Alexandre de Moraes distorce motivos que levaram à criação da ONU
Ministro do STF disse que a organização foi criada para promover a democracia, mas essa palavra nem aparece na sua carta de fundação
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O mininistro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes (foto) distorceu os motivos que levaram à criação da Organização das Nações Unidas, ONU, em uma mensagem em vídeo feita para uma audiência da Corte nesta quinta, 27.
Moraes afirmou que a ONU foi criada para defender a democracia, o que é falso.
"Há 73 anos, em 27 de fevereiro, de 1952, foi realizada a primeira reunião da ONU em sua sede permanente de Nova York, após sete anos da reunião inaugural da ONU que, foi como todos nós sabemos, em 24 de outubro de 1945. Hoje, (o prédio) abriga 193 estados-membros e dois observadores, que permanecem com o mesmo ideário de criação da ONU e de instalação da sua casa própria: a luta contra o fascismo, contra o nazismo, contra o imperialismo, em todas as suas formas, seja presencial, seja virtual. E também a defesa da democracia e a consagração dos direitos humanos", afirmou Moraes.
"Nesses 73 anos de inauguração da sede oficial da ONU é importante que todos nós reafirmemos nossos compromissos com a defesa da democracia, dos direitos humanos, da igualdade entre as nações e o nosso juramento integral de defesa da Constituição brasileira e pela soberania do Brasil, pela independência do Poder Judiciário e pela cidadania de todos os brasileiros e brasileiras, pois deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822, e com coragem estamos construindo uma república independente e cada vez melhor, independente e democrática com a Constituição de 1988", disse Moraes, lendo um texto em tom nervoso.
Por que a ONU foi criada
A ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de evitar novas guerras.
Os países que se juntaram à organização eram aqueles que tinham vencido o conflito.
Entre eles, havia várias ditaduras, como a Uniãõ Soviética, a China e a Arábia Saudita.
Por esse motivo, a palavra "democracia" nem sequer aparece na Carta de fundaçaõ da ONU.
Moraes também fala na "a luta contra o fascismo, contra o nazismo, contra o imperialismo, em todas as suas formas, seja presencial, seja virtual", o que não faz o menor sentido.
Só se começou a falar em "mundo virtual" após a criação da internet, em 1969.
Além do mais, a Carta da ONU não fala em derrotar o nazismo, porque esse já tinha sido derrotado.
Preâmbulo
Vale lembrar, então, o que diz o prêambulo da Carta das Nações Unidas:
"Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. E para tais fins, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em vista disso, nossos respectivos governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas", diz a Carta.
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