CPI deixa de ouvir 76 convocados, mas nem todos serão poupados no relatório final
A CPI da Covid concluirá, em menos de duas semanas, uma longa empreitada de investigações sobre as ações e omissões do governo federal na pandemia. A comissão planejava finalizar o cronograma de depoimentos na última semana, mas, de supetão, decidiu realizar apenas mais uma oitiva antes do fim: a de Marcelo Queiroga, ministro da Saúde....
A CPI da Covid concluirá, em menos de duas semanas, uma longa empreitada de investigações sobre as ações e omissões do governo federal na pandemia. A comissão planejava finalizar o cronograma de depoimentos na última semana, mas, de supetão, decidiu realizar apenas mais uma oitiva antes do fim: a de Marcelo Queiroga, ministro da Saúde.
Ao longo de quase seis meses, dezenas de pessoas sentaram-se nas cadeiras da CPI para responder às perguntas dos senadores, entre especialistas, autoridades e empresários. Ainda assim, seja por falta de tempo ou por discordância entre lideranças, o calendário deixou de fora 76 nomes que chegaram a ter as convocações aprovadas.
O fato de os depoimentos terem sido deixados de lado, no entanto, não significa que todas essas pessoas acabarão poupadas do indiciamento no relatório final, segundo senadores ouvidos por Crusoé.
Recém-incluído na lista de investigados, o presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Brito Ribeiro, está no rol dos que não foram ouvidos, mas devem ser alvo do relator da CPI, Renan Calheiros. Ele é investigado pela defesa irrestrita da prescrição de remédios comprovadamente ineficazes contra o coronavírus e pela suposta omissão diante do caso Prevent Senior.
Mauro Ribeiro, aliás, não está na mira somente da CPI. Nesta semana, o Ministério Público Federal em São Paulo abriu um inquérito civil para apurar a conduta do CFM sobre o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19. Ao justificar as investigações, a procuradora Ana Leticia Absy registrou que há “indicativos de uma atuação possivelmente irregular” do conselho.
Encorpa a lista Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Apontado entre os investigados na primeira leva descrita por Calheiros, ele tende a ser indiciado pelo colapso do sistema de saúde em Manaus, no Amazonas, quando dezenas de pessoas morreram nos hospitais por falta de oxigênio.
Mesmo sem tomar depoimento, Renan Calheiros ainda estuda o indiciamento de Filipe Martins, assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência. Discípulo de Olavo de Carvalho, ele foi investigado em duas frentes. Uma delas é a que mira o chamado “Gabinete Paralelo da Saúde”, estrutura extraoficial voltada ao aconselhamento de Bolsonaro às margens das recomendações oficiais. A outra trata da difusão de notícias falsas sobre a pandemia e de mensagens de incentivo ao Kit Covid.
Há, ainda, nomes que não devem ser indiciados e cujos depoimentos subiram no telhado para evitar tumultos e acusações de uso político da CPI. É o caso de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro e mãe do filho 04 do presidente, Jair Renan Bolsonaro, e da advogada Karina Kufa, que representa o presidente da República. A avaliação é de que, embora as duas sejam ligadas a personagens investigados, não há fundamentação necessária para enquadrá-las.
Em outra ponta, estão aqueles que tiveram as convocações barradas pelo Supremo Tribunal Federal. A lista tem nada menos que nove governadores. As convocações foram aprovadas com base na lista de estados em que a Polícia Federal realizou operações de combate a desvios de recursos. Como não puderam ser investigados pela comissão, porém, os governadores não constarão do relatório final.
Confira a lista completa dos convocados que não foram ouvidos:
- Alex Lial Marinho, tenente-coronel e ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde do Ministério da Saúde;
- Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro;
- Andressa Fernandes Joppert, ex-médica da Prevent Senior;
- Antônio Denarium, governador de Roraima;
- Antonio Jordão de Oliveira Neto, médico pró-cloroquina;
- Antônio José Barreto de Araújo Júnior, ex-secretário-executivo do Ministério da Cidadania;
- Arthur Weintraub, Ex-Assessor da Presidência da República;
- Carlos Alberto de Sá, sócio da VTCLog;
- Carlos Moisés, governador de Santa Catarina;
- Carolina Palhares Lima, diretora de Integridade do Ministério da Saúde;
- Cristiane Fleuri de Jesus, fiscal de contrato;
- Cristiane Rose Jourdan Gomes, ex-diretora do Hospital Federal de Bonsucesso e diretora da Anvisa;
- Daniela Reinehr, vice-governadora de Santa Catarina;
- Desenvolvedor do aplicativo TrateCOV ou técnico responsável da empresa contratada para esse fim;
- Diretor/presidente da empresa de transporte carioca Viação Redentor;
- Elson de Barros Gomes Júnior, cônsul honorário da Índia em Minas Gerais;
- Emanuel Catori, um dos sócios da Belcher Farmacêutica;
- Eric Matheus Bispo Pereira, fiscal de contrato;
- Fábio da Silva Sartori, fiscal de contrato;
- Fábio Mendes Marzano, ex-secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Ministério das Relações Exteriores;
- Fausto Vieira dos Santos Junior, relator da CPI da Covid da Assembleia Legislativa do Amazonas;
- Felipe Cruz Pedri, secretário de Comunicação Institucional;
- Fernando de Castro Marques, Presidente da União Química Farmacêutica Nacional;
- Filipe Martins, assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência;
- Flávio Loureiro de Souza, amigo de parlamentares do Progressistas;
- Flávio Werneck Noce dos Santos, ex-assessor especial para assuntos internacionais do ministro da Saúde;
- George Joppert Netto, ex-médico da Prevent Senior;
- Gustavo Berndt Trento, irmão de um diretor da Precisa Medicamentos;
- Gustavo Mendes Lima Santos, gerente de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa;
- Helder Barbalho, Governador do Pará;
- Hélio Angotti Netto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde;
- Hugo Teixeira Montezuma Sales, coordenador-geral de Análise Jurídica de Licitações, Contratos e Instrumentos Congêneres na Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Saúde;
- Ibaneis Rocha, governador do DF;
- Jaime José Tomaselli, executivo da World Brands;
- Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo;
- Joabe Antônio Oliveira, coordenador de administração do Hospital Federal de Bonsucesso;
- João Paulo Marques dos Santos, ex-secretário-executivo da Secretaria de Saúde do Amazonas;
- Jonas Roza, ex-superintendente do Ministério da Saúde;
- José Alves Filho, dono da Vitamedic;
- José Clovis Batista Dattoli Júnior, consultor;
- Karina Kufa, advogada de Jair Bolsonaro;
- Leonardo Ananda Gomes, presidente da Câmara de Comércio Índia Brasil;
- Luiz Henrique Lourenço Formiga, diretor da Fib Bank;
- Marcelo Bento Pires, ex-coordenador do Plano Nacional de Operacionalização das Vacinas contra a Covid-19 do Ministério da Saúde;
- Marcelo Muniz Lamberti, superintendente do Ministério da Saúde no Rio;
- Marcelo Oliveira de Souza, médico da empresa de transporte carioca Viação Redentor;
- Márcio Roberto Teixeira Nunes, ex-servidor do Instituto Evandro Chagas;
- Marcos Erald Arnoud, conhecido como "Markinhos Show", ex-marqueteiro do Ministério da Saúde na gestão Pazuello;
- Marcos José Rocha dos Santos, governador de Rondônia;
- Maria Nazareth Farani Azevêdo, ex-representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas e a outras organizações internacionais em Genebra;
- Mário Peixoto, empresário;
- Marta Díez, presidente da subsidiária da farmacêutica Pfizer no Brasil;
- Mauro Carlesse, governador de Tocantins;
- Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina;
- Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz;
- Paolo Zanotto, médico pró-cloroquina;
- Paulo César Gomes Baraúna, diretor-executivo de Negócios da White Martins;
- Paulo Cotrim, servidor público e ex-Diretor do Hospital Federal de Bonsucesso;
- Raphael Barão Otero de Abreu, dono da Barão Tur;
- Renato Spallicci, presidente da Apsen Farmacêutica;
- Representante da empresa White Martins, responsável pelo fornecimento de oxigênio em Manaus;
- Representante da Janssen no Brasil;
- Representante do Facebook;
- Representante do Google;
- Representante do Twitter;
- Roberto Pereira Ramos, diretor da Fib Bank;
- Robson Santos da Silva, secretário especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde;
- Rodrigo de Lima, funcionário terceirizado lotado no Ministério da Saúde;
- Rogério Rosso, diretor de negócios internacionais da União Química;
- Silvio Assis, lobista;
- Thais Amaral Moura, assessora especial da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Presidência;
- Thiago Fernandes da Costa, servidor do Ministério da Saúde;
- Waldez Góes, governador do Amapá;
- Wellington Dias, governador do Piauí;
- Wilson Lima, Governador do Amazonas;
- Zenaide Sá Reis, funcionária do setor financeiro da empresa VTCLog.
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Comentários (2)
FRANCISCO AMAURY GONÇALVES FEITOSA
2021-10-11 16:03:55os santos Aziz e CaGAlheiros corruptos até a medula já tem sua vingança . a Greta da Selva com TPM crônica se demora explode por excesso de testosterona.
PAULO
2021-10-10 17:01:23Foram tantos absurdos descobertos neste governo incompetente, genocida, corrupto e autoritário, que é preciso manter o foco. A CULPA MAIOR DA TRAGÉDIA BRASILEIRA NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA, É DO BOLSONARO. Nise Yamaguchi, Paolo Zanotto, Carlos Wizard... e tantos outros cretinos, devem ser responsabilizados por suas atitudes. MAS OS TOMADORES DE DECISÕES, no Ministério da Saúde e do governo no geral, são os MAIORES CULPADOS pela maioria das mortes. Moro Presidente 🇧🇷. Por uma Brasil decente.