Raimundo Sampaio/MetrópolesCoaf:

Corrupção perde espaço para tráfico de drogas em pedidos de dados ao Coaf

05.01.22 07:02

Pela primeira vez em oito anos, a corrupção deixou de ser o crime predominante nos pedidos de dados feitos pelas polícias e pelo Ministério Público em todo o país ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, órgão encarregado de prevenir e combater a lavagem de dinheiro.

Balanço oficial mostra que em 2021 o intercâmbio de informações financeiras levantadas pelo Coaf envolvendo investigações de tráfico de drogas foi 49,7% maior do que o de casos relacionados à corrupção. Foram 3.772 registros sobre traficantes, ante 2.519 compartilhamentos feitos em inquéritos que miram políticos, agentes públicos e empresários corruptos.

A inversão histórica só foi possível porque o intercâmbio de dados relacionado a casos de corrupção caiu 12% em comparação a 2020, enquanto o de tráfico de drogas subiu 47% no mesmo período. Desde 2014, primeiro ano de registro no balanço do Coaf, a corrupção liderava o ranking de compartilhamento de informações financeiras suspeitas.

A queda coincide com o desmonte da Lava Jato, maior operação de combate à corrupção já feita no país, e com a interferência do governo de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, órgão que mais requisita ao Coaf dados sobre transações atípicas envolvendo investigados, como altas quantias de saques e depósitos de dinheiro em espécie e compras de joias, carros de luxo e obras de arte.

Os pedidos são feitos pelos órgãos de investigação, incluindo as polícias civis e as promotorias estaduais, por meio do Sistema Eletrônico de Intercâmbio do Coaf, o Seic, onde os investigadores são obrigados a fornecer um breve relato dos fatos investigados e os nomes dos suspeitos. É a partir desses dados que o Coaf faz um levantamento sobre os crimes mais recorrentes nos pedidos.

Segundo os dados oficiais, o ilícito que mais cresceu nos registros do Coaf em 2021 foi o de pirâmide financeira, que mais do que triplicou, de 38 para 139 solicitações, na esteira do boom das criptomoedas, mais novo objeto de lavagem de dinheiro dos criminosos.

O intercâmbio permanente de dados do Coaf, que é vinculado ao Banco Central e recebe informações diárias das instituições financeiras, é de extrema importância para desmantelar complexas organizações criminosas, mas caiu em desgraça em 2019, em meio à investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro no suposto esquema de rachid na Assembleia Legislativa do Rio.

Foi a partir de relatórios do Coaf apontando movimentações atípicas na conta do notório Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho 01 do presidente Bolsonaro, e do próprio senador, que o Ministério Público do Rio avançou na investigação até denunciar Flávio por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Em 2019, o ministro Dias Toffoli, então presidente do Supremo Tribunal Federal, chegou a suspender o compartilhamento de dados do Coaf com órgãos de investigação sem autorização judicial, paralisando cerca de 700 investigações. Em novembro de 2021, a Segunda Turma anulou os relatórios do Coaf envolvendo Flávio Bolsonaro, derrubando as principais provas contra o senador.

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  1. FOLHETIM MORO ATACANDO, interferência do governo Bolsonaro, só pôde ser brincadeira de vcs. Cadê seus repórteres investigativos, que não acham nada e ficam com narrativas? 🐁🐁🐁🐁🐁

  2. . besteira muita traficantes são presos mas a corte solta ladrão solta os grandes capos .. num é André do Rap? num é Rabicó? êiê amIgo réi parrocê tem jeito não.

  3. Quem nao se lembra que em 2019 a policia federal do tempo de Moro, descobriu via COAF transferencias mensais de 100 mil reais para um certo ministro do STF vindos do escritorio de advocacia da esposa, e de um outro que tambem usa a esposa que trabalha num outro escritorio para pratica de maus feitos, reformas de construtoras prestadoras de obras ao governo, reformando a casa de um certo ministro, porisso se fez necessario compartilhamento do COAF direto com a PF sem autorizacao, filtro do STF.

  4. Difícil separar corrupção do tráfico de drogas. No meu entender, tráfico de drogas é um dos muitos subconjuntos do universo {Corrupção}.

  5. Faz sentido. Agora os Bozistas milicianos urbanos estão engajados em destruir os seus oponentes. E eles nem sabem que seus oponentes são também Bozistas, conhecidos publicamente como grileiros. O tráfico de drogas é o sustentáculo financeiro da grilagem. Basta investigar.

    1. Zé.fa quem desdenha quer comprar .. este seu rabus coçandus ardidus tá acabando contigo fia.

  6. Que decepção, que revoltante. Leiam o livro de Moro e vejam os planos que ele pretendia implementar no Brasil 🇧🇷. O pouco tempo que ficou no governo já fez a diferença. # MORO PRESIDENTE 2022!!! Acreditem!!!

  7. A coisa agora esta do jeito que Bolsonaro e todos os corruptos, estelionatarios e lavadores do roubo do dinheiro publico que giram em torno dele sempre desejaram. Lavajato ele acabou junto com o PGR dele e agora nao tem mais cadeia pra ninguem, podem roubar a vontade senhores politicos ladroes do centrao, esta garantido que ninguem mais sera preso desde que roube muito, os poderosos da politica e da justica de plantao garantem desde que com adv togados e em dolares. Moro presidente, JAIR caindo

  8. Comentar o que? Diante do desmonte intencional da lava jato e o desaparelhamento consciente dos órgãos de combate a corrupção no país por iniciativa do próprio PGR!!! #moropresidente2022.

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