Inquérito da Lava Jato sobre ex-presidente do Corinthians foi parar no limbo
Depoimento de delator da Odebrecht relatando caixa 2 para campanha eleitoral. Planilha da empreiteira vinculando cifras milionárias à Arena Corinthians e ao codinome "Timão". Mensagens de Skype indicando entregas de dinheiro vivo no apartamento de um assessor. Gravação telefônica com doleiro acertando a entrega da "encomenda". Todo esse material está atrelado a um inquérito aberto...
Depoimento de delator da Odebrecht relatando caixa 2 para campanha eleitoral. Planilha da empreiteira vinculando cifras milionárias à Arena Corinthians e ao codinome "Timão". Mensagens de Skype indicando entregas de dinheiro vivo no apartamento de um assessor. Gravação telefônica com doleiro acertando a entrega da "encomenda".
Todo esse material está atrelado a um inquérito aberto em 2016 no Supremo Tribunal Federal para investigar Andrés Sanchez (foto), que deixou recentemente a presidência do Corinthians. Ex-deputado pelo PT, ele foi acusado de receber 3 milhões de reais na eleição de 2014, via caixa 2 da Odebrecht, empreiteira que construiu o estádio corintiano por influência do ex-presidente Lula.
Em 2018, o então ministro Celso de Mello, do STF, enviou a investigação para a Justiça Federal de São Paulo. O caso chegou a avançar na força-tarefa da Lava Jato paulista mas depois caiu no limbo. Investigadores que acompanharam os casos relacionados à delação, inclusive na Justiça Eleitoral, desconhecem o paradeiro da investigação. O próprio advogado do cartola corintiano, João Gomes, diz que o inquérito virou um "esqueleto no armário".
"O Andrés foi ouvido nesse inquérito lá em Brasília, há mais de quatro anos. Depois mandaram o caso para São Paulo e até onde eu sei ele continua na Justiça Federal. Nenhum dinheiro chegou no Andrés a não ser o que ele declarou na campanha. Não tem nenhum elemento material contra ele. Esse inquérito está fadado ao arquivamento", afirmou o advogado.
Documentos obtidos por Crusoé mostram, porém, fortes indícios de que pagamentos relacionados ao codinome "Timão", atribuído a Andrés Sanchez, foram feitos. Na própria planilha da Odebrecht, aparece como intermediário do repasse o nome de André Oliveira, mais conhecido como André Negão, ex-assessor de Andrés e dirigente corintiano.
Nas conversas de Skype trocadas por funcionários da Transnacional, a transportadora de valores usada para executar os pagamentos da Odebrecht, aparece uma entrega de 1 milhão de reais no apartamento de André Negão, na zona leste de São Paulo, com mesmo valor, data e senha usados na planilha do departamento de propinas da empreiteira ao lado do codinome "Timão".
Na data da entrega, uma gravação telefônica feita pela agência de câmbio do doleiro Álvaro José Novis, que coordenava as entregas de dinheiro da Odebrecht, mostra André Negão conversando com um funcionário do doleiro sobre a entrega de uma "encomenda”. André Negão, que chegou a ser detido pela Polícia Federal em 2016, por portar uma arma sem registro durante uma busca e apreensão relacionada à investigação sobre a empreiteira, nunca mais foi importunado, assim como seu ex-chefe.
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Comentários (10)
MARCOS
2021-03-08 11:13:00No Brasil o crime compensa (e muito).
Nelson
2021-03-08 10:20:53Está consumada a proclamação da República Cleptocrática do Brasil pela a Orcrim.
André
2021-03-07 21:24:45O país onde roubar muito é legal. O bandido pode até comprar um juiz, desembargadores ou até um ministro do supremo. Povo de merda. País de merda.
MARCOS
2021-03-07 19:22:31Inquérito aberto no stf? kkkk. Vai prescrever.
Paulo
2021-03-07 19:00:13Mataram a mais limpa operação de combate a corrupção no Brasil. Executivo, legislativo e tribunais superiores, todos jogaram contra, e o povão calado e sendo tosquiado como carneiro que é.
PAULO
2021-03-07 18:11:511.1 - Eu acho que foi um erro, denominar este esquema de corrupção sistematizada e endêmica no Brasil, de MECANISMO. Mecanismo remete a uma máquina não biológica. Acho que é uma criatura, uma espécie de Leviatã. Uma máquina tende a ficar obsoleta com o tempo. Já o Leviatã, se enfraqueceu com a Lava Jato, e se fortaleceu com a eleição do Bolsonaro. Como combater o Leviatã, se agora mais do que nunca, está praticamente tudo contaminado, na política e na justiça?
Palhaço Bozo
2021-03-07 18:01:44A impunidade dos corruptos venceu. Bolsonaro foi ponta de lança da orcrim, escalado a dedo para acabar de vez com a sanha dos órgãos de investigação contra os corruptos da orcrim. Verdadeiro estelionato eleitoral e tapa na cara dos lavajistas.
Dalila
2021-03-07 15:29:15O Brasil está dominado por Corruptos
VERA
2021-03-07 15:20:01Ele tem amigos influentes no poder.
Olívia
2021-03-07 14:40:13Podres poderes - preparando o terreno para o golpe da orcrim- se as altas cortes de justiça servem aos bandidos, o que esperar da justiça eleitoral?