Cláudio Kbene/PR via FlickrMárcio Pochmann, o presidente do IBGE, mostra novo mapa feito pelo instituto a Lula

A periférica ideia de Pochmann para pôr o Brasil no mapa

12.04.24 12:08

Márcio Pochmann (foto), o presidente do IBGE, resolveu colher nesta quinta-feira, 11, os louros de uma ação que o instituto se empenhou nos últimos meses: desenvolver um mapa mundi onde o Brasil ocupa o centro do mapa.

O documento, que pode ser visto aqui, causa algum desconforto ao primeiro olhar. Como os documentos oficiais do IBGE, ele é perfeitamente exato — a latitude 0º, conhecida como Meridiano de Greenwich, está ligeiramente à direita de onde normalmente a encontramos nos livros de geografia, mas ainda seguindo a norte e sul de onde está a cidade de Londres, seu marco oficial. E, assim como toda representação plana de algo esférico, conta com áreas que acabaram ligeiramente distorcidas e um pouco maior ou menor do que realmente são.

Mas a liberdade poética tem consequências: países como China, Rússia, Filipinas e Austrália acabam cortados em dois, e ocupam extremos do desenho. As Ilhas Falklands aparecem grafadas como Malvinas e declaradas como parte da Argentina, tal como o Itamaraty defende, mas que não é reconhecido pelos seus moradores.

Pochmann foi ao X (antigo Twitter) defender o novo mapa — que passará a ser usado em repartições públicas que façam uso de mapas deste tipo. “É um dever do IBGE destacar a importância desta publicação na formação do povo brasileiro. E como o Brasil é visto no mundo”escreveu. Para ele, mapas “representam a própria face de uma Nação.”

Escolher colocar seu país no centro do mapa, assim como tornar oficial sua visão da Terra, é uma decisão política voltada ao nacionalismo — de ditaduras ou países democráticos. A Alemanha nazista, em 1938, já editava mapas sobre “o povo alemão no mundo” onde o pequeno território alemão (que ocupa 0,2% da superfície do planeta) está quase no centro da página.

Mapa da Alemanha nazista, de 1938
E, em um dos casos mais conhecidos, os mapas chineses colocam o território do país sempre ao centro de suas publicações. O próprio nome do país  (Zhong-guó), em sua própria língua, significa “terra do meio”.

Exemplo de um mapa chinês atual
A ideia de um mapa “Latino-centrado” já havia sido utilizado pelo governo argentino de Alberto Fernández em 2020. Por lá, o peronista, junto com Cristina Kirchner, apresentou uma ilustração onde a Antártida é retratada com outra escala, para parecer maior na imagem. O mapa agora é chamado de “bicontinental”, por englobar a América e a Antártida — onde os argentinos acreditam ter direito a um território. As Malvinas, nele, aparecem como argentinas e ponto final. 

Ao fechar os olhos, no entanto, é difícil não imaginar o mapa mundi como historicamente conhecemos — com a África e a Europa ao centro da ilustração. Pochmann terá de de esforçar bem mais que isso.

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  1. Mas agora vem a melhor parte: imprimir milhares de copias dessa merda, a preços superfaturados, pra ganhar um pixuleco pro ParTidao.

  2. Puxa vida, como é bom saber que esse imbecil está fazendo um bom uso do tempo e dos recursos públicos. Tai um ótimo exemplo de bom emprego do suado dinheiro do pagador de impostos. VTNC!!!!!

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