Crusoé nº 399: Missão impossível
MBL se transforma em partido para tentar o que ninguém nunca conseguiu. E mais: A severenização de Hugo Motta e Pêndulo para a direita
A meta é ousada: fazer política partidária com diretrizes ideológicas bem definidas, sem apelar ao fisiologismo, sem depender de fundões partidários ou eleitorais ou de cargos na administração federal e, ainda assim, conseguir ter uma boa e substancial bancada e, o melhor de tudo – blindada das armadilhas e tentações do sistema político vigente.
A criação do partido Missão, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), representa hoje — na visão dos seus dirigentes — um sopro de esperança em meio a um sistema corrompido e falido.
A ideia é tentar ser um partido diferente dos outros 29 que hoje têm registros no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A meta, conforme seus dirigentes, é que, desta vez, o Missão aja na prática da mesma maneira que seus dirigentes proclamam na teoria.
Mas, como bem ensina o papa da ciência política Norberto Bobbio, essa ciência (sim, política também é ciência) na teoria é uma coisa, com seus princípios bem estabelecidos dos bons governos, das boas condutas e das boas normas.
Na prática, porém, a política precisa lidar com outros fatores que, querendo ou não, distorcem esse campo ideário como poder, domínio, uso da força coativa e, principalmente, com o ser humano.
E eis aí, na visão de quatro dirigentes partidários ouvidos por Crusoé, o pecado original da Missão: nas palavras de um deles, a sigla quer reinventar a roda, mas sabe que essa é uma missão praticamente impossível. Outros já tentaram e falharam miseravelmente, dizem Guilherme Resck e Wilson Lima em "Missão: impossível", a reportagem de capa da edição desta semana de Crusoé.
Outros destaques de Crusoé
Na matéria "A severenização de Hugo Motta", Guilherme Resck e Wilson Lima mostram como, em menos de um ano, o presidente da Câmara, Hugo Motta, encolheu ao tentar o impossível: agradar PT e PL.
Pela primeira vez desde que se estabeleceram regras para a reeleição na Presidência da Câmara, o atual detentor da cadeira corre o risco de não conseguir ficar quatro anos no cargo.
Em "Pêndulo para a direita", Duda Teixeira conta que a política da América Latina é como um antigo relógio de pêndulo, que ora oscila para a esquerda, ora para a direita.
A nova maré de governos latino-americanos é impulsionada pela preocupação com segurança e amizade com Trump.
Colunistas
Privilegiando o assinante de O Antagonista+Crusoé, que apoia o jornalismo independente, também reunimos nosso timaço de colunistas.
Nesta edição, escrevem Leonardo Barreto (Uma coisa é o que se quer, outra é o que se pode), Letícia Barros (O custo oculto da nova regra sobre diárias de hotéis), Josias Teófilo (As diferenças entre a velha e a nova direita), Márcio Coimbra (A "opção nuclear": Moraes e a Magnitsky), Clarita Maia (O real inimigo do povo), Gustavo Nogy (Ninguém pode ler duas vezes o mesmo livro), Dennys Xavier (O "skándalon" necessário), Roberto Ellery (Descoordenação macroeconômica) e Rodolfo Borges (O muro russo do PSG).
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