De drones à censura e à crise com Mourão, o café com Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 25, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, que seu filho Carlos Bolsonaro continuará a gerir suas redes sociais, apesar da crise dos últimos dias causada por ataques ao vice-presidente Hamilton Mourão. Perguntado se são justas as críticas feitas pelo vereador o vice-presidente, que estava...
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 25, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, que seu filho Carlos Bolsonaro continuará a gerir suas redes sociais, apesar da crise dos últimos dias causada por ataques ao vice-presidente Hamilton Mourão.
Perguntado se são justas as críticas feitas pelo vereador o vice-presidente, que estava sentado ao seu lado, Bolsonaro respondeu: "Algumas são justas, outras nem tanto". Sobre o filho, o presidente disse ainda que tem tentado fazer o que pode para apaziguar a relação. "O navio dele (Carlos) está indo para um bom caminho", declarou.
No café, o presidente também criticou a ordem de censura a Crusoé determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro disse ser defensor da liberdade de expressão e de imprensa e afirmou que a decisão do ministro acabou dando mais visibilidade à reportagem publicada pela revista. "Deu mais publicidade ao fato ainda", disse.
A reportagem revelou um documento em que o empreiteiro Marcelo Odebrecht diz tratar-se de Dias Toffoli, atual presidente do STF, um personagem mencionado em mensagem interna da companhia como "o amigo do amigo de meu pai".
Bolsonaro afirmou que ele próprio costuma ser alvo de reportagem de Crusoé. Ele chegou a brincar dizendo que costuma tomar tiros de calibre ".50" da revista, mas, mesmo assim, defende o direito de jornalistas de órgãos de imprensa de fazerem seu trabalho.
Crusoé participou do café da manhã, para o qual também foram convidados jornalistas de outros 14 veículos de comunicação.
A seguir, alguns dos principais tópicos da conversa:
Segurança pública
Bolsonaro prometeu enviar em breve ao Congresso Nacional dois projetos complementares ao pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro. Segundo o presidente, as propostas devem incluir autorização para que as forças oficiais utilizem drones no combate ao crime organizado. "São medidas para o agente de segurança poder trabalhar", afirmou. Bolsonaro observou que, desde que assumiu o governo, os índices de homicídio no Brasil têm caído. Ele afirmou que, se os números tivessem aumentado, era seria apontado como o culpado pelo crescimento da violência.
Reforma da Previdência
Sobre a reforma da Previdência, o presidente rechaçou que o governo tenha cedido ao aceitar a exclusão de quatro pontos da proposta ainda na fase de admissibilidade na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. "Não se trata de ceder. A reforma está no parlamento", declarou. Referindo-se à economia a ser feita pelo governo com a reforma, Bolsonaro afirmou que o ministro Paulo Guedes, a quem se referiu como "rainha do tabuleiro de xadrez", aceita até o limite de 800 bilhões de reais, menor do que o valor de 1,1 trilhão de reais previsto inicialmente.
Empregos
Indagado sobre os números de desemprego no país, Bolsonaro afirmou que o governo tem tentado adotar medidas para facilitar a abertura de novos postos de trabalho. "O governo não cria emprego, quando cria, é cargo em comissão ou concurso. Nós temos é que facilitar a vida do empreendedor", declarou. O presidente disse haver problemas na qualidade da mão de obra. "Tem jornalista com português pior do que o meu. E olha que o cara tem que ser muito ruim para ter o português pior do que o meu", brincou.
Velha política
Bolsonaro também comentou declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em entrevista ontem à GloboNews. O deputado afirmou que não sabe o que é nova ou velha política, mas, sim, o que é certo ou errado. "Não vou falar em nova ou velha política. É política apenas", respondeu o presidente da República, em uma clara inflexão em relação ao seu discurso de campanha.
Demissão de ministros
Bolsonaro foi indagado se pensou em demitir o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O presidente não negou peremptoriamente, mas elogiou o chanceler. "O chanceler está perfeitamente afinado comigo", disse. Sobre outros ministros, ele afirmou que ninguém no governo, além do vice-presidente, é indemissível. "O único insubstituível aqui é o Mourão. Não está no meu radar substituir ninguém, a não ser que algo grave aconteça." Perguntado sobre o que falta para demitir o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, investigado por comandar suposto esquema de candidaturas laranjas na última eleição, Bolsonaro respondeu: "Falta o relatório da PF ser robusto".
Facada
Bolsonaro disse esperar que a investigação conduzida pela Polícia Federal sobre o atentado a faca que sofreu durante a campanha esclareça as motivações do crime. "Espero que chegue a uma conclusão", disse, referindo-se ao inquérito, que deverá ser prorrogado por mais 90 dias. Sobre Adélio Bispo, o autor da facada, o presidente afirmou: "ele não é maluco, não." Bolsonaro disse que o inquérito sobre o atentado que sofreu está "muito mais fácil que o da Marielle", referindo-se à investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco.
Nova York
No café da manhã, Bolsonaro também comentou sobre a decisão do Museu de História Natural de Nova York de não sediar uma cerimônia em sua homenagem. Ele atribuiu a negativa, bem como as declarações do prefeito da cidade, o democrata Bill de Blasio, a uma estratégia política de adversário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "(O prefeito) É opositor do Trump e está tentando se cacifar para disputar as prévias", disse.
Multa
Bolsonaro admitiu que cometeu uma infração de trânsito ao pilotar uma motocicleta no Guarujá, litoral de São Paulo, onde passou o feriado da Páscoa. O presidente disse já estar esperando a chegada da multa. Sobre o tema, ele afirmou também que deve assinar, nos próximos dias, mudanças no Código Brasileiro de Trânsito. Entre as alterações, a validade da carteira de habilitação passará a ser de 10 anos.
O café da manhã com Bolsonaro durou pouco mais de uma hora. Participaram da conversa os seguintes jornalistas: Andreza Matais (Estadão); Cláudia Safatle (Valor Econômico), Rodrigo Rangel (Crusoé), André Lahóz (Exame); Daniela Pinheiro (Época); André Petry (Veja); Carlos Marques (IstoÉ); Felipe Moura Brasil (Jovem Pan); Sheila Magalhães (Rádio Band News); Ricardo Gandour (Rádio CBN); Franz Vacek (RedeTV!); Eric Klein (RedeTV!); Ailton Nasser (Record News); Marcelo D'Angelo (Band News); João Borges (GloboNews); Leandro Cipoloni (CNN).
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Comentários (10)
Fátima
2019-04-26 10:24:05O nosso presidente falou pouco e o que devia. O resto é resto.
ELZA
2019-04-25 21:06:07Esse café da manhã está semelhante à Santa Ceia sacra, no qual se destacam : Jesus sentado ao lado do companheiro, Judas Iscariotes. Jesus, está difícil de se encontrar. Judas, encontramos facilmente.
TANIA
2019-04-25 16:57:46Carlos tem razão? Vai ter ainda uma tarefa árdua e a mídia quer isso, muita notícia. O vice deve ser um anjo da guarda um amigo e um conselheiro e estar alinhado mesmo com opiniões divergentes JUNTOS. Se o vice é da esquerda, tudo bem! desde que trabalhe como PARCEIRO. Votamos no JB ele é o numero1 e o vice só conquistará respeito em sintonia com as ações do presidente senão será um zero. O vice é vaidoso sabe estratégia e tem maturidade. Regra Respeitar Ideologias e Trabalhar.
Sandro
2019-04-25 14:45:58Para desespero dos esquerdinhas pseudo intelectuais que frequentam este espaço, o Bolsonaro fará um grande governo. As reformas passarão e o país verá uma fase de investimento estrangeiro nunca antes vista. E sem corrupção e cobrança de pedágios, bem ao gosto do PT e do Lula. Tem muito palpiteiro aqui que não tem noção do momento que o país está passando. A imprensa comprada/contrariada está fazendo tudo para desestabilizar com intrigas este governo. Não vai dar certo, continuem com o mi mi mi
Cistina
2019-04-25 14:38:27Acho que Bolsonaro deve deixar esta atitude pacífica e botar a boca no trombone. E dar um chega pra lá no Mourão que é um deslumbrado e está demonstrando qual é a real bandeira dele. Pela primeira vez concordei com as declarações de Ciro Gomes. Mourão é realmente tudo que ele disse. É a minha opinião.
Rildo
2019-04-25 14:13:24Não existe crise nenhuma!!! A única crise que existe é da imprensa. Não estou pagando assinatura pra ficar lendo mimimi.....dá licença!!!!
Rubens
2019-04-25 13:46:33Gosto das reportagem,só precisam atualizar meu cadastro,sou assinante e parece que não estou no cadastro de clientes. O Time da Crusoé é nota 10.
Luzia
2019-04-25 13:45:20É muito bom ver o presidente mais afável com a imprensa.
Sophia
2019-04-25 13:23:15Já que tem gente aqui que ama uma teoria da conspiração, vou dar minha contribuição : caso o Mourão sofresse um impeachment com 4 meses de governo, o que aconteceria? Rodrigo Maia assumira? Quem teria interesse que Rodrigo Maia deixasse da presidência da Câmara? Há uma grande jogada por trás ou é só burrice mesmo?
Márcia
2019-04-25 13:05:29Pelo amor de Deus, vá a um psiquiatra com seu filho!!! Tem um país nas mãos. Quanto a segurança,parece mesmo estar melhorando, um viva a Moro! Agora quero poder dar um viva a Guedes caso ele haja para além da previdência. Desejo que Bolsonaro trabalhe pela economia, educação (???), segurança e saúde (a do povo e a dele e do filho), isto é trabalho de presidente e não ficar de Tititi com o filho desequilibrado na internet.