Abin não entrega dados à CPI e senador ameaça pedir busca e apreensão na agência

A CPI da Covid aprovou, no dia 10 de junho, um requerimento com solicitação de informações à Agência Brasileira de Inteligência. Quase um mês depois, a Abin não entregou a documentação à comissão parlamentar de inquérito. Diante da resistência da agência em repassar relatórios de inteligência produzidos durante a pandemia, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, disse que vai à Justiça para cobrar o cumprimento da determinação da comissão.

“E se não for cumprida, vamos pedir busca e apreensão desses relatórios, além do afastamento de Alexandre Ramagem”, explicou Randolfe, ao mencionar o diretor-geral da Abin. O Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo general Augusto Heleno, justificou a recusa da entrega dos documentos com o argumento de que há “procedimento próprio” para a exibição de documentos de inteligência elaborados pela Abin.

“Isso não está correto. A requisição de documentos aprovada por uma comissão parlamentar de inquérito equivale à requisição de documentos em qualquer inquérito”, justificou Randolfe. “Isso só aumenta nossa curiosidade em saber quais informações a Abin acompanhou no decorrer da pandemia e não quer entregar a esta CPI”, acrescentou o senador da Rede.

No requerimento aprovado pela comissão, o parlamentar solicitou “que sejam encaminhados todos os relatórios de inteligência, ou quaisquer outros documentos, produzidos pelos órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência, em especial pela Agência Brasileira de Inteligência, relativos à pandemia de Covid-19”.

Reportagem publicada por Crusoé em maio mostrou que a Abin foi usada pelo Palácio do Planalto para levantar denúncias contra governadores e prefeitos. A estratégia tinha a intenção de tirar o foco da investigação do governo federal.