Dodge defende fim do inquérito de Toffoli e chama investigação de 'inquisitorial'
A Procuradora-geral da República Raquel Dodge enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que se posiciona a favor de um pedido da Rede para que a corte anule o inquérito instaurado pelo ministro Dias Toffoli para investigar supostas fake news e ataques a ministros. Foi nesse mesmo inquérito, sem que houvesse pedido do Ministério Público,...
A Procuradora-geral da República Raquel Dodge enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que se posiciona a favor de um pedido da Rede para que a corte anule o inquérito instaurado pelo ministro Dias Toffoli para investigar supostas fake news e ataques a ministros.
Foi nesse mesmo inquérito, sem que houvesse pedido do Ministério Público, que o ministro Alexandre de Moraes impôs a censura a Crusoé. A decisão de Moraes foi revogada depois de críticas de parlamentares, entidades da sociedade civil e de ministros do próprio STF.
Sob o argumento de que a investigação é inconstitucional, a PGR chegou a anunciar o arquivamento do inquérito, mas Moraes manteve o procedimento em curso.
Em parecer enviado nesta sexta-feira, 3, ao ministro Edson Fachin, relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) proposta pela Rede, Dodge, mais uma vez, teceu duras críticas à forma como Dias Toffoli ordenou a abertura do inquérito e também ao modo como a investigação vem sendo conduzida por Alexandre de Moraes.
Segundo a procuradora, o inquérito aberto de ofício e com a escolha do relator pelo próprio Toffoli "é prática compatível com o sistema inquisitorial".
Dodge também aborda em seu parecer a censura imposta a Crusoé pelo ministro Alexandre de Moraes, que ordenou a retirada do ar de uma reportagem com menção a Dias Toffoli. No entendimento da PGR, a decisão de Moraes é uma "típica situação de censura prévia", o que não é autorizado pela Constituição e pelo regime democrático.
Outro tema citado por Dodge no parecer é o fato do ministro Alexandre de Moraes, sem qualquer participação do Ministério Público, avaliar a pertinência de medidas cautelares - como buscas e apreensões -, ordenar a realização e, posteriormente, julgar o resultado da investigação. Para a chefe do MPF, não há como “imaginar situação mais comprometedora da imparcialidade e neutralidade dos julgadores” . “O que ocorre com o Inquérito nº 4781, portanto, é inédito”, classifica Dodge.
Toffoli anunciou a abertura do inquérito e a escolha de Moraes como relator na sessão do dia 13 de março. Os alvos da investigação seriam pessoas que veiculam "notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas e ameaças" que atingem a "honorabilidade do STF, de seus membros e familiares". Até o momento, Moraes já autorizou por duas vezes que um delegado da Polícia Federal e outro da Polícia Civil, escolhidos pessoalmente por ele, cumprissem buscas e apreensões contra pessoas investigadas. Nenhum dos alvos teve acesso às informações utilizadas para embasar as buscas.
"O mais importante é que tal investigação, instaurada de ofício por magistrado, ofende o sistema acusatório previsto na Constituição, o qual exige que magistrados mantenham-se distantes da fase pré-processual de colheita de provas, como forma de garantir a sua imparcialidade e neutralidade, estas também garantias individuais constitucionalmente asseguradas", diz Dodge.
A PGR também lembra que o inquérito não possuiu um fato específico como objeto de apuração e, portanto, confere ao STF "o poder de investigar toda e qualquer pessoa". Para Dodge, essa situação coloca um número indeterminado de pessoas na condição de permanente alvo potencial. "A situação de insegurança social que daí decorre é patente", conclui.
"O dever, atribuído ao Poder Judiciário, de proteger as liberdades e garantias fundamentais em face do Poder Estatal é absolutamente incompatível com a ideia de que esse mesmo Poder infrinja tais liberdades e garantias, o que ocorre quando, em quebra ao sistema penal acusatório, magistrados atuam como investigadores e julgadores", diz a procuradora-geral.
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Comentários (10)
Katia
2019-05-05 12:03:26Mas quem pode parar estes lunaticos???
TIAGO
2019-05-05 11:42:47Parabéns Raquel Dodge
Gabriela
2019-05-04 22:02:49Isso aí ...Dodge...mostra p estes ministros que eles não estão acima da lei
Alberto
2019-05-04 20:23:48Para as autoridades, quem de direito: O que estão esperando para destituir em esses "ministros" do supremo, acionarem uma ou mais causas contra eles na justiça e, definitivamente, afastá-los do convívio social? Para nós, o povo: o que esperamos para protestamos em frente aos quartéis e nas ruas em gigantesca massa de cidadãos de bem exigindo tais coisas supracitadas? Infelizmente, esses comentários não ultrapassam as muralhas da Crusoé, pois tais indignações deveriam chegar a todos!!!!
Arão
2019-05-04 20:19:51Dias Tóffoli e Alexandre de Moraes mancharam para sempre suas biografias. Perceberão que suas atuais atitudes lhes cobrarão um alto preço. Terá sido tarde, pois, estarão enxovalhados em sua moral e ambos não subsistirão aos olhares dos filhos e familiares. Que pena, senhores, não ficarem do lado do novo Brasil nascente!
Rogério
2019-05-04 20:05:26Toffoli e Moraes conseguiram deixar as suas passagens no STF para a história. Seriam os nossos Jim Carrey e Jeff Daniels? E o nosso Sancho Pança do Senado, o All deslumbre, continuará nesse papel?
Maria fumaca
2019-05-04 16:17:02Estou começando a cuspir fumaça ,esse Alexandre deMorais, não tem nenhuma.
Joseph Pulitzer
2019-05-04 10:36:01Trata-se de ato de alta traição. Ou fazer o contrário da função pública é digno?
Luís
2019-05-04 09:12:03Muito bem, mas a crusoe só está olhando o próprio umbigo, e os outro que igualmente foram atingidos vocês não vão comentar e acompanhar? Quem mais e por quais situações foram igualmente atingidos pela dupla criminosa do $tf ?
Brasil Melhor
2019-05-04 07:10:16Nas democracias, a liberdade de expressão é um bem inegociável. Mas só nas democracias.