CIA traça nova estratégia para recrutar espiões na China
Agência divulga vídeos em mandarim para persuadir chineses descontentes

A CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, adotou uma nova estratégia para tentar persuadir oficiais chineses descontentes a espionar para os EUA.
Uma reportagem do The Washington Post revelou que a agência lançou vídeos cinematográficos - narrados em mandarim - que expõem as divisões dentro do governo de Xi Jinping.
Além disso, os conteúdos trazem instruções sobre como os interessados podem contatar a CIA anonimamente.
Em um dos vídeos, os EUA apresentam a disparidade econômica entre a classe operária chinesa e a elite do Partido Comunista Chinês.
Outro conteúdo exibe a situação de desaparecimentos de altos funcionários do governo da China.
De acordo com a reportagem, os vídeos foram publicados nas redes sociais da CIA e têm sido visualizados pelos chineses.
Em 2023, os americanos utilizaram da mesma abordagem para recrutar agentes russos.
Na ocasião, a agência de espionagem divulgou vídeos semelhantes focados em autoridades da Rússia descontentes com a guerra na Ucrânia.
Material humano
Em janeiro, o novo diretor da CIA, John Ratcliffe, admitiu problemas significativos da agência durante uma audiência no Senado.
“Todos sabemos que a coleta de inteligência humana não está onde deveria estar”, disse.
Desde 2019, o recrutamento de novos agentes caiu drasticamente.
A pandemia de Covid-19 impediu novas contratações e os encontros de espiões americanos.
Para Ratcliffe, a inteligência humana é fundamental para a análise de comportamentos e, por isso, não pode ser substituída por inteligência eletrônica.
"Alguns dos nossos melhores recrutas não vão dizer o que Xi Jinping pensa", afirmou um alto funcionário da CIA ao jornal americano.
"Eles trabalham em departamentos de comunicação e têm acesso a esses sistemas-chave. É por isso que os visamos. A pessoa mais importante que queremos recrutar para a Embaixada da China nos EUA não é o embaixador. É o escrivão de código", continuou.
Vigilância
Outro desafio enfrentado pela CIA é a vigilância tecnológica onipresente.
Em Pequim, há mais de 1 milhão de câmeras com reconhecimento facial, o que dificulta os encontros secretos.
Para trabalhar na cidade, os agentes precisam ser ainda mais discretos e perfeitos nas suas operações.
"Prefiro ter um bom agente que trabalhe discretamente e não chame a atenção dos serviços [adversários] do que 20 agentes medíocres", disse um ex-comandante da CIA.
Mesmo com os avanços tecnológicos, a CIA segue privilegiando os espiões em sua reformulação.
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