20.09.2024 Assinar

'Impeachment tardio': as diferenças entre os casos de Trump e Andrew Cuomo

A Assembleia do estado de Nova York decidirá nas próximas semanas se iniciará o processo de impeachment do governador Andrew Cuomo (foto). Uma investigação da secretária de Justiça de Nova York o acusou de de ter apalpado, beijado e feito comentários sugestivos para onze mulheres. Cuomo anunciou sua renúncia nesta terça, 10, mas disse que...

Crusoé
4 minutos de leitura 12.08.2021 08:45 comentários 1
Andrew Cuomo governador de Nova York

A Assembleia do estado de Nova York decidirá nas próximas semanas se iniciará o processo de impeachment do governador Andrew Cuomo (foto). Uma investigação da secretária de Justiça de Nova York o acusou de de ter apalpado, beijado e feito comentários sugestivos para onze mulheres.

Cuomo anunciou sua renúncia nesta terça, 10, mas disse que sua decisão só se tornará efetiva após catorze dias. O governador não explicou qual seria o motivo dessa demora. Depois disso, caso um processo de impeachment seja conduzido no Legislativo estadual, esse poderá ser considerado um impeachment tardio, que é quando o processo político acontece depois que o acusado já deixou seu posto (nos Estados Unidos, vale lembrar, dizer que alguém sofreu impeachment significa que foi submetido a um processo, não necessariamente que foi condenado).

O caso do democrata Cuomo então poderia se aproximar do segundo processo de impeachment do ex-presidente republicano Donald Trump. No final de 2020, deputados democratas deflagraram o processo e levantaram uma acusação, ou artigo de impeachment: "incitação à insurreição". Trump foi acusado de promover a invasão do Capitólio, que ocorreu no dia 6 de janeiro. O processo seguiu para o Senado no governo de Joe Biden, quando Trump já não era mais presidente.

Tanto no processo de impeachment federal como no do governo de Nova York é necessário que a câmara baixa, que pode ser a Câmara dos Deputados ou a Assembleia estadual de Nova York, aprove os artigos de impeachment com maioria simples. O Senado — federal ou estadual — deve confirmar a decisão com dois terços dos votos (no Senado estadual, nem todos os seus membros participam da corte de impeachment).

Nos dois casos, o objetivo do impeachment tardio é impedir que os antigos ocupantes de cargos públicos possam se candidatar novamente a qualquer outro posto. Curiosamente, Trump e Cuomo reagiram da mesma forma, dizendo que não fizeram nada de errado e acusando os congressistas de agirem por motivação política.

Mas há muitas diferenças entre os dois casos. Uma delas é que, no caso de Cuomo, a lista de artigos de impeachment pode ser maior. "Há uma série de acusações que podem ser incluídas e nada têm a ver com assédio. Os deputados da Comissão de Justiça investigam o uso de fundos públicos para lançar um livro sobre sua liderança na pandemia, o encerramento de uma investigação sobre corrupção no estado e supostas ordens para não revelar o número real de mortos em lares de idosos durante a pandemia de Covid", diz a professora de direito na Universidade Northeastern Rose Zoltek-Jick, em Boston.

Outro ponto em que os casos divergem é que o Partido Republicano permaneceu leal a Trump. Isso aconteceu nos dois processos a que o ex-presidente foi submetido. No segundo, no final de fevereiro, 57 dos 100 senadores votaram a favor do impeachment, incluindo apenas sete republicanos. Eram necessários 67 votos para a aprovação. O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, apoiou Trump até o fim.

Cuomo, por sua vez, tem recebido duras críticas de diversos democratas. Até o presidente democrata Joe Biden disse que ele deveria renunciar. Dos 150 deputados na Assembleia estadual de Nova York, ao menos 86 apoiariam o início do julgamento. Como os republicanos têm apenas 43 cadeiras na casa, pode-se concluir que muitos democratas estão a favor do processo.

"Cada caso de impeachment deve ser analisado com base em seus próprios méritos", diz Rose Zoltek-Jick. "Mas provavelmente a publicidade gerada pelo impeachment de Trump nos tornou mais atentos para a possibilidade de retirar alguns governantes de seus postos antes do fim do mandato. Pode ser que os impeachments se tornem mais frequentes no futuro."

Edição Semana 333

Mensagens explosivas

Caio Mattos Visualizar

A cadeirada é uma força invencível 

Jerônimo Teixeira Visualizar

O judicialismo como rebaixamento da política 

Leonardo Barreto Visualizar

O flanco aberto entre os democratas

Márcio Coimbra Visualizar

As cadeiras não têm nada de metafísicas

Orlando Tosetto Júnior Visualizar

Mega-Sena, apostas em futebol, café em Nova York... 

Ivan Sant’Anna Visualizar

Mais Lidas

Com inteligência, Israel humilha Irã e Hezbollah

Com inteligência, Israel humilha Irã e Hezbollah

Visualizar notícia
Falta muito pouco para o fim militar do Hamas

Falta muito pouco para o fim militar do Hamas

Visualizar notícia
Queimadas ‘do amor’

Queimadas ‘do amor’

Visualizar notícia
Lula vai testemunhar a destruição da democracia no México

Lula vai testemunhar a destruição da democracia no México

Visualizar notícia
González Urrutia diz que foi coagido a assinar documento

González Urrutia diz que foi coagido a assinar documento

Visualizar notícia
Wasp Network: piloto cubano se aposentou e foi morar nos EUA

Wasp Network: piloto cubano se aposentou e foi morar nos EUA

Visualizar notícia
Irã acusa Israel de “assassinato em massa” por explosão de pagers do aliado Hezbollah

Irã acusa Israel de “assassinato em massa” por explosão de pagers do aliado Hezbollah

Visualizar notícia
EUA investigam transmissão entre humanos de nova cepa da gripe aviária

EUA investigam transmissão entre humanos de nova cepa da gripe aviária

Visualizar notícia
Como o Brasil pode ajudar os seis venezuelanos na embaixada em Caracas

Como o Brasil pode ajudar os seis venezuelanos na embaixada em Caracas

Visualizar notícia
Eleições nos EUA: Kamala lidera, segundo sondagem de instituto brasileiro

Eleições nos EUA: Kamala lidera, segundo sondagem de instituto brasileiro

Visualizar notícia

Tags relacionadas

Andrew Cuomo

assédio sexual

Donald Trump

Estados Unidos

impeachment

Invasão do Capitólio

Joe Biden

Mitch McConnell

Partido Democrata

Partido Republicano

< Notícia Anterior

CPI vai à Justiça para reverter sigilo sobre a compra da Covaxin

12.08.2021 00:00 | 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Rodrigo Maia é o novo vice-líder da oposição a Bolsonaro na Câmara

12.08.2021 00:00 | 4 minutos de leitura

Crusoé

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (1)

Lucia

2021-08-12 14:59:50

Escolher errado não é privilegio de brasileiro. Pelo visto o nível dos políticos anda muito baixo em todo o planeta. Se o impeachment é a única maneira de nos livrarmos de uma má escolha, então que se apele para isso.


Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Chavismo repudia Parlamento Europeu por reconhecer eleição de González

Chavismo repudia Parlamento Europeu por reconhecer eleição de González

Redação Crusoé
19.09.2024 20:43 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Mais da metade dos paulistanos não sabe nº do seu candidato

Mais da metade dos paulistanos não sabe nº do seu candidato

Redação Crusoé
19.09.2024 17:53 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Coreia do Norte lança 160 balões de lixo para a Coreia do Sul

Coreia do Norte lança 160 balões de lixo para a Coreia do Sul

Redação Crusoé
19.09.2024 16:26 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Levantamento Paraná Pesquisas nos EUA mostra Kamala com 49% e Trump com 44%

Levantamento Paraná Pesquisas nos EUA mostra Kamala com 49% e Trump com 44%

Redação Crusoé
19.09.2024 15:49 2 minutos de leitura
Visualizar notícia