Dinamarca busca apoio da UE e da Otan para proteger a Groenlândia de Trump
"A Dinamarca é um país pequeno, mas possui alianças robustas", declarou a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, ao anunciar sua agenda
A determinação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em suas ameaças internacionais ficou evidenciada após o confronto com a Colômbia, após o qual o governo de Gustavo Petro cedeu à pressão americana para aceitar cidadãos deportados, evitando assim a imposição de tarifas que poderiam alcançar 25% sobre produtos colombianos.
Enquanto isso, na Europa, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, iniciou uma viagem por capitais europeias nesta terça-feira, 28 de janeiro, uma ação que parece ser uma estratégia preventiva diante da crescente ambição de Trump em adquirir a Groenlândia, território sob domínio dinamarquês.
Apesar da abordagem moderada adotada pela União Europeia (UE) em relação à nova administração na Casa Branca, autoridades em Bruxelas afirmam estar alinhadas com Copenhague em qualquer decisão que tome frente a Washington.
As diretrizes estão sendo estabelecidas pela Dinamarca, conforme destacam fontes de alto escalão da UE, e as ações estão se intensificando.
A visita relâmpago de Frederiksen começou em Berlim e Paris, e culminará em Bruxelas com uma reunião reservada com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
“Alianças robustas”
"A Dinamarca é um país pequeno, mas possui alianças robustas", declarou Frederiksen ao anunciar sua agenda. "Fazemos parte de uma comunidade europeia forte e unida, capaz de enfrentar os desafios que nos são impostos", acrescentou, embora não tenha mencionado diretamente as intenções de Trump relacionadas à Groenlândia.
A preocupação do governo dinamarquês ficou clara após o anúncio do ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, sobre um investimento significativo de quase 2 bilhões de euros para reforçar a presença militar dinamarquesa no Ártico.
O governo dinamarquês planeja aprovar um segundo pacote ainda este ano com o intuito de aprimorar a vigilância e garantir a soberania do país na área, conforme informações do Ministério da Defesa dinamarquês.
Berlim-Paris
No primeiro ponto de sua jornada em Berlim, Frederiksen foi recebida pelo chanceler alemão Olaf Scholz.
Embora não tenha abordado diretamente as ameaças dos EUA à Dinamarca, Scholz defendeu a "inviolabilidade" das fronteiras como um princípio essencial do direito internacional. "As fronteiras não podem ser alteradas à força", ressaltou ele.
Antes de seu encontro com o presidente francês Emmanuel Macron em Paris, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, comentou à rádio Sud Radio que "as fronteiras da UE não são negociáveis" e que se a Dinamarca solicitar apoio europeu, "a França estará presente".
Noruega, Suécia e Finlândia
A visita desta terça-feira, 28, não foi a única ação da Dinamarca para demonstrar apoio europeu diante das pressões americanas.
No último domingo, Frederiksen compartilhou nas redes sociais uma foto de um jantar em sua casa com líderes da Noruega, Suécia e Finlândia:
"Os países nórdicos sempre estivemos unidos. Com essa nova realidade mais imprevisível que enfrentamos, boas alianças se tornaram ainda mais essenciais", escreveu ela.
Trump e a Groenlândia
Desde sua posse em 20 de janeiro passado, Trump reafirmou seu interesse em adquirir a Groenlândia — algo já cogitado durante seu primeiro mandato — mas agora com um tom mais agressivo.
O presidente americano chegou a insinuar a possibilidade de usar força militar ou sanções econômicas para garantir o controle sobre a ilha estratégica para os EUA.
Pouco antes da posse presidencial de Trump, houve uma conversa telefônica tensa entre ele e Frederiksen; segundo relatos do Financial Times, ela reiterou que Groenlândia "não está à venda", mas Trump continuou insistindo no interesse pela ilha.
No último fim de semana, no entanto, Marco Rubio — novo secretário de Estado americano — teve uma conversa com seu homólogo dinamarquês Lars Lokke Rasmussen em um tom muito mais amigável.
O chefe da diplomacia dos EUA reafirmou a robustez das relações entre os dois países e discutiu a importância de aprofundar a cooperação bilateral em segurança e defesa e outras questões econômicas e comerciais.
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