Andrew Dunn via Wikimedia CommonsOs Mármores de Elgin, em exposição no Museu Britânico

Contra os ingleses, até gregos e turcos estão juntos

11.06.24 10:26

Há mais de 40 anos, os gregos cobram que o Reino Unido devolva ao país uma série de obras de artes dos seus tempos antigos, levadas para museus britânicos no século XIX. As chamadas “mármores de Elgin” estavam expostas desde a antiguidade no Partenon, em Atenas — mas foram levadas para o Museu Britânico em Londres por Thomas Bruce, o Lorde de Elgin.

A disputa pela posse das peças — que seguem com os britânicos — está longe de uma conclusão. Nesta semana, no entanto, os gregos ganharam o apoio na causa dos turcos, seus maiores rivais históricos na região.

Para justificar a posse das peças, o governo britânico diz que o Lorde de Elgin, interessado em salvar as peças instaladas em um prédio que estava em parte danificado pelo tempo e seguidos terremotos, obteve a autorização do sultão otomano Selim III para levar as obras consigo em 1806. Nesta semana, o governo turco, sucessor dos otomanos, indicou não ter encontrado nenhum registro oficial desta autorização.

Com isso, as negociações se complicam. Há, sob posse do Museu Britânico, uma série de esculturas feitas no século 5 a.C pelo escultor Fídias, consideradas os destaques da arte grega antiga. Um trecho de 75 metros do friso do Partenon, o símbolo mais conhecido da Grécia e de sua capital, foi retirado e serrado a mando do Lorde, para melhor ser levado a Londres. Outros pedaços e estatuetas, tiradas de templos da Acrópole ateniense, foram doadas a museus de outros países.

Não é o único caso. No próprio Museu Britânico está a Pedra Roseta, que foi retirada do Egito e ajudou a traduzir o idioma dos faraós aos tempos atuais; e o Cilindro de Ciro, considerado uma das peças centrais no império Persa. Apesar de pedidos para que as peças retornem aos seus países, não há tanta discussão sobre a legalidade da retirada das peças, por arqueólogos britânicos, do seu local original.

No ano passado, o Vaticano devolveu as esculturas gregas que possuía em seu acervo há cerca de dois séculos. As peças foram devolvidas pelo Papa Francisco ao líder da Igreja Ortodoxa Grega, Jerônimo II, para serem devidamente devolvidas ao povo grego e ao seu governo. A disputa com a Grécia, no entanto, segue em aberto.

Leia mais em Crusoé: Afinal, o que mostram as pesquisas eleitorais na Inglaterra?

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  1. Com a tecnologia atual, os inglese poderiam fazer cópias quase perfeitas das peças originais e distribuir tais cópias à entidades inglesas e de outras nações amigas e democráticas como um presente cultural e para evitar que eventuais tragédias isoladas possam por a perder tão importantes acervos e devolver os originais a seus proprietários originais. Os países interessados poderiam pagar pelas cópias e arcar parcialmente ou no total com a embalagem, o transporte e o seguro.

  2. Fico imaginando o que pensariam os artistas dessas obras se vivos estivessem. Tanta inspiração e trabalho para serem danificadas.

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