'Amor à camisa e falta de estrutura': a nova realidade das apurações anticorrupção sob Aras
Muito “amor à camisa” e quase nenhuma estrutura. É como os integrantes dos Gaecos, como são chamados Grupos de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal, definem a nova rotina das investigações deixadas pela Lava Jato. Vendidos pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, como o modelo ideal de combate à corrupção após o estrangulamento das...
Muito “amor à camisa” e quase nenhuma estrutura. É como os integrantes dos Gaecos, como são chamados Grupos de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal, definem a nova rotina das investigações deixadas pela Lava Jato. Vendidos pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, como o modelo ideal de combate à corrupção após o estrangulamento das forças-tarefas, os Gaecos não estão preparados, hoje, para dar suporte a grandes investigações como, por exemplo, a que desbaratou o esquema do petrolão.
Aras tem utilizado como base do “novo modelo” uma resolução sobre os Gaecos elaborada em agosto de 2013, quando os esquemas de corrupção da Petrobras nem sequer haviam sido descobertos ainda. O texto garante, por exemplo, apenas um procurador dedicado a cuidar cuidar exclusivamente das investigações na maior parte dos estados do país. Mas nem isso é cumprido, segundo procuradores ouvidos por Crusoé.
“Todo mundo vai ali no amor à camisa. É mais trabalho, e só isso. Não tem exclusividade. Não tem essa perspectiva. O procurador vai trabalhar mais e vai organizar as coisas do estado”, afirmou a Crusoé um integrante de um dos grupos formados pelo MPF. Na prática, além dos trabalhos especializados, os procuradores acumulam diversos outros casos que em nada se relacionam com o crime organizado, corrupção ou lavagem de dinheiro.
“O Gaeco tem essa questão da exclusividade, porque os Gaecos são criados regionalmente, mas os colegas se voluntariam para auxiliar sem a desoneração, sem a exclusividade. Eles continuam com acervo dos ofícios deles. Obviamente, você é cobrado por seu acervo”, afirma o diretor da Associação Nacional dos Procuradores da República, Francisco Vollsteadt, que já trabalhou em forças-tarefas como a da Operação Panatenaico, que desvendou desvios na construção do estádio Mané Garrincha.
Em suas redes sociais, a procuradora Janice Ascari, ex-coordenadora da Lava Jato de São Paulo, também tece críticas ao modelo de Aras. “É um agrupamento de procuradores que atuam sem exclusividade e sem nenhuma estrutura para realizar as investigações”, diz ela.
O clima de insatisfação não é recente. Em setembro, a Lava Jato paulista foi encerrada após um pedido coletivo de demissão de seus integrantes. A decisão foi tomada após a procuradora que assumiu o grupo começar a atrasar investigações, arquivar inquéritos e redistribuir os casos. A PGR nada fez a respeito.
Nesta semana, além de encerrar as atividades da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador-geral esticou por apenas dois meses a duração do grupo do Rio de Janeiro. Os paranaenses já passaram a integrar o Gaeco, e os cariocas terão apenas o prazo estipulado por Aras para se adaptar ao mesmo modelo, que, até agora, trouxe apenas a certeza de baixas no combate à corrupção.
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Comentários (10)
CARLOS
2021-02-13 00:06:46Não se engana todo um povo todo o tempo, PT e Bolsonaro NUNCA MAIS! Vida longa para a lava-jato, Sérgio Moro e equipe em 2022
Laercio
2021-02-08 18:45:23Tudo como dantes...!!! Nada mudou, por não dizer piorou...!
Nádia
2021-02-08 15:45:59Nessa foto.. só pode tá zurrando.. não há outra alternativa.
Solange
2021-02-08 15:43:02Aras, não o único, instrumento do c. No p.
KEDMA
2021-02-08 11:45:30Aos procuradores que ainda trabalham “por amor à camisa”, meus parabéns!
Tania
2021-02-08 05:37:40Quando lembro que esse Presidente só falava na Lava Jato... todos acreditaram que ele apoiava a operação. Isso é revoltante. Termos que aguentar esses cínicos é uma afronta. Mas 2022 vem aí.
Cleusa
2021-02-07 18:48:35Impressiona ver com alguns são capazes de destruir a esperança de muitos brasileiros de ter um país onde a impunidade deixe de existir !
Astor
2021-02-07 15:56:46ARAS,nem à lista pertencia. O porquê ele foi o escolhido, só cego não vê
José
2021-02-07 12:54:24O cara conseguiu... uma estrutura profissional de Curitiba, estilo UEFA virou uma terceira divisão amadorística ...
Claide rocha
2021-02-07 12:49:38Bolsonaro está conseguindo tudo o que queria..proteger a família de bandidos e ele próprio..acabar com a luta contra corrupção...comprar por bilhões de NOSSO dinheiro os eternos bandidos...ACORDA BRASIL...