Como Putin, Maduro escolhe os seus opositores
O prazo para a inscrição de candidatos da eleição presidencial na Venezuela, marcada para o dia 28 de julho, encerrou-se à meia-noite desta segunda, 25. A Plataforma Unida Democrática, PUD, que reúne os partidos de oposição, não conseguiu inscrever nenhum candidato usando o site do Conselho Nacional Eleitoral, CNE. Na semana passada, a candidata vencedora...
O prazo para a inscrição de candidatos da eleição presidencial na Venezuela, marcada para o dia 28 de julho, encerrou-se à meia-noite desta segunda, 25.
A Plataforma Unida Democrática, PUD, que reúne os partidos de oposição, não conseguiu inscrever nenhum candidato usando o site do Conselho Nacional Eleitoral, CNE. Na semana passada, a candidata vencedora das primárias, María Corina Machado, passou a responsabilidade de liderar a oposição para Corina Yoris, uma professora universitária.
Corina Yoris foi pessoalmente ao CNE com uma carta pedindo a prorrogação do prazo de inscrição, mas não teve sucesso.
Ao impedir a inscrição de María Corina Machado e de Corina Yoris, o ditador Nicolás Maduro (foto) deixou de fora os nomes com maiores chances de derrotá-lo. Uma pesquisa feita pelo instituto Datanálisis no início de março apontava que somente 15% dos venezuelanos apoia Maduro, enquanto 35% pretendia votar na oposição.
Faltando poucos minutos para encerrar o prazo final nesta segunda, dois candidatos conseguiram se inscrever, Enrique Márquez e Manuel Rosales. Embora alguns veículos de imprensa tenham os considerado como de oposição, é preciso tomar cuidado ao defini-los.
Enrique Márquez foi diretor e vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral durante a ditadura de Maduro. Ele era do partido Um Novo Tempo, UNT, de oposição, e criou a sua própria organização Centrados, recentemente.
O outro foi Manuel Rosales, do partido Um Novo Tempo, UNT. Ele é governador do rico estado de Zulia e tomou sua decisão sem avisar as lideranças da PUD.
"Tanto Márquez como Rosales pertencem a partidos que negociam com Maduro. Então ninguém sabe até que ponto eles foram cooptados pelo governo", diz o sociólogo venezuelano Guillermo Pérez. "O que podemos dizer com certeza é que eles se afastam da linha majoritária da oposição."
Uma das perguntas que a oposição está se fazendo é como o partido UNT conseguiu inscrever Manuel Rosales nos últimos minutos. O UNT faz parte da PUD e afirmava que não estava conseguindo inscrever o nome de Corina Yoris, que era a escolhida da coalizão opositora. Nos instantes finais, a sigla conseguiu acesso ao site, mas optou pelo seu próprio nome, Manuel Rosales.
A entrada de Manuel Rosales coloca a oposição numa situação difícil. Se seus integrantes decidirem apoiá-lo, poderão se frustrar ao final. Primeiro, porque as chances de Rosales derrotar o ditador Maduro são menores. Segundo, porque mesmo se ele vencer, isso não garantiria o fim do chavismo e da ditadura.
"Estamos todos esperando para ver o que a oposição fará agora. Eles podem se arriscar e apoiar um desses dois candidatos, que podem ter feito um pacto com Maduro, ou rejeitar as eleições. Por enquanto, a única certeza é que Maduro dividiu a oposição", diz Pérez.
Em uma coletiva de imprensa nesta terça, 26, María Corina não apoiou Manuel Rosales e disse que sua candidata continua sendo Corina Yoris.
Doze candidatos
Com Maduro, que obviamente não teve problemas para se inscrever, a fraude eleitoral contará com doze nomes na cédula.
Nenhum deles poderá ser considerado de oposição verdadeira, mas o número elevado de nomes parece ser um indício de que Maduro pretende dar uma aparência democrática à fraude que se aproxima.
"O regime mostrou que mantém o jogo duro e só permitiu candidatos que possam ser derrotáveis", diz o cientista político venezuelano José Vicente Carrasquero, que vive nos Estados Unidos.
Crusoé perguntou ao Itamaraty sobre como o Brasil irá se posicionar e ainda não obteve resposta.
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Comentários (1)
Amaury G Feitosa
2024-03-26 10:55:19Toda ditadura faz isto, aqui Lula é seu lugar tenente massacram os adversários por que? Simples seria complicado matá-los basta ver o atentado a claro mando de "ninguém" que ninguém quer desvendar porque inconveniente.