Adriano Machado/CrusoéFrancisco Maximiano na CPI: investigações estão avançando

E-mails apreendidos devem revelar tentáculos da Precisa em vários governos

04.10.21 07:02

A operação de busca e apreensão na sede da Precisa Medicamentos animou os investigadores que apuram um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro praticado em governos anteriores pelo mesmo grupo empresarial investigado no escândalo das vacinas da gestão Bolsonaro.

Agentes da Polícia Federal passaram mais de seis horas no local e coletaram nos computadores da empresa milhares de e-mails que devem demonstrar a extensão da atuação do grupo controlado por Francisco Maximiano (foto) junto a órgãos do governo, estatais e operadores ligados a políticos.

Além da atuação como intermediária na compra da vacina indiana Covaxin, investigada pela CPI da Covid no Senado e suspensa pelo Ministério da Saúde após indícios de corrupção, a Precisa e outras empresas do grupo também são investigadas por supostos desvios em outro contrato com a pasta no governo de Michel Temer e em negócios com a Petrobras e o Postalis, fundo de pensão dos Correios, no governo Dilma Rousseff.

As suspeitas envolvendo os negócios de Maximiano colocam sob a mira dos investigadores atores que hoje estão em lados opostos na política, como o deputado Ricardo Barros, do Progressistas, líder do governo Bolsonaro na Câmara, e o senador Renan Calheiros, do MDB. Relator da CPI, Renan viu um aliado, o operador Milton Lyra, ser alvo da última operação relacionada à Precisa por suspeita de lavagem de dinheiro.

Há indícios de que ao menos nos casos envolvendo a Petrobras e o Postalis, Lyra tenha operado para gerar recursos ilícitos a outros dois políticos do MDB: o ex-senador Romero Jucá, e o ex-deputado Eduardo Cunha. Há também uma outra frente de investigação relacionada ao mesmo grupo das vacinas que chegou a um político do PT.

A PF suspeita que a Precisa tenha lavado dinheiro por meio do escritório de advocacia comandado por Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF, e pelo ex-deputado petista Vicente Cândido. Uma auditoria da Receita Federal encontrou contratos suspeitos da empresa com a banca no valor total de 7,2 milhões de reais, entre 2014 e 2015.

“Não bastasse, a informação fiscal desvelou novos fatos, similares aos investigados, que revelam que o esquema de lavagem de dinheiro também englobou a empresa BSF Gestão em Saúde – integrante das empresas do grupo Global/Precisa — e que existem também contratos simulados com o escritório de
advocacia Marco Polo Del Nero & Vicente Cândido Advogados Associados”, afirma o Ministério Público Federal.

Em nota, os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, que defendem Max e a Global, criticaram a terceira operação em 13 dias na sede da empresa baseada em depoimentos de delatores sobre fatos que teriam ocorrido há sete anos. “Não há qualquer contemporaneidade ou qualquer elemento mínimo para justificar essa operação”, dizem os defensores.

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