Alan Santos/PR

Após Pazuello ganhar cargo no Planalto, generais pressionam por punição

02.06.21 14:34

Predomina entre generais de quatro estrelas a avaliação de que a indicação de Eduardo Pazuello (foto) para ocupar a Secretaria de Estudos Estratégicos do Planalto foi uma “pisada na bola” de Jair Bolsonaro, em “afronta” ao Exército.

O comandante da força, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ligado à ala de generais sobre a qual Eduardo Villas Bôas tem ascendência, também não gostou. Agora, ele é pressionado pelo generalato a punir Eduardo Pazuello de alguma forma pela sua participação em uma manifestação política ao lado de Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no final do mês passado.

É geral entre os fardados a percepção de que alguma admoestação precisa ocorrer obrigatoriamente, sob risco de que as tropas se sintam à vontade para se manifestarem politicamente sem qualquer consequência. Para o comandante Oliveira, a situação é delicada, uma vez que Bolsonaro pode revogar uma eventual punição, que deve ser decidida até a próxima segunda-feira.

Pazuello poderá sofrer advertência, repreensão, detenção ou prisão disciplinar. Para não esticar a corda com o Planalto, militares admitem que o ex-ministro da Saúde deve sofrer uma sanção mais leve – caso da advertência –, mas que mesmo assim a punição deverá constar em seu registro disciplinar como uma anotação desabonadora. De forma complementar, oficiais insistem para que o general peça sua transferência para a reserva, uma vez que voltou a ocupar cargo político no Executivo.

Para além disso, ficou totalmente fora de cogitação perante o generalato o sonho do ex-ministro de ser promovido a general de quatro estrelas, o que, consideram militares, é a grande punição que sofrerá. Atualmente, Pazuello já está no topo de sua carreira como general de intendência, segundo um decreto de 2001 que regula a promoção dos militares. Para ganhar mais uma estrela, o general precisaria que Bolsonaro alterasse o decreto e, mesmo assim, ainda deveria passar pelo crivo do Alto Comando do Exército. “Não será promovido”, assegura uma fonte militar, ouvida sob reserva.

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