Ato pró-Lula no TSE custou R$ 1 milhão
O plano do PT de tornar a tentativa de registro da candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral um grande ato político para mobilizar a militância custou um milhão de reais. A cifra foi comunicada por Gilberto Carvalho, ministro palaciano de Dilma por quatro anos, em reunião interna do partido. No mesmo encontro, um deputado...
O plano do PT de tornar a tentativa de registro da candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral um grande ato político para mobilizar a militância custou um milhão de reais. A cifra foi comunicada por Gilberto Carvalho, ministro palaciano de Dilma por quatro anos, em reunião interna do partido. No mesmo encontro, um deputado petista pediu que parlamentares liberassem funcionários para a manifestação.
Com direito a carro de som e integrantes do MST, o evento em favor de Lula era mais um passo para o PT, na verdade, emplacar o desconhecido Fernando Haddad como o candidato do ex-presidente preso. Nem a equipe dele disfarçava que ali não era uma mobilização em favor de Lula mas, sim, um capítulo da campanha de Haddad. Debaixo do sol forte no gramado do TSE, ele vestiu empolgado a fantasia de candidato. Enquanto isso, a impopular Dilma Rousseff ficou isolada e teve até de se identificar aos seguranças para entrar na corte.
"Estamos gastando um milhão de reais. Isso é público, preciso falar para vocês, é bastante dinheiro", disse Gilberto Carvalho em reunião fechada do PT na última segunda-feira. A reunião aconteceu em um pequeno teatro no centro de Brasília, vizinho da sede do rival PSDB. Com camisa social rosa, Carvalho ajudou a levar duas cadeiras para o palco do auditório, mas ficou sentado na plateia, em um canto, sozinho, até ser chamado a falar. Após o discurso, foi embora antes de a audiência terminar.
O deputado distrital Chico Vigilante, interlocutor frequente do ex-ministro José Dirceu e influente na militância petista, avisou que liberaria seus funcionários para protestar a favor de Lula. E exortou parlamentares da Câmara e do Senado a fazerem o mesmo. "Os deputados federais do PT e os senadores do PT fechem o gabinete e botem os funcionários para ir pro ato, com seus familiares. A mesma coisa na Câmara Legislativa: os três gabinetes do Partidos dos Trabalhadores vão fechar durante o dia e vamos para a mobilização. É a mobilização das nossas vidas", declarou, exaltado, depois de admitir que estava "tremendamente preocupado" com o protesto. Tinha receio de pouco público.
No dia seguinte, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, foi ao acampamento dos sem-terra, perto do Estádio Nacional Mané Garrincha. Mostrava expressão fechada quando os grevistas de fome, há 15 dias ingerindo no máximo suco, estavam com a palavra. "Horrível ouvir ele falar assim, né?", ela comentou com um deputado após o discurso de um do grupo. De terno marrom, Gleisi só vestiu o chapéu do MST na hora de falar, tentando mobilizar público para o protesto no dia seguinte. Tirou algumas fotos e foi embora no carro do Senado.
Às 17h04, Fernando Haddad, ladeado pela mulher, estava impaciente. "Deixa passar quem vai entrar, gente", dizia baixo à comitiva, às portas do TSE. O aviso dos seguranças era claro e ríspido: só seis representantes da sigla entrariam para registrar Lula. E assim foi feito.
Mas a ex-presidente Dilma Rousseff estava atrasada. Dedicava-se a apertar as mãos de manifestantes, detidamente. Quando percebeu que a trupe já estava dentro do prédio, interrompeu a cena e, num sobressalto, andou rápido para o portão. "É aqui que entra?", perguntou. Os três seguranças não se mexeram. Comentaram entre si que a regra era que somente seis entrassem. E assim ficaram. Logo em seguida, chegou o fotógrafo de Lula, Ricardo Stuckert. "Presidente da República", disse. Só assim os funcionários abriram a porta para Dilma, que há dois anos era a autoridade máxima do Brasil.
Às 17h33, Dilma, Haddad e Gleisi Hoffmann saíram da corte com a folha de papel que comprovava o registro de Lula — que deve ser negado, com base na Lei da Ficha Limpa. Enquanto todos abriam sorrisos largos para fotos e a presidente do PT exibia o documento, Dilma disse a Gleisi: "Você guarda isso direito, minha filha!". E seguiram de volta para o trio elétrico, de onde discursariam para a militância. Menos Haddad. Ali começava o verdadeiro plano para aquele dia.
"Fala andando para a frente. Forte! Enérgico!", ensinava um dos oito funcionários da campanha do petista. Haddad leu por cerca de 30 segundos duas páginas de papel e tirou algumas dúvidas rápidas. "Quer água?", ofereceu a mulher, Ana Estela. "Não precisa", respondeu. E começou, dirigindo-se à câmera: "Muita gente acreditava que esse dia não chegaria. O dia em que nós registraríamos a chapa Lula-Haddad aqui no Tribunal Superior Eleitoral". A equipe pediu mais uma gravação. "Faltou alguma coisa?", perguntou Haddad. Sim. Repetiu o script eleitoral. Seria necessária uma terceira filmagem. "Ah, cara!", reclamou. Ainda teria de andar e discursar bonito, com o TSE ao fundo, uma quarta vez. Missão cumprida, liberado pelos marqueteiros, correu para o trio elétrico, passando pela militância distribuindo apertos de mão apressados. Um empregado da campanha segurava a máquina fotográfica, mirando nos manifestantes e, com a outra mão, fazia o "L", pedindo que imitassem o gesto, em alusão a Lula, e saíssem bem na foto.
Às 18h13, findos os discursos inflamados, o protesto — estimado em 10 mil pela polícia e em 50 mil pelos organizadores — gritou "boa noite, presidente Lula". Às 18h20, o locutor do trio elétrico orientava as caravanas a voltar para os ônibus, dividindo-os por estado. Terminava o ato de um milhão de reais.
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Comentários (10)
Gilson
2018-08-18 16:59:17Alguém de bom senso acredita nessa conta de que gastaram apenas 1 milhão.
Vinicio
2018-08-17 14:01:47De onde sai tanto dinheiro? O partido tem dividas até o pescoço, isto dito por um dos tesoureiros que está preso, as famosas "doações" caíram drasticamente, mas continuam fazendo passeatas, acampamentos e viagens, alguma coisa não se encaixa nisto tudo.
Estela
2018-08-17 08:06:32Esse texto é uma satisfação. Ainda acho 10 mil pessoas muito. Preocupa-me, com desconforto, a quantidade de pessoas nos meios acadêmicos/universitários e, que não compreendeu AINDA o que é e o que foi todo esse reinado nefasto do lulopetismo. É impressionante! Essa "casta" social que vive numa completa bolha ideológica, não tem a menor ideia do tamanho da sua ignorância e ainda se consideram os iluminados a enxergar muito mais e melhor que qq outro grupo. Uma verdadeira tragédia cognitiva!
José
2018-08-16 17:11:49"L" de ladrão?
Márcia
2018-08-16 16:17:50Que circo de quinta categoria...
Heitor
2018-08-16 15:56:34Ato livre e espontâneo de R$ 1.000.000,00
Heitor
2018-08-16 15:56:00Essa despesa foi declarada na Campanha? Quem se importa?
Wanderlei
2018-08-16 15:45:45Tragicomédia petralha, uma esculhambação para burro encantado se orgulhar de participar de tamanha caca.
Auxiliadora
2018-08-16 15:06:28Uma palhaçada o circo todo armado e a imprensa como sempre com os holofotes no presidiário e pra cabaaaaaaa... até qdo vamos ter que ouvir e ver reportagens inteiras protogonizada pelo presidiário e tudo que ele quer e a imprensa ali fiel ninguém bate na tecla da ineligibidade ele é ficha suja.pronto.simples.So que não afinal ele é o ícone dessa esquerda corrupta e seus sequazes da mídia
Janete
2018-08-16 14:50:31Desperdiçaram o Brasil...e ainda continuam desperdiçando! Um milhão de Reais para " ato fake"...e ainda acham que vão ganhar alguma coisa!