Foto: Liliam Chagas / MRE

Em Kiev, Celso Amorim repete os erros de Lula

10.05.23 19:00

O assessor especial da Presidência, Celso Amorim (foto), visitou Kiev nesta quarta, 10, e reuniu-se com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Em poucas palavras para o jornal O Globo, Amorim deixou claro que o Brasil não está apto a ser um mediador no conflito: “Será necessário que os dois lados cheguem à conclusão de que o custo da guerra é maior do que o custo de certas concessões“.

A fala de Amorim apresenta dois erros, os quais Lula também já tinha cometido.

O primeiro é insinuar que a Ucrânia, de alguma maneira, arca com os custos da guerra por vontade própria. Engano. A Ucrânia não quer a guerra e faria todo o possível para não ter de passar por isso. Os ucranianos só insistem em lutar porque não reagir significaria a destruição do país, ou sua transformação em uma colônia de Vladimir Putin. Da mesma forma, em diversas de suas falas, Lula já disse que Zelensky quis a guerra e que o conflito segue porque os ucranianos não querem acabar com ela.

O segundo erro de Amorim é afirmar que os ucranianos talvez tenham de fazer concessões. Ora, para os ucranianos e seus apoiadores, agora é uma questão de honra reconquistar todo o território, até mesmo a última praia da península da Crimeia. Com Lula não foi diferente. Ao responder a uma pergunta de jornalista, o presidente brasileiro disse que não sabia com quem ficaria a Crimeia, que é um território ucraniano.

Com essa simples frase desastrosa, Amorim acabou com a expectativa de que ele, estando próximo do teatro da guerra, teria uma visão mais serena do conflito. Não há por que acreditar que Amorim teria uma concepção diferente da de Lula, até porque o presidente forma sua visão de política externa a partir dos conselhos de seu assessor especial. Essa foi uma viagem perdida.

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