Lucas Tavares/Folhapress

Auditoria vê conflito de interesses em contratos do BNDES para privatização

03.10.21 14:03

Um relatório da Controladoria-Geral da União identificou conflito de interesses em contratos de consultoria fechados pelo BNDES. No domingo, 26, Crusoé mostrou que, entre janeiro de 2019 e agosto de 2021, o banco de fomento gastou 207 milhões de reais em consultorias que tinham como finalidade a privatização de mais de 100 empresas, mas apenas quatro pregões foram efetivados, todos do setor elétrico.

Segundo a auditoria da CGU, um dos casos de claro conflito de interesses envolve a contratação de uma consultoria para privatizar o Porto de Santos, no litoral de São Paulo. O estudo custa ao BNDES 6,5 milhões de reais. Ao analisar o pregão, a CGU verificou que a empresa que venceu o certame é a mesma que já celebrou contratos milionários na área de drenagem do porto e que, portanto, “terá acesso direto e amplo a informações privilegiadas”.

“Ao longo dos exames, não identificamos que o BNDES adote mecanismos suficientes no sentido de atuar preventiva e proativamente na seleção e no monitoramento de consultores externos, o que dificulta que o banco mapeie e trate, adequada e tempestivamente, potenciais situações de conflito de interesse. Além disso, de forma geral, observou-se que as instâncias de controle do banco, por diversos motivos, não vêm atuando de forma prospectiva sobre o tema”, diz trecho do relatório.

Ao finalizar o documento, os auditores concluíram que o BNDES precisa “adotar mecanismos de controle adicionais, de modo a mitigar o risco de integridade no processo de desestatização, atuando de forma preventiva e proativa na seleção e no monitoramento de consultores externos, com a finalidade de detectar de forma tempestiva e tratar adequadamente potenciais conflitos de interesses, decorrentes, por exemplo, de relacionamentos societários ou vínculos contratuais de consultores”.

O BNDES é o responsável por contratar os estudos técnicos necessários para viabilizar os leilões e preparar as privatizações. Para cada uma das mais de 100 empresas que estão ou já estiveram nos planos de desestatização do governo, o banco contratou uma consultoria específica. Quem paga pelos estudos, inicialmente, é o próprio banco de fomento. Ao menos no papel, o plano é que, caso as vendas sejam concretizadas, o governo ou a vencedora do leilão tenham que reembolsar o BNDES pelos custos do processo.

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  1. O Estado tem uma quantidade importante de funcionários e ainda assim contrata consultores. Algumas situações pontuais, devemos admitir que poderá faltar expertise nos quadros do BNDES. Mas, uma consultoria por empresa, mostra que algo estranho há.A pergunta é: o Pais precisa ter 100 empresas estatais? Onde está o capital privado nestas iniciativas, se elas tem mérito e rentabilidade? Se não dão lucro, só produzirão incompetências e empreguismo partidário.

  2. Só mesmo os Antagonistas para publicar! Isto é apenas a ponta do iceberg de um processo tão contaminado de más intenções que qualquer esgoto não sanitário deste pais. 'Conflito de interesse" dá mais que xuxu na serra em qualquer processo público bananeiro. Até publicações de pesquisas científicas a favor, sobretudo na área médica, sofrem este tipo de "lubrificação". Nada como uma viagem de férias financiada...

  3. Contratação de consultorias são suspeitas, desde sempre. É um golpe já bem conhecido e praticado pelos ratos, para desviar verbas do erário.

  4. Este é o desgoverno sem corrupção, pode ter certeza , se durar mais 1 mandato , estes direitaopatas, vão roubar muito mais que a quadrilha dos Esquerdeopatas do PT !!!Hoje roubam menos pois quem faz a medição é a Gadolandia!!!

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