Citado em delação na Lava Jato, Wassef aparece como beneficiário de pagamentos da investigada Fecomércio
Para além de suas ligações com a família Bolsonaro, com Fabrício Queiroz e com a gigante JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, o advogado Frederick Wassef é personagem de mais uma rumorosa trama sob investigação: ele recebeu, indiretamente, recursos da Fecomércio Rio, investigada por despejar milhões de reais em escritórios de advocacia e por...
Para além de suas ligações com a família Bolsonaro, com Fabrício Queiroz e com a gigante JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, o advogado Frederick Wassef é personagem de mais uma rumorosa trama sob investigação: ele recebeu, indiretamente, recursos da Fecomércio Rio, investigada por despejar milhões de reais em escritórios de advocacia e por tentar comprar decisões em tribunais de Brasília.
Em razão desse caso, Wassef é mencionado no acordo de delação premiada assinado recentemente com o Ministério Público Federal pelo notório Orlando Diniz, ex-presidente da entidade, investigado por operar o esquema.
O escritório de Frederick Wassef recebeu pelo menos 2,6 milhões de reais para auxiliar uma banca de São Paulo em supostas investigações internas na Fecomércio. O trabalho foi encomendado por Diniz.
O pagamento consta do mesmo relatório do Coaf que, conforme Crusoé revelou na semana passada, lista repasses de mais de 9 milhões de reais da JBS para o advogado ligado ao presidente Jair Bolsonaro e a seu filho 01, o senador Flávio Bolsonaro.
A banca de Wassef recebeu os 2,6 milhões do escritório da advogada paulista Luiza Nagib Eluf. A Crusoé, ela afirmou ter sido contratada para fazer uma investigação interna na Fecomércio, na tentativa de descobrir supostos vazamentos de informação, e que decidiu subcontratar Wassef para auxiliar no trabalho.
A se confirmar, a explicação de Luiza Eluf para a transferência do dinheiro a Wassef descortina uma faceta diferente da atuação dele como advogado: a de especialista em investigações privadas.
A Crusoé, Luiza Eluf afirmou que chamou Wassef pela expertise dele no tipo de trabalho desejado pela Fecomércio e pela amizade com o advogado – ela diz ser amiga dele desde os tempos em que era procuradora de Justiça no Ministério Público de São Paulo. A advogada também é amiga da empresária Cristina Boner, ex-mulher de Wassef. O trabalho para a Fecomércio, diz ela, teria durado cerca de dois anos.
Luiza Eluf afirma que os serviços contratados pela Fecomércio foram todos executados: "Foi tudo absolutamente lícito, dentro da lei, com impostos pagos, tudo certinho". Quanto aos valores, ela afirma que os honorários "podem parecer grandes" porque muitos profissionais trabalharam no caso e porque advogados precisaram se deslocar vários vezes do Rio de Janeiro. "Foi uma coisa grande, mas é algo antigo, não tem nada a ver com o que está acontecendo agora.” Wassef não foi localizado.
Há tempos, nos bastidores, Frederick Wassef é apontado como alguém que cultiva relações próximas – e informais - com órgãos de investigação de diferentes estados. É a primeira vez, porém, que vem à luz um caso concreto em que ele aparece como “investigador”. Não está claro, até o momento, quais serviços exatamente ele prestou sob encomenda de Diniz. Na semana passada, ao explicar os pagamentos milionários a Wassef, a JBS afirmou, sem dar mais detalhes, que ele foi contratado pela companhia para atuar em "inquéritos policiais".
Os contratos milionários da Fecomércio com escritórios de advocacia do eixo Rio-São Paulo-Brasília são alvo de investigação da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. A entidade controlada por Orlando Diniz, que chegou a ser preso em 2018 em uma das fases da operação, despejou mais de 180 milhões de reais em diversas bancas -- algumas renomadas, outras nem tanto.
À altura dos pagamentos, Diniz tentava a todo custo se manter no comando da federação em meio a uma disputa de poder com a Confederação Nacional do Comércio, a CNC, que queria desalojá-lo. No acordo de delação que fechou com recentemente a Procuradoria, ele explica as razões dos pagamentos. Entre os beneficiários, além de Luiza Eluf, a advogada que subcontratou Wassef, estão escritórios de familiares de ministros de tribunais superiores e a banca de Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Como Crusoé já mostrou, outro delator, o ex-governador Sérgio Cabral, de quem Diniz era aliado, afirmou que uma parte dos pagamentos foi feita com o objetivo de obter decisões favoráveis em Brasília, inclusive no Superior Tribunal de Justiça. A mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, também consta do rol de advogados que se beneficiaram de contratos milionários com a Fecomércio.
Nesta quarta-feira, 26, o Antagonista mostrou que em outubro de 2011 a mesma Luiza Eluf, à época ainda procuradora em São Paulo, foi recebida junto com Wassef pelo então vice-presidente Michel Temer, àquela altura no exercício da Presidência da República.
Na semana passada, Crusoé revelou que Wassef tem usado de sua proximidade com o poder para tratar de interesses de seus clientes, inclusive informalmente. No final do ano passado, ele visitou a Procuradoria-Geral da República para defender a manutenção do acordo de delação premiada da JBS, que está em vias de ser anulado, o que pode levar Joesley e Wesley Batista de volta à prisão.
A visita de Wassef à PGR para conversar com procuradores encarregados de cuidar dos processos relacionados à Lava Jato foi precedida de um pedido do presidente Jair Bolsonaro ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o advogado fosse atendido. Crusoé também revelou que, antes da reunião, sem tocar diretamente no assunto, o próprio presidente da República chegou a telefonar para o subprocurador que receberia Wassef, José Adonis Callou de Araújo Sá, então coordenador do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR. Callou encerrou a reunião ao saber que Wassef não tinha procuração para defender os interesses da JBS – ou seja, ele queria tratar do assunto de maneira informal.
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Comentários (10)
Lilian
2020-08-27 16:57:03Cruz credo...
Silvino
2020-08-27 12:41:19Não podemos esquecer que a Banca do Roberto Teixeira recebeu 75 milhões de reais da Fecomércio sem definir em que processo seria sua atuação. As bancas de escritórios de advocacias seriam usadas para lavagem de dinheiro. As denúncias ficam esquecidas e nunca são investigadas com profundidade. Com isso a impunidade permanece inalterada para felicidade dos corruptos.
Charles
2020-08-27 11:38:13O cara é pegajoso. Aquele típico sujeito que gruda em vc para te chupar todo o sangue e depois gospe fora!. O cara é uma versão “jurídica” do nosso conhecido doleiro Youssef. Gostaria de saber em qual escola de direito o Wassef se formou. Ouvi dizer que foi em Harvard ou seria Yale? Talvez na Sorbonne?
PAULO
2020-08-27 10:22:23É só um sujeito vaidoso aparecer pavoneando uma autoridade política, a imprensa colocar uma lupa e lá vem coisas obscuras. Milhões, bilhões são citados e viram rotina. E grande parte dos brasileiros faz malabarismo para viver com R$ 600,00. Milhões, bilhões, rachadinhas, propina é o Brasil da Fantasia dos pilantras. O Brasil real é o de R$ 600,00 que sonha com um país melhor e com menos cretinice.
Elaine
2020-08-27 09:28:41Se hoje algum Procurador da República no comando de uma força tarefa , quisesse fazer uma exibição em Powerpoint das conexões das orcrim’s que continuam corrompendo no país ... faltaria tela ....E claro , logo depois o Procurador seria linchado e possivelmente destituído .
Maria
2020-08-27 09:21:22Está explicado porque querem acabar com a lava-jato.temvmuita sujeira escondida no segredos de bancas de advogados, Wassef atua para socorrer criminosos poderosos há muito tempo
Nelson
2020-08-27 07:56:26A metástase do Câncer da Orcrim e corrupção, continua agredindo todos os órgãos públicos e governos combalidos, debilitando as doses de Quimioterapia para nos curar deste mal, iniciada pela Lava Jato, PF , procuradores e juízes isentos pela luta de saúde e justiça à esta nação enferma, atacada por todos os tipos de vírus ilícitos, imorais, de abusos adquiridos e muitos outros mais.
Jose
2020-08-27 07:50:24A lista continua a aumentar. Há alguém neste planeta que acredite na honestidade do Bozo e dos Bozokids? Se houver, hospício para el@s.
ANTONIO
2020-08-27 07:39:27Se for preso, um habeas corpus atropelando tudo será imediato. Um preventivo talvez seja maia prudente. Afinal, há muita coisa que precisa ficar amoitada, não é senhores togados?
Odete6
2020-08-27 02:35:27Está fazendo o quê, fora da cadeia, esse traste já pego inumeráveis vezes???? Ganhando tempo pra destruir provas, coagir testemunhas, esconder melhor as propinas dele e as dos donos dele????