Adriano Machado/Crusoé

A posse na imprensa internacional: desprezo e chavões

01.01.19 20:16

Alguns dos principais jornais do mundo não divulgaram matérias sobre a posse do presidente Jair Bolsonaro (foto). O dia da cerimônia —1º de janeiro, muito perto do réveillon— não contribuiu. Muitos jornalistas ainda estão de folga e o público leitor no resto do mundo é baixo. O Wall Street Journal só falou sobre a promessa de permitir a compra de armas, mas nada disse sobre a posse. O New York Times e a  Economist ignoraram o assunto.

Entre os que deram espaço, imperaram as críticas e o ceticismo. Em geral, os veículos ressaltaram o presidente de “extrema direita” ou “ultradireitista” e trouxeram à tona o passado militar do “capitão reformado”, como fez a estatal inglesa BBC e os argentinos Clarín e La Nación.

A rede americana CNN, no título de sua matéria, falou do “Trump dos trópicos”. Usou a posse em Brasília como um trampolim para atacar seu grande inimigo, o presidente americano Donald Trump. Segundo o título da CNN, Bolsonaro teria como missão “pegar pesado em, bem… praticamente tudo”.

Para atestar a probabilidade iminente de um retorno à ditadura militar, bastava citar as medidas de segurança neste dia 1º de janeiro. O título do espanhol El País era: “Blindada, Brasília recebe apoiadores para a posse de militar reformado”. No subtítulo, falava-se de um “esquema de segurança sem precedentes”. O inglês The Guardian concluiu sua matéria dizendo que “o Brasil, o eterno país do futuro, pode encontrar seu destino voltando sua cabeça para o passado”. O Washington Post afirmou que muitos de seus principais ministros são generais e que deputados fizeram o sinal de arma com os dedos.

Correspondentes estrangeiros que foram para Brasília chiaram porque tiveram de chegar sete horas antes dos eventos e ficaram confinados por razões de segurança. A medida foi exagerada e também afetou os profissionais brasileiros. Mas, pelo visto, poucos dos convidados de fora conseguiram respirar e tentar entender o que levou Jair Bolsonaro a receber 57,7 milhões de votos em outubro. O fastio com os amplos esquemas de corrupção e com a criminalidade praticamente não entraram nos parágrafos.

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