Argentina volta a controlar a compra de dólar
Novo restrição argentina proíbe conversão entre dólar oficial e financeiro por 90 dias para frear arbitragem cambial

O governo argentino reativou nesta última sexta-feira uma velha medida restritiva que impõe um prazo de noventa dias a quem comprar dólar oficial, proibindo de operar com os dólares financeiros durante esse período.
A Comunicação do Banco Central regressa à prática da restrição cruzada, uma estratégia que busca impedir o uso de instrumentos financeiros para lucrar com a diferença entre taxas de câmbio, algo que por lá chamam de "rulo"
A medida, que já vigorava para pessoas jurídicas, agora volta a se estender também a pessoas físicas, exigindo que o comprador de dólares oficiais assine uma declaração oficial de que não utilizará esses recursos para acessar mercados financeiros.
A justificativa do governo é a contenção de arbitragens que se aproveitam da brecha cambial entre o dólar oficial e os dólares financeiros, um fenômeno que vinha aumentando desde que as restrições haviam sido afrouxadas em abril desse ano.
O diretor do Banco Central argentino esclareceu que a restrição não impede a aquisição de dólares para a poupança, como se via em anos anteriores, mas sim que estas compras sejam usadas para abastecer o mercado financeiro de divisas.
Nas semanas anteriores, o Banco Central já tinha estendido restrições similares a executivos de bancos e a pessoas vinculadas ao setor financeiro, aumentando o controle sobre quem pode se movimentar entre os canais oficiais e os financeiros.
A reação dos mercados foi rápida, com as cotações dos dólares financeiros subindo e a diferença entre as taxas se ampliando, mostrando que o "rulo" pressionava os preços de modo visível.
Essa reversão partiu depois de meses em que o governo havia retirado controles para incentivar a liberalização cambial, uma aposta política e econômica que, ao menos provisoriamente, teve que ser desfeita.
Essa semana o presidente argentino, Javier Milei, foi atrás de apoio dos Estados Unidos, nasemana da reunião da ONU, em Nova York e conseguiu.
Scott Bessent, secretário do Tesouro americano, declarou que a "Argentina tem as ferramentas para derrotar os especuladores, incluindo aqueles que buscam desestabilizar os mercados argentinos para objetivos políticos", e se disponibilizou para adquirir títulos argentinos em dólar e oferecer uma linha de swap de 20 bilhões de dólares.
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