Crusoé nº 397: A grande família Bolsonaro
Prisão do ex-presidente expõe disputa interna no bolsonarismo e tumultua organização eleitoral da direita. E mais: Blindagem suprema e Dançando com Maduro
Quando elegeu Jair Bolsonaro presidente da República em 2018, a maioria do eleitorado brasileiro optou, conscientemente ou não, por uma família em vez do petista Fernando Haddad, que concorria como avatar do encarcerado Lula.
Agora, com o chefe da família Bolsonaro condenado por tentativa de golpe de Estado e preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, são seus parentes que tentam dar sequência ao legado bolsonarista.
A missão parece tão difícil quanto uma madrasta se entender e conviver harmoniosamente com quatro enteados.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro protagonizou nesta semana a última grande crise bolsonarista, ao dar uma bronca pública no deputado federal André Fernandes (PL-CE), no domingo, 30 de novembro, por causa da aliança com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB).
O constrangimento público ocorreu durante o lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará, e levou os quatro filhos do ex-presidente a repreenderem a ex-primeira-dama, sempre em público, alimentando as antigas especulações sobre cizânia na família.
A posição de Michelle acabou prevalecendo e, após reunião do PL intermediada por Valdemar Costa Neto, presidente nacional do partido, os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Fernandes e a ex-primeira-dama decidiram suspender o acordo no Ceará.
Flávio prometeu que, a partir de agora, o grupo vai "tomar decisões muito mais conscientes, ouvindo mais pessoas" e com "o presidente resolvendo no final". Mas isso não é exatamente garantia de paz, diz Rodolfo Borges em "A grande família Bolsonaro", a reportagem de capa da edição desta semana de Crusoé.
Outros destaques de Crusoé
Em "Blindagem suprema", Wilson Lima conta que o esforço bolsonarista em conseguir maioria no Senado assusta o decano Gilmar Mendes, que reagiu e limitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) o poder de apresentar denúncias de crimes de responsabilidade envolvendo integrantes do STF.
Na matéria "Dançando com Maduro", João Pedro Farah mostra que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, não arreda o pé do Palácio Miraflores, apesar dos repetidos avisos do governo Trump.
Colunistas
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Nesta edição, escrevem Márcio Coimbra (O resgate da Venezuela), Clarita Maia (O caso Master e os “facilitadores profissionais”), Dennys Xavier (Crônica para os que esperam salvadores), Izabela Patriota (Eles, os juízes, vistos pelo Senado), Leonardo Barreto (A degeneração das repúblicas e o fim da liberdade), Wilson Pedroso (O crescimento da direita e os desafios para 2026), Gustavo Nogy (O que significa torcer?), Josias Teófilo (Film noir brasileiro), Roberto Ellery (Uma aula Master sobre por que o Brasil não cresce) e Rodolfo Borges (Onde os colorados não têm vez).
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