A mobilização para salvar, ao menos, a essência da Lei de Improbidade
Diante da pressão multipartidária pela aprovação do texto que desfigura a Lei de Improbidade Administrativa, o autor do texto original, deputado Roberto de Lucena, do Podemos, tenta manter intacto pelo menos o Artigo 11 da lei em vigor há quase 30 anos. Esse dispositivo prevê punição para “atos que atentem contra os princípios da administração...
Diante da pressão multipartidária pela aprovação do texto que desfigura a Lei de Improbidade Administrativa, o autor do texto original, deputado Roberto de Lucena, do Podemos, tenta manter intacto pelo menos o Artigo 11 da lei em vigor há quase 30 anos. Esse dispositivo prevê punição para “atos que atentem contra os princípios da administração pública ou qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições”. Entre inúmeras mudanças propostas no substitutivo do relator, Carlos Zarattini, do PT, está a eliminação de todo o Artigo 11.
Com isso, tornar públicas informações sigilosas, negar publicidade a atos oficiais, frustrar a licitude de concursos públicos e revelar informações reservadas capazes de afetar o preço de mercadorias, por exemplo, podem deixar de ser passíveis de punição. A famosa carteirada de servidores e autoridades também deixaria de configurar improbidade administrativa.
Ciente da articulação em curso para aprovar o texto de Zarattini, considerado por especialistas como um duro golpe no combate à corrupção, o deputado Roberto de Lucena tenta ao menos manter a punição de atos de improbidade que atentem contra os princípios da administração pública. “É possível encontrar um meio termo, mas o Artigo 11 é inegociável”, afirma o deputado.
A mobilização em torno do substitutivo de Zarattini envolve parlamentares da esquerda, do Centrão e bolsonaristas. Na última quinta-feira, 17, o debate ganhou força após o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, defender alterações na Lei de Improbidade Administrativa. Foi a senha para que a articulação ganhasse mais musculatura.
Bolsonaro afirmou que, hoje, “qualquer negocinho é improbidade administrativa” e foi categórico: “Temos obrigação de mudar isso, senhores parlamentares”. “Não pode trabalhar assim. (O prefeito) quer trabalhar de boa-fé, de peito aberto e, de repente, vai o Ministério Público em cima dele e tudo é improbidade administrativa”, acrescentou o presidente.
O substitutivo do deputado petista é criticado por dezenas de entidades que atuam na luta contra a corrupção, por associações de procuradores e pelo Ministério Público Federal. “A supressão da modalidade de improbidade administrativa de violação de princípios da administração pública representa um grande retrocesso no combate à corrupção e defesa da moralidade administrativa”, sustenta o MPF.
Caso o relator mantenha no texto a supressão do Artigo 11 da Lei de Improbidade, o deputado Roberto de Lucena promete tirar de tramitação seu projeto de lei. Com isso, seria impossível votar a iniciativa. A situação exigiria a apresentação de uma nova proposta legislativa, que começaria a tramitar do zero. “Se eu reapresentar o projeto, o presidente da Câmara terá que recriar a comissão especial, com a redesignação de um novo relator”, explica Lucena.
Outra possibilidade seria a apresentação de um voto em separado, mas, diante da forte pressão em defesa da desfiguração da Lei de Improbidade, o deputado do Podemos prefere não optar por essa alternativa. “Esse seria um risco tolo que eu não gostaria de correr”, explica.
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Comentários (10)
Solange
2020-12-21 17:50:36A máfia está no vértice
Marcelo
2020-12-21 13:59:00Não tem políticos.... e sim uma nuvem de gafanhotos em Brasília...
Roy
2020-12-21 12:32:31Como um país pode ir pra frente se suas próprias instituições trabalham contra seu progresso. Tinha que ser um petista pra comandar uma iniciativa desse nível.
Paulo
2020-12-21 12:29:35Conclusâo: o PT e Bolsonaro estāo juntos para facilitar a vida de corruptos. Kim Kataguiri tem razāo ("Vagabundos, bandidos, quadrilheiros"),
Lia S
2020-12-21 11:52:06E o povo vai só chorar o leite derramado? Não temos força, ou melhor, capacidade, inteligência para lutar contra?? Ir às ruas nesse momento, claro, está fora de cogitação, mas pressionar nas mídias - em todas elas - atualmente funciona e mto! Que tal viralizar a nossa rejeição a essa alteração oportunista e que deixa o País mais ainda nas mãos desses contumazes fraudadores e com o apoio de uma lei!!! Vamos reagir!!!
MARCELO
2020-12-21 11:29:29OS UNICOS PARTIDOS QUE ATUAM CONTRA A CORRUPÇÃO É O PODEMOS E O NOVO, OS DEMAIS PARTIDOS TEM O DNA DA CORRUPÇÃO NA VEIA.
Sônia
2020-12-21 11:18:03Imagine se os ladroes e corruptos ,apoiados pelos filhotes e por Boso ,VÃO QUERER ? Muito dinheiro na cueca .E LIRA O FICHA SUJA VEM AÍ
Geraldo Rodrigues Silva Junior
2020-12-21 10:52:53Somos uma corruptocracia que rebola de fio dental
Geraldo Rodrigues Silva Junior
2020-12-21 10:48:26Só tem lixo corrupto na política e no judiciário desse país. O PT, lula e dirceu nunca irão libertar esse país das suas safadezas hipócritas. Negaram as chances do país melhorar, enquanto estavam no governo e continuam levando esse lixo de nação para atrás. Lixos da esquerda a direita e corruptos da 1ª até a enésima instância. STF e STJ são escritórios de defesa de corruptos, ladrões e doleiros ricos.
Silvino
2020-12-21 09:53:02A esquerda nos últimos anos só se aproveitou do dinheiro público, e os exemplos clássicos foram o Mensalão e o Petrolão, onde envolveuoutros partidos sem qualquer ideologia e respeito à coisa pública. Depois do vendaval que afetou o PT vem agora o deputado Carlos Zaratini (que não perca pelo nome), propor alteração na legislação atual. Hiprocisia dessa gente envolvida em escandalos díários reforça a idéia de afinidade parlamentar em combater principalmente a Lava Jato.