Governo decide cumprir decisão internacional por morte de Herzog
O governo brasileiro decidiu que irá cumprir a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que responsabiliza o governo brasileiro pela morte do jornalista Vladimir Herzog (foto), morto em 1975 nos porões do DOI-Codi, um dos principais centros de tortura da ditadura militar. Uma portaria, publicada nesta sexta-feira (29) pelo ministério dos Direitos Humanos...
O governo brasileiro decidiu que irá cumprir a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que responsabiliza o governo brasileiro pela morte do jornalista Vladimir Herzog (foto), morto em 1975 nos porões do DOI-Codi, um dos principais centros de tortura da ditadura militar.
Uma portaria, publicada nesta sexta-feira (29) pelo ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e assinada por Silvio Almeida, contém a íntegra da decisão, tomada em 2018. A partir de agora, portanto, o país reconhece o texto e deve executar suas determinações.
Em 108 páginas, os seis juízes da CIDH são unânimes em reconhecer que o país violou o direito à verdade para que Clarice Herzog, esposa do jornalista, e os filhos do casal Ivo, André e Zora Herzog soubessem o que de fato aconteceu com o pai. Em 1975, os militares acusaram Vlado de ter se enforcado enquanto detido — publicando inclusive uma infame foto onde ele aparecia pendurado por uma corda, em uma altura que não parecia indicar uma morte do tipo. Soube-se que, na verdade, ele morreu estrangulado pela ação dos militares.
A decisão da corte, que atua em Washington, obriga o estado a indenizar os filhos e a esposa (já falecida) em 40 mil dólares cada, sendo que Clarice tem direito a outros 20 mil dólares extras. O Brasil deve ainda pagar cerca de 25 mil dólares extras em custos e gastos do processo.
A família cobrou que o atual governo reconhecesse o papel do Estado na morte — que gerou comoção nacional e produziu um dos primeiros atos de resistência à ditadura militar, à época sob o governo do general Ernesto Geisel.
Desde o início do ano, Ivo — que é um dos fundadores do instituto que leva o nome de seu pai e faz uma defesa dos direitos humanos — cobrava que o governo reconhecesse a decisão da CIDH. Ao menos um (Paulo Pimenta, da Secom) declarou publicamente seu apoio.
Leia na CRUSOÉ: Silvio Almeida e os "direitos humanos para humanos amigos"
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Comentários (2)
ANDRÉ MIGUEL FEGYVERES
2023-10-01 15:11:57Justiça tardia não é Justiça! Mais motivos para repudiarmos ditaduras e autocracias: Mentiras, torturas, mortes protagonizadas por pessoas imorais, más, corruptas, ignorantes, incapazes. Não queremos ditaduras e nem autocracias. Precisamos restaurar a Democracia Liberal no Brasil. Enquadrar o STF na Constituição de 1988 nas escolhas dos juízes. Juízes nomeados pelos presidentes da vez sentem-se obrigados a retribuir favores aos presidentes d plantão então, não é um bom critério. Viva a LavaJato!
Odete6
2023-10-01 13:29:36Esse é um dos horrores inesquecíveis das mais abjetas páginas da nossa HISTÓRIA, atestado de suprema covardia dos que deveriam ser exemplos de coragem, decência e honradez na proteção dos cidadãos decentes.. É uma dívida impagável dos malditos obscuros anos da ditadura militar.