Advogado de hacker tenta politizar depoimento de Moro e é repreendido por juiz

“Eu não estou vendo objetivo do senhor com essa pergunta. Qual é o objetivo?”, indagou o juiz federal Ricardo Soares Leite, ao advogado do hacker Walter Delgatti, o ‘Vermelho’, durante o depoimento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

O magistrado indeferiu parte das perguntas feitas pela defesa, por não guardar relação com a ação penal contra os suspeitos do hackeamento de autoridades e procuradores da Lava Jato. Moro foi ouvido na condição de testemunha.

O advogado Ariovaldo Moreira, defensor de ‘Vermelho’, tentou o tempo todo politizar o depoimento — como quando questionou Moro sobre os motivos que o levaram, por exemplo, a não reconhecer a autenticidade das mensagens hackeadas por seu cliente.

O defensor do hacker também questionou se o então ministro da Justiça não “interveio junto à PF” para que as investigações fossem feitas pelo órgão. Ao elaborar a questão, citou o episódio que levou à saída de Moro do governo Bolsonaro. “Recentemente, o presidente da República foi acusado de intervir na PF. Essa atitude do senhor não é uma interferência na PF na qualidade de Ministro da Justiça?”.

O ex-juiz respondeu: “Ninguém cometeu crime na Lava Jato fora os criminosos, dr. Pode ficar tranquilo quanto a isso”.

O juiz Ricardo Soares Leite chegou a interromper a audiência e dizer a Moro que poderia escolher entre responder ou não a determinadas questões elaboradas pela defesa de ‘Vermelho’.

“A defesa tá fazendo uma pergunta de CPI pra testemunha”, fez coro o procurador Wellington Divino Marques.