Após decisão americana sobre patentes, Brasil adota postura mais ponderada
Dois dias após os Estados Unidos anunciarem que defenderão a suspensão de patentes de vacinas contra a Covid na Organização Mundial do Comércio, a OMC, o Brasil divulgou uma nota dizendo que apoia uma "terceira via" nas negociações multilaterais. "A flexibilização de posições dos EUA e de demais parceiros na OMC poderá contribuir para os...
Dois dias após os Estados Unidos anunciarem que defenderão a suspensão de patentes de vacinas contra a Covid na Organização Mundial do Comércio, a OMC, o Brasil divulgou uma nota dizendo que apoia uma "terceira via" nas negociações multilaterais.
"A flexibilização de posições dos EUA e de demais parceiros na OMC poderá contribuir para os esforços internacionais de resposta à Covid, inclusive nas negociações em curso sobre suspensão temporária de disposições no acordo de Trips relativas ao combate à pandemia. Poderá, em particular, facilitar a implementação das propostas da 'terceira via', que visam a aumentar e diversificar a produção e disseminação de vacinas, principalmente em países em desenvolvimento, com melhor utilização de capacidade ociosa", diz o texto.
A nota afirma que, em qualquer cenário, "será fundamental contar com o engajamento, cooperação e parceria dos detentores de tecnologias para a produção de vacinas de maneira a viabilizar sua produção no Brasil e demais países em desenvolvimento".
A nota brasileira não implica uma mudança de postura, ao mesmo tempo em que deixa a porta aberta para negociações futuras. "Parece que o Brasil se colocou em uma posição de observador. Com a discussão ganhando corpo no Congresso e os Estados Unidos sinalizando que algo pode ser feito, o governo brasileiro entendeu que poderia ficar isolado se continuasse apenas fazendo oposição a qualquer avanço", diz Henderson Fürst, presidente da Comissão Especial de Bioética da OAB. "Ao falar em terceira via, o Brasil não está falando em quebra de patentes, mas em estimular a negociação para que se possa aumentar a produção de vacinas. É uma mudança positiva. Dependendo de para onde as conversas andarem, o Brasil poderá se juntar aos demais."
O presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, também aprovou o comunicado. "O Brasil parece estar indo para uma via mais diplomática, que leva em consideração que precisamos negociar. É somente com a ajuda dos detentores de patentes que podemos receber a tecnologia para fazer vacinas no Brasil. Foi assim que a Fiocruz e o Instituto Butantan conseguiram produzir vacinas no Brasil", diz Mussolini.
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Comentários (2)
Maria
2021-05-09 10:46:40Morro de rir. O Brasil de Bolsonaro realmente pensa que tem alguma relevância mundial, que todos os líderes mundiais estão prestando muita atenção no Bananão. O Brasil é nada. Zero. Uma piada. MS
PAULO
2021-05-08 14:08:45A posição do Brasil é acertada. Por um lado é importante que se tratando de uma pandemia, todos os países tenham acesso às vacinas. Porém, a rápida resposta das farmacêuticas no desenvolvimento das vacinas, só foi possível pela perspectiva do retorno financeiro.