Foto: Adam Schultz/White House via Flickr

Em ano eleitoral, Biden entra em conflito até com o Japão

16.03.24 07:15

Joe Biden passou a mostrar que irá interferir e militar contra a venda de uma siderúrgica americana a um conglomerado japonês. Apesar de o Japão ser um dos parceiros estratégicos dos Estados Unidos, o presidente deve resistir a autorizar o negócio não apenas por questões econômicas, mas também eleitorais.

Em dezembro, se tornou pública a oferta de 14 bilhões de dólares (69,9 bilhões de reais) da Nippon Steel, principal siderúrgica japonesa, pela US Steel, a segunda maior empresa do ramo nos Estados Unidos. O acordo de venda passa por uma espécie de comitê de financiamentos externos do governo, o CFIUS — o que não deveria assustar nenhuma das partes, já que reservas quanto a aquisições do tipo ocorrem em casos envolvendo adversários do país, como a China.

No entanto, Biden deixou claro que não deve deixar a venda acontecer tão cedo. “É importante que mantenhamos as siderúrgicas de aço americana sustentadas por trabalhadores do aço americanos”, disse o presidente em um pronunciamento publicado pela Casa Branca nesta quinta-feira. “Já disse aos nossos siderúrgicos que eu os apoiarei — e eu falo sério.”

Nesta sexta-feira, após ver as ações da US Steel caírem 6% após a fala de Biden, a Nippon Steel precisou sair em defesa da operação.

Ela tentou usar todas as palavras-chave possíveis: “Através de cada vez mais investimento financeiros e a contribuição de nossas avançadas tecnologias para a US Steel, a Nippon Steel vai avançar em prioridades dos EUA para levar maior qualidade e competitividade para clientes em indústrias sensíveis que dependem do aço americano, enquanto fortalece a cadeia de matéria-prima americana e suas defesas econômicas contra a China”, disse a empresa.

Mas Biden não deve mudar de ideia porque estamos em 2024, e as eleições estão a menos de oito meses. Atrás de Donald Trump nas pesquisas gerais, o democrata sabe que os principais estados a decidir as eleições — Michigan, Ohio, Wisconsin — estão dentro da área de atuação das empresas deste setor.

No que talvez será novamente o estado mais sensível da eleição, a Pensilvânia é justamente onde está a sede da US Steel. Lá, Biden venceu em 2020 com menos de 100 mil votos de vantagem.

Biden conta com o apoio do setor, altamente sindicalizado, para manter seu apoio na região. “Permitir que uma das maiores siderúrgicas de nosso país seja comprada por uma corporação estrangeira nos deixa vulnerável quando se trata de alcançar tanto nossas necessidades críticas de defesa e infraestrutura”, disse David McCall, o presidente do Sindicato de Metalúrgicos do país.

Leia mais na Crusoé: Os sinais que Biden recebeu de Michigan

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