Amazonas pediu apoio ao governo para implantar 'TrateCov' durante colapso
Em meio ao colapso do sistema de saúde pública ocorrido em janeiro em razão da Covid-19, o governo do Amazonas procurou o Ministério da Saúde para colocar em funcionamento o aplicativo "TrateCov", desenvolvido pela pasta com o objetivo de diagnosticar pacientes com a doença e prescrever o chamado "tratamento precoce". Em ofício enviado ao secretário de...
Em meio ao colapso do sistema de saúde pública ocorrido em janeiro em razão da Covid-19, o governo do Amazonas procurou o Ministério da Saúde para colocar em funcionamento o aplicativo "TrateCov", desenvolvido pela pasta com o objetivo de diagnosticar pacientes com a doença e prescrever o chamado "tratamento precoce".
Em ofício enviado ao secretário de Atenção Especializada em Saúde, Luiz Otávio Franco Duarte, no dia 13 de janeiro, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, pediu recursos humanos para dar continuidade ao projeto "TrateCov Brasil". Cinco dias antes, o governo estadual já havia informado o governo federal sobre a iminente falta de oxigênio no estado. Os documentos foram entregues à CPI da Covid no Senado.
No ofício, Campêlo menciona uma apresentação do aplicativo feita por Vinicius Nunes Azevedo, diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde, e solicita a "disponibilização de 16 farmacêuticos" para os serviços de Pronto Atendimento da rede estadual. Azevedo é subordinado à secretária Mayra Pinheiro (foto), a "capitã cloroquina", apontada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello como a responsável pelo desenvolvimento do aplicativo.
O documento encaminhado à CPI é mais um que desmente a versão do general sobre o aplicativo. Em depoimento à comissão de inquérito, Pazuello relatou que "o TrateCov, no final das contas, não foi utilizado, ele nunca foi utilizado por médico algum". O general chegou a dizer que o aplicativo foi apresentado em Manaus somente como um "protótipo" ainda "em desenvolvimento". No entanto, uma reportagem da TV Brasil, emissora oficial do governo, já mostrava à época que médicos estavam usando a plataforma.
Pazuello alega que o aplicativo foi "hackeado". Reportagens feitas com base nos cálculos do TrateCov mostraram que o aplicativo recomendava a prescrição de cloroquina para quaisquer pacientes, incluindo grávidas e bebês. O medicamento, além de ser ineficaz para tratar Covid, pode provocar efeitos adversos nos pacientes.
Em 5 de janeiro, dias antes do colapso no abastecimento de oxigênio em Manaus, Marcellus Campêlo enviou ofício a Pazuello solicitando 60 mil comprimidos mensais de hidroxicloroquina para tratamento de pacientes com Covid-19. No documento, obtido por Crusoé, o secretário pede "urgência" para o fornecimento. Após a solicitação, o ministério entregou 120 mil cápsulas do medicamento ao Amazonas no dia 15 de janeiro.
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Comentários (7)
Vera
2021-06-13 22:18:15Vocês da Crusoé deveriam ter mais respeito pela Dra Mayra e pararem de chamá-la pelo apelido pejorativo. Ela é uma pediatra competente e comprometida com o trabalho na saúde pública
Afranio
2021-06-13 11:26:101.324.223 motociclistas seguidores de Bolsonaro, em uma passeata em São Paulo. Não vi nada sobre esse assunto. Os jornalistas da Crusoe moram no Brasil 🇧🇷 é ?
Astor
2021-06-13 09:44:46Um bom estádio,por lá existe. Ah! uma casa de vinho especializada na comercialização de respiradores TAMBÉM
Vladimir
2021-06-13 07:15:35Fico imaginando como seria na idade média uma pena para isso: decapitação ou forca?
PAULO
2021-06-12 17:06:301- Então cloroquina não faltou em Manaus, faltou oxigênio e leitos para os doentes. Já sabíamos que o TrateCov não tinha sido hackeado, como mentiu o general Pazuello. Agora será inaceitável ouvir os senadores bolsonaristas defenderem esses medicamentos. O Experimento de Manaus é cabal. Esse experimento foi macabro, foi desumano. Assistir ao Heinze recorrer ao Leito de Procusto quanto a dose, para embasar a sua narrativa cretina, será concordar com o Experimento de Manaus.
Miriam
2021-06-12 15:37:29Essas pessoas precisam ser responsabilizadas por colocar a saúde da população em risco.
KEDMA
2021-06-12 12:59:47Vamos esperar que a CPI da COVID desvende esse “mistério”.