A ‘operação de guerra’ da PGR para copiar os dados da Lava Jato
Desde a terça-feira, 21, quatro pessoas designadas pela Procuradoria-geral da República, a PGR, estão na sede da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, para copiar todos os dados amealhados no últimos seis anos de investigação. O compartilhamento dos dados está no centro da crise entre o procurador-geral da República, Augusto Aras (foto), e as forças-tarefas....
Desde a terça-feira, 21, quatro pessoas designadas pela Procuradoria-geral da República, a PGR, estão na sede da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, para copiar todos os dados amealhados no últimos seis anos de investigação. O compartilhamento dos dados está no centro da crise entre o procurador-geral da República, Augusto Aras (foto), e as forças-tarefas.
A ida dos funcionários para a capital paranaense é tratada como uma operação de guerra dentro da PGR e todos seus detalhes são mantidos em sigilo. O método utilizado no processo de cópia e transporte até Brasília foi estudado pelos peritos da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise, a Sppea. Crusoé apurou que eles também têm suporte de uma empresa especializada no transporte e armazenamento de dados.
Para garantir a fidelidade da cópia e a “cadeia de custódia da prova”, o que assegura no processo que ela é original, os peritos estão se valendo de equipamentos forenses específicos para fazer o compartilhamento. São ‘duplicadores’ para aumentar a velocidade, uma vez que existe a possibilidade da cópia de mais de uma fonte, e ‘storages’ com capacidade para armazenar enormes quantidades de informação.
Todos os itens são ‘espelhados’ e geram um ‘hash’, espécie de assinatura cuja finalidade é provar a origem e o caminho percorrido por ela até o processo em que será utilizada.Na Sppea elas ficaram à disposição do gabinete de Aras. A consulta, apurou Crusoé, será feita apenas sob demanda do PGR.
Ao contrário da última visita de um integrante da PGR à Curitiba, quando a subprocuradora Lindôra Araújo, braço direito do procurador-geral Augusto Aras, chegou a discutir com os procuradores após tentar copiar os dados, o clima no prédio no centro da paranaense é tranquilo. Integrantes do MPF ouvidos afirmaram que são "servidores cumprindo ordens" e que estão recebendo todo o suporte para efetuar a coleta dos dados.
Quatro funcionários enviados pela PGR são recepcionados diariamente por técnicos do MPF. Eles ficam em uma sala própria destinada à força-tarefa. Os poucos que passaram por lá afirmam que a palavra que resume o dia de trabalho deles é "pressa".
Somente a cópia dos 500 terabytes de informações armazenados pela equipe de Deltan Dallagnol deve levar uma ou mais semanas para ser concluída. A PGR já dispõe de boa parte dos dados do MPF - quebras de sigilo bancários, telefônico e fiscais.
A cópia tem como foco depoimentos, relatórios enviados pela Receita Federal e pelo Conselho de Controle da Atividade Financeira, o Coaf, e informações compartilhadas com outros órgãos como o Tribunal de Contas da União, o TCU, e o Cade. Até mesmo informações sobre entradas e saídas em prédios de empresas investigadas estão sendo copiadas. Outro banco de dados importante que seguirá para Brasília é o de cooperações internacionais firmadas para mapear pagamentos de propina e movimentações ilegais no exterior de agentes públicos e empresários.
Fontes ouvidas por Crusoé dizem que o maior problema desse compartilhamento não será o material do MPF, mas sim o banco de dados da PF, com cerca 2 pentabytes em informações coletadas ao longo de diversas fases da operação. Isso é quatro vezes mais do que está nos servidores do MPF.
Esse material abarca todos os itens apreendidos nas mais de mil buscas e apreensões realizadas pela Polícia Federal ao longo dos seis anos de operação. São itens extraídos de celulares, computadores, e-mails e demais equipamentos eletrônicos apreendidos. A PGR não respondeu se tem intenção de copiar todo o material. A PF, questionada, disse que dará todo suporte para que a decisão judicial de compartilhamento seja cumprida.
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Comentários (10)
FRANCISCO
2020-07-29 21:29:16Na Procuradoria Geral do Bolsonaro, o ambiente é incestuoso!
Orchidea
2020-07-29 11:30:06O que vejo é o exercício físico e mental de criminalizar a Lava-Jato , manipulando os brasileiros contra o Moto e afastá-lo de possível candidatura à Presidência. O Aras trabalha para ser mais um do STF,agrada o Chefe e também os Partidos PT, PSDB, e outros envolvidos em corrupção. Enfim, um nobre brasileiro.
ELCIO
2020-07-29 08:30:57Bolsonaro e seus comparsas não tem a minima chance em 2022...
Eduardo
2020-07-29 00:46:09Mais uma clara tentativa de intimidação aos membros da Lava-Jato. Algo parecido com o que fez a Folha de Sao Paulo ao divulgar informações obtidas ilegalmente pelo site Intercept, em vão. Pretendem achar entre os quinquilhoes de documentos copiados qualquer coisa que desabone o então juiz Sergio Moro e procuradores, com um só objetivo - livrar a cara das dezenas de bandidos pegos e condenados por assalto aos cofres públicos. O fogo cerrado contra a LJ vai continuar. Não vai vingar, acreditem.
Carlos
2020-07-28 23:42:06Votei para presidente neste legítimo merda, que hoje demonstra sua verdadeira índole, que escolheu a dedo um capanga para colocar na PGR. São tão nocivos que nem à covid consegue mandá-los para o além.
Solange
2020-07-28 19:49:44Aras e Bozo- túmulos da LJ
Ronaldo
2020-07-28 19:22:44Tudo isso porquê nós elegemos um traíra sem vergonha do baixo clero cuja prioridade é salvar seus filhos, amigos e ser reeleito.
Salvador
2020-07-28 17:32:57Só esperando o uso indevido dos documentos para a casa cair... pela competência dos envolvidos será muito breve!
Luciano
2020-07-28 17:29:41Fora da lista tríplice, sem apoio dos procuradores, alguém tinha dúvidas pra que ele veio???
Luciano
2020-07-28 17:26:16A culpa não é do Aras, e sim do seu chefe !!!