSD vai responder pelo suposto recebimento de 16 milhões de reais em repasses ilícitos feitos pela J&F, holding que controla o frigorífico JBS, entre os anos de 2014 e 2016.

De acordo com a denúncia apresentada em fevereiro pela Promotoria Eleitoral de São Paulo, os pagamentos foram realizados pela empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista por meio de um irmão do ex-ministro e por Flávio Chuery, homem de confiança de Kassab tanto no partido quanto em seus negócios particulares.

Os repasses ocorreram, segundo a denúncia, para que o ex-ministro defendesse os interesses do grupo junto ao governo federal. Cerca de 23 milhões de reais transferidos da JBS para a empresa de Kassab foram identificados em uma relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf. Kassab afirma que os pagamentos foram lícitos e que os serviços prestados, o que os donos da JBS negam.

O juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral do Estado de São Paulo, aceitou a denúncia por entender que os investigadores reuniram nos autos, além da delação premiada de executivos da JBS, uma série de provas que enfatizam a importância de se analisar com mais profundidade o caso.

“Com efeito, da análise dos elementos informativos coligidos durante as investigações, extrai-se um conjunto convergente de indícios suficientemente seguros, idôneos e aptos a indicar, nesta fase processual, a plausibilidade da tese acusatória erigida no sentido de que o acusado Gilberto Kassab teria recebido vantagem indevida em razão da função, de modo continuado, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016, no montante de R$ 16.550.000,00, parte do qual, em tese, por meio de doações eleitorais não contabilizadas durante a campanha de 2014 ao Senado Federal“, anotou o magistrado.