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De militares a empresários bolsonaristas: quem apoia Renato Feder para o MEC

22.06.20 16:02

Cotado para assumir o Ministério da Educação, o secretário da pasta no Paraná, Renato Feder, tem conversado com o presidente Jair Bolsonaro desde a última quarta-feira, 17, antes mesmo da oficialização da saída de Abraham Weintraub do governo. Na sexta-feira, o presidente ligou para o governador Ratinho Júnior, com quem mantém bom relacionamento. “Posso desfalcar o Paraná?”, perguntou, fazendo menção a Feder. Com as bençãos de Ratinho, Bolsonaro ligou para o secretário de Educação paranaense no sábado, 20, e marcou um encontro presencial. Um almoço entre os dois está previsto para esta terça-feira, 23, no Planalto.

Formado em administração pública e com mestrado em economia pela Universidade de São Paulo, Renato Feder foi empresário e professor de matemática até 2019, quando assumiu a Secretaria de Educação do governo de Ratinho Júnior, do PSD. Na política, ele conquistou uma base de apoio bem heterogênea, que vai de militares a empresários bolsonaristas, passando por lideranças do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal. No Congresso, um dos grandes entusiastas da nomeação de Feder é o senador paranaense Oriovisto Guimaraes, do Podemos, empresário do grupo de educação Positivo.

Renato Feder é muito próximo do secretário de Planejamento do Paraná, Valdemar Bernardo Jorge, que é presidente estadual do Republicanos. Os dois costumam correr juntos, o que estreitou a amizade e as relações políticas. Outro padrinho de Feder é o empresário Meyer Nigri, da Tecnisa, muito próximo do presidente da República. Foi ele que apresentou Feder a um grupo de empresários bolsonaristas, hoje entusiastas da escolha do secretário paranaense para o Ministério da Educação.

O crescimento rápido do projeto das escolas cívico-militares no Paraná é o cartão de visita do ex-empresário junto ao Palácio do Planalto. O estado já implantou 200 unidades do modelo, que prevê parceria entre a Polícia Militar e educadores. A proposta é uma das bases do projeto de Bolsonaro para a educação. Por outro lado, Renato Feder não é afeito a radicalismos, nem faz defesas públicas de projetos como o Escola sem Partido, queridinho dos bolsonaristas da ala ideológica.

Outro ponto negativo com relação ao nome do administrador de empresas é seu passado de apoio ao governador de São Paulo, João Doria, arquirrival de Bolsonaro. Em 2016, na corrida pela prefeitura, Feder doou 120 mil reais à campanha do tucano, informação divulgada pelo jornal O Globo e confirmada por Crusoé. Foi o quarto maior doador entre pessoas físicas. Nas eleições para o governo, em 2018, Renato Feder não fez novas doações a Doria.

Na conversa com Jair Bolsonaro, Renato Feder deve apresentar planos de implantar uma educação mais inovadora, focada no combate à evasão escolar. No Paraná, ele desenvolveu um aplicativo para conectar pais e escolas, que tem sido elogiado. Além da comunicação família-escola, a iniciativa permite a divulgação de boletins e informações dos alunos. A solução tecnológica também será apresentada no almoço com Bolsonaro amanhã.

Pessoas próximas a Feder contam que o secretário de Educação do Paraná tem comportamento oposto ao de Weintraub. Diplomático e boa praça, ele ouve muito e não é de briga. Essa característica agrada à ala militar do governo, cansada de polêmicas e do noticiário negativo. Mas Feder é exigente: cobra prazos, datas para execução de projetos e não abre mão de resultados, segundo aliados. A adoção ampla do ensino à distância durante a epidemia, entretanto, tem gerado embates no estado, sobretudo com pais e professores. Sindicatos e docentes questionam a adoção da prática, já que muitos alunos não têm acesso ao material necessário.

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