Governo falha na demarcação de terrenos e na cobrança de taxas de ocupação, diz CGU
Um levantamento da Secretaria de Patrimônio da União apontou que 75% dos terrenos de marinha nunca foram delimitados. Pelas estimativas da União, o total de imóveis sem demarcação pode chegar a 1,8 milhão de terrenos. A legislação determina que o governo conclua a o trabalho de definição de limites desses imóveis até 2025. Auditoria realizada...
Um levantamento da Secretaria de Patrimônio da União apontou que 75% dos terrenos de marinha nunca foram delimitados. Pelas estimativas da União, o total de imóveis sem demarcação pode chegar a 1,8 milhão de terrenos. A legislação determina que o governo conclua a o trabalho de definição de limites desses imóveis até 2025. Auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União aponta dificuldades do governo para o cumprimento dessa meta. O trabalho também indica a alta inadimplência entre os ocupantes de terrenos de marinha: em 2018, o governo deixou de arrecadar 524 milhões de reais em taxas.
No levantamento, concluído em janeiro, os auditores apontam a dificuldade para concluir o trabalho de demarcação dos terrenos. “Resta evidente que mantidas as atuais regulamentações e práticas administrativas da Secretaria de Patrimônio da União para a identificação e caracterização desses terrenos, torna-se bastante improvável o cumprimento dessa meta”.
O Brasil tem mais de 7 mil quilômetros de fronteiras marítimas. A legislação define os critérios para que uma área seja caracterizada como de marinha. Entre elas estão áreas no continente, na costa e nas margens de rios e lagoas, “até onde se faça sentir a influência das marés”. Também estão incluídos nessa classificação terrenos formados de forma natural ou artificial, em seguimento a imóveis de marinha. A União já demarcou, ao todo, 9,5 mil quilômetros lineares. Mas a estimativa é de que isso represente apenas 25% do total.
A CGU argumenta que a definição desses terrenos é importante para gerar recursos ao governo. “Em vista da restrição fiscal atual, torna-se imperativo o aumento da eficiência do Estado”, apontam auditores da Controladoria. Mas além das dificuldades técnicas, a demarcação de áreas de marinha envolve ainda riscos a setores econômicos importantes, além de consequências ambientais “que a demarcação, ou a ausência dela, pode provocar”.
Além dos problemas na delimitação dos imóveis, a CGU apontou também falhas no processo de arrecadação das taxas devidas por ocupantes de terrenos de marinha. “As análises realizadas indicam um elevado percentual de inadimplência das receitas patrimoniais e baixa efetividade na recuperação de débitos oriundos de terrenos de marinha”, indicaram os auditores da CGU. Dados pontam uma inadimplência de 66% no pagamento das taxas cobradas dos ocupantes. Em 2018, por exemplo, foram arrecadados 390 milhões de reais. Mas a SPU estima em 524 milhões de reais a inadimplência total no mesmo período.
A Secretaria de Patrimônio da União informou durante o processo que vai propor a revisão da legislação que trata da demarcação de terrenos de marinha. Recentemente, a SPU usou procedimentos como processamento digital de imagens de satélite para demarcar as margens de rios federais em Roraima.
No fim de 2019, a Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados realizou audiência pública (foto) para debater o problema. Moradores de regiões atingidas por processos de demarcação, especialistas e advogados participaram do evento. Eles defenderam o desenvolvimento de novas metodologias para a demarcação dessas áreas.
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Comentários (8)
Hélio
2020-02-03 13:50:29Já passou da hora do Brasil ter um satélite de geoprocessamento para acabar com a festa dos sonegadores de informações e grileiros de plantão...
Lygia
2020-02-03 05:42:50Que reportagem mais confusa!!!! Parece escrita para confundir, não para informar.
Eduardo
2020-02-02 21:30:50É esse tipo de situação que me faz questionar a justiça da reforma previdenciária. O governo não tem dinheiro porque é desidioso e corrupto e não por causa dos aposentados.
Mauro
2020-02-02 16:35:33Mais uma reportagem paga e medíocre.
Clarice
2020-02-02 16:00:36Me sinto lesada por ser cumpridora da lei e pagar todo ano para a Marinha imposto de uso ou foro do meu apartamento à beira mar em Torres, sabendo que mais adiante em Santa Catarina ninguém paga nada ! Em Florianópolis amigos na Praia dos Ingleses não pagam nada ! Aliás estamos muito aquém de qq equidade na cobrança e exigências ao longo da costa! Mesmo assim prefiro pagar e ter uma orla sob controle e com restrições construtivas onde temos sol e salubridade !
Luiz
2020-02-02 15:59:12A origem das terras de marinha remontam à época da Monarquia e se destinavam à arrecadar laudêmio para a Igreja Católica. Hoje deveriam acabar com terras de marinha. Não tem sentido. Pelo montante do débito citado percebe-se que o custo com a estrutura estatal pra manter e colocar tudo em ordem sequer compensa a sua manutenção. Pra que a Marinha manter o status de domínio sobre um rancho de canoa? Quando necessário requisite.
LuisR
2020-02-02 15:27:39Então... tudo depende nesse país do poder aquisitivo. Sou sócio com cinco amigos de um rancho rústico lá no meio do mato, nas margens da represa de uma hidrelétrica do Rio Tietê, ou seja, lago artificial. Uma "coisica" com uns 50 metros de frente pra represa, no entanto fomos notificados pela concessionária AES Tietê SA, a retirar ou legalizar e pagar por uma plataforma de madeira e outra de concreto onde descemos nossos "enormes iates"... de alumínio de 5m, quatro passageiros no máximo..😂😂😂
Miguel
2020-02-02 15:27:17Esqueceu de dizer que a culpa é do Bolsonaro.