As propostas do colombiano Hernández: prisão em 2ª instância e reatamento com Venezuela
O empresário do setor imobiliário Rodolfo Hernández (foto), de 77 anos, ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições na Colômbia disputadas neste domingo, 29. Ele disputará o segundo turno com Gustavo Petro, de esquerda, no dia 19 de junho. As últimas pesquisas de opinião mostravam os dois praticamente empatados para a próxima rodada....
O empresário do setor imobiliário Rodolfo Hernández (foto), de 77 anos, ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições na Colômbia disputadas neste domingo, 29. Ele disputará o segundo turno com Gustavo Petro, de esquerda, no dia 19 de junho. As últimas pesquisas de opinião mostravam os dois praticamente empatados para a próxima rodada.
Hernández tem se colocado como um candidato contra os políticos tradicionais e contra a corrupção. "Hoje sabemos que há uma vontade cidadã firme para acabar com a corrupção como sistema de governo. Hoje perdeu o país da politicagem e da corrupção", disse Hernández, em discurso após a divulgação do resultado.
Em seu programa de governo, ele diz que a prescrição de delitos não será um expediente para dar impunidade aos corruptos e defende a prisão em segunda instância (que o Supremo Tribunal Federal do Brasil revogou em 2019). Apesar desses temas agradarem aos colombianos, qualquer reforma do Judiciário não está dentro do alcance do presidente do país.
O candidato também promete incentivar a fiscalização do poder público pelos cidadãos, estimulando denúncias. "Eles receberão recompensas pelo dinheiro recuperado dos políticos corruptos que eles expõem. Eles não serão mais maltratados e suas recomendações terão que ser atendidas prontamente." Um instituto ficaria encarregado de devolver aos colombianos o dinheiro roubado. Aqueles que fizerem denúncias poderiam ficar com até 20% do valor recuperado.
"Hernández apelou às emoções com um discurso monotemático anticorrupção sem fazer propostas substantivas e detalhadas sobre macroeconomia, acordo de paz e igualdade social", diz o sociólogo Ricardo Vargas Meza, pesquisador da Universidade Nacional, em Bogotá.
Ao falar de segurança, área que é de grande importância para os colombianos, após décadas de guerra civil, Hernández carece de um plano concreto e cai em algumas armadilhas da esquerda, como o de achar que a criminalidade é consequência direta das condições precárias de vida. "Geralmente, um cidadão com rendimentos e sem fome não é violento", escreve ele, em seu plano de governo.
Hernández teve uma filha sequestrada e morta pelo Exército de Libertação Nacional, o ELN, de inspiração cubana. Mesmo assim, ele fala em se aproximar do grupo, que vive principalmente do narcotráfico, para incluí-lo com um jeitinho no acordo de paz feito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, em 2016. "Basta um adendo para que se inclua essa organização como assinante do acordo. Não se estabelecerão novas mesas de negociação que impliquem conversas intermináveis", diz ele em seu plano de governo.
É uma proposta ingênua, até porque o ELN tem crescido e se fortalecido nos últimos meses e não teria qualquer benefício em entregar as armas. "Hernández carece de diagnósticos claros sobre o conflito armado, sobre o acordo de paz, o tráfico de drogas, os grupos paramilitares e questões de segurança em geral. Ele simplificou demais esses temas", diz Vargas Meza.
Na área de relações exteriores, Hernández propõe reatar as relações com a Venezuela, algo que seu rival Gustavo Petro também deseja. O país vizinho tem sido um santuário para o ELN e tem usado as rendas obtidas com o narcotráfico para manter uma elite corrupta no poder. O reatamento seria feito desde o primeiro dia de governo, com o objetivo de aumentar as exportações de produtos colombianos e reativar o turismo.
"A Venezuela é um país vizinho que, mesmo com os bloqueios, está produzindo mais de um milhão de barris de petróleo e precisa de muitos produtos que podemos vender com todas as garantias", diz Hernández, em seu programa.
A realidade é mais complicada que isso. A produção de petróleo venezuelana, segundo as cifras oficiais, está em 750 mil barris por dia. Não existe turismo de venezuelanos na Colômbia e sim 1,8 milhão de refugiados que fugiram da ditadura de Nicolás Maduro e da crise econômica causada por ele e por seu antecessor, Hugo Chávez. Apenas uma minoria de venezuelanos ligada ao regime hoje tem condições de comprar alimentos em dólares. O restante da população está vendo o salário ser carcomido por uma inflação que este ano deve chegar a 500%.
"Uma retomada das relações poderia permitir um fluxo comercial maior na fronteira, mas é difícil prever o quanto seria esse impacto. A diferença econômica entre os dois países faz com que seja difícil voltar a ter a mesma escala de comércio que existia antes", diz o economista venezuelano Giorgio Cunto, da consultoria Ecoanalítica, em Caracas. "Outro problema é que as empresas privadas colombianas que têm evitado fazer negócios com a Venezuela por medo das sanções americanas não mudarão de posição."
Com cabeça de empresário, Hernández pensa nos lucros que poderiam vir com uma aproximação diplomática. Contudo, para resolver o problema econômico da Venezuela, talvez seja preciso primeiro encontrar uma saída para sua crise política.
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Comentários (4)
VITOR
2022-05-31 14:18:52Pelo visto, a Colômbia está tão mal quanto o Brasil em termos de opções de candidatos à presidência: um esquerdista amigo de terroristas e um direitista desmiolado. Parece até um país que eu conheço...
Vinicius Adelino Da Fonseca
2022-05-31 11:11:19Já vi este filme
Ivan
2022-05-30 18:52:43Antigamente os idiotas latino-americanos eram de esquerda. Escreveram até um livro sobre isto. Hoje a idiotice de democratizou e habita a esquerda e a direita.
MARCOS
2022-05-30 18:51:04Aqui no Brasil o idiota.a povo brasileiro adora a corrupção e vai votem corruptos.