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Guedes pediu imunidade diplomática para Weintraub dois meses após viagem de ex-ministro

07.09.20 08:22

Documentos reservados do Ministério da Economia obtidos por Crusoé lançam novas dúvidas sobre as circunstâncias da viagem de Abraham Weintraub (foto) aos Estados Unidos em junho, um dia depois de sua demissão do Ministério da Educação.

No dia 4 de agosto, após a efetivação do ex-ministro como diretor executivo do Banco Mundial, Paulo Guedes pediu ao presidente da instituição, David Malpass, que solicitasse ao secretário de estado americano, Mike Pompeo, privilégios e imunidade diplomática para Weintraub. 

No entanto, conforme noticiou Crusoé, o Itamaraty já havia requerido à Embaixada dos Estados Unidos a emissão de um visto para Abraham Weintraub — dois dias antes do desembarque dele na Flórida –, com base na indicação do ex-ministro para chefiar a cadeira brasileira no Banco Mundial. À época, o visto foi concedido pelos Estados Unidos no passaporte diplomático de Weintraub, que obteve o documento por conta de seu status de ministro. 

A política de vistos do governo dos Estados Unidos estipula que oficiais de governo estrangeiro — como ministros — utilizem visto categoria A, enquanto que funcionários de organismos internacionais devem solicitar visto categoria G. “No caso de diretores executivos junto a instituições internacionais sediadas nos Estados Unidos, por serem considerados representantes residentes de seus respectivos países, aplica-se, adicionalmente ao dito acima, o Artigo V, Seção 15, do Acordo de Sede assinado em 1947 entre as Nações Unidas e o governo norte-americano. Este dispositivo legal define que esses representantes poderão gozar de status diplomático a partir do respectivo pedido de acreditação diplomática”, diz o Ministério da Economia, em nota. 

“Tal como realizado para o diretor executivo anterior e para o diretor executivo do Brasil junto ao Fundo Monetário Internacional, o ministro Paulo Guedes, na condição de governador do Brasil junto ao Banco Mundial, realizou o pedido de credenciamento, seguindo modelo previsto no acordo sede supracitado”, acrescentou o ministério.

O governo brasileiro não esclareceu qual foi o visto concedido inicialmente a Abraham Weintraub. Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que “o tipo de visto concedido para ingresso nos Estados Unidos cabe exclusivamente às autoridades consulares norte-americanas. Não compete ao Itamaraty a decisão sobre a modalidade de visto para ingresso em outros países”, diz o órgão. O Departamento de Estado americano não comenta casos individuais de vistos. 

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