As acusações contra Jair Bolsonaro no relatório da PF
Relatório afirma que o ex-presidente "planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa"
O relatório de 884 páginas da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado dedica mais de oito delas para fazer acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade", diz o texto.
As ações teriam começado em 2019, com alegações falsas sobre as urnas eletrônicas.
Reuniões em 2022 teriam como objetivo seguir com essas acusações, colocando em xeque a lisura do sistema de votação.
Um decreto depois teria sido elaborado com objetivo de provocar uma ruptura institucional, impedindo a posse de Lula.
"Na concepção dos integrantes da organização criminosa, a assinatura deste decreto presidencial serviria como base legal e fundamento jurídico para o golpe de Estado", diz o relatório.
O planejamento e o andamento dos atos seriam sempre reportados a Jair Bolsonaro "diretamente ou por intermédio de Mauro Cid".
"Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde Amarelo), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022", diz o texto.
Manifestações no QG do Exécito
O documento também diz que uma das linhas de ação foi o direcionamento das manifestações em frente às instalações militares.
Segundo a PF, em 11 de novembro de 2022 já havia a intenção de que as manifestações fossem direcionadas fisicamente contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, "fato que efetivamente ocorreu no dia 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro teria, pessoalmente, feito ajustes na minuta do decreto presidencial e convocado os comandantes das Forças Armadas no Palácio da Alvorada para apresentar o documento e pressioná-los a aderirem.
Apenas o comandante da Marinha, o almirante Garnier, colocou-se à disposição.
"Diante da recusa dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica em aderirem ao intento golpista, o então presidente Jair Bolsonaro, no dia 09 de dezembro de 2022, reuniu-se com o general Estevam Theóphilo, comandante do Coter, que aceitou executar as ações a cargo do Exército e capitanear as tropas terrestres, caso o então presidente Jair Bolsonaro assinasse o decreto", diz o relatório.
"Se o EB (Exército) sair dos quarteis...e para aderir"
De acordo com a PF, a expectativa entre os investigados de que um Golpe de Estado, apoiado pelos militares, ainda poderia ocorrer perdurou já na vigência do novo governo, principalmente quando se desencadearam as manifestações em 8 de janeiro de 2023.
"Na tarde do dia 8 de janeiro de 2023, Mauro Cid começou a receber fotografias dos atos que ocorriam na Esplanada dos Ministérios enviadas por sua esposa, Gabriela Cid. Em resposta, Mauro Cid afirmou que caso o Exército brasileiro saísse dos quarteis, seria para aderir ao Golpe de Estado. Diz: 'Se o EB (Exército) sair dos quarteis...e para aderir'”.
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