A importância do tempo de TV e rádio para Bolsonaro em 2022
Com um discurso antiestablishment e impulsionado pelas redes sociais, Jair Bolsonaro elegeu-se ao Planalto em 2018 sem precisar fazer grandes aparições nos meios de comunicação convencionais -- chegou ao segundo turno sem participar de debates e com meros oito segundos diários de propaganda eleitoral gratuita. Mas, em 2022, com a bagagem de uma gestão danosa...
Com um discurso antiestablishment e impulsionado pelas redes sociais, Jair Bolsonaro elegeu-se ao Planalto em 2018 sem precisar fazer grandes aparições nos meios de comunicação convencionais -- chegou ao segundo turno sem participar de debates e com meros oito segundos diários de propaganda eleitoral gratuita. Mas, em 2022, com a bagagem de uma gestão danosa na pandemia e próximo ao Centrão, o presidente precisará de inserções consistentes na televisão e no rádio.
Cientistas políticos e aliados do Planalto creem que, no projeto de reeleição, Bolsonaro terá de recorrer aos meios tradicionais porque tanto ele quanto a militância extremista devem enfrentar percalços no meio digital. Embora tenha mais influência em todas as redes e canais de mensagens instantâneas do que seus principais oponentes -- Lula e Sergio Moro --, o presidente pode perder o acesso a essas mídias.
O risco está estampado em inquéritos que o miram. Na semana passada, ao autorizar a investigação de Bolsonaro pela falsa associação entre vacinas contra a Covid-19 e o aumento de chances de infecção pelo vírus da Aids, Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, consultou a Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de pedir a suspensão dos perfis do presidente nas redes. O órgão, no entanto, ainda não se manifestou.
Bolsonaro externou preocupação nesta semana em um inflamado discurso contra o ministro do STF, em cerimônia alusiva ao Dia Internacional de Combate à Corrupção. "Será que vão querer bloquear minhas mídias sociais? A mídia social em que mais interajo no mundo? Vão querer quebrar uma perna minha? Isso é democracia? Não é. Isso é jogar fora das quatro linhas (da Constituição). Ninguém quer jogar fora das quatro linhas. Nós queremos respeito. Mais do que queremos, exigimos. Por favor, não extrapole", disse.
Seus aliados, na outra ponta, estão seriamente comprometidos nos inquéritos que investigam a atuação de uma organização criminosa nas redes sociais para fragilizar a democracia e a difusão de notícias falsas e ameaças a ministros do STF. Nessas investigações, nomes como Allan dos Santos, Bernardo Küster e Leandro Ruschel, além de canais como Te Atualizei e Bolsonéas e políticos, a exemplo de Daniel Silveira e Gil Diniz, chegaram a ter os perfis suspensos.
Bolsonaro defendeu até mesmo na Cúpula pela Democracia, promovida por Joe Biden, as “liberdades de pensamento, associação e expressão, inclusive na internet”. "É algo essencial para o bom funcionamento de uma democracia saudável. Valorizamos o direito de todos de expressarem suas opiniões e de serem ouvidos”, afirmou na sexta-feira, 10, ignorando o fato de que integrantes da militância foram barrados nas redes por dar sustentação ao chamado “Gabinete do Ódio”.
Mas não é só. Há preocupação, ainda, com a fiscalização do Tribunal Superior Eleitoral em 2022. “Os meios tradicionais, na minha opinião, ainda fazem muita diferença, porque as mídias digitais apenas reverberam os grandes debates. São televisão e rádio que os pautam”, diz o professor Ranulfo Paranhos, da Universidade Federal de Alagoas. “E ele precisa disso porque talvez tenha o alcance restringido em WhatsApp e similares pelo aumento da fiscalização do TSE sobre disparos em massa”, prossegue.
Alexandre de Moraes, que presidirá a corte nas eleições, prometeu não tolerar disparos em massa no pleito, diferentemente do que ocorreu em 2018, ainda que a estratégia já fosse proibida à época. "Se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro será cassado, e as pessoas que assim fizerem isso irão para a cadeia por atentarem contra as eleições e a democracia no Brasil", alegou o ministro durante o julgamento no TSE de ações contra a chapa Bolsonaro-Mourão. "A Justiça Eleitoral, assim como toda a Justiça, pode ser cega, mas ela não é tola. Não podemos criar de forma alguma um precedente avestruz, 'ah, não ocorreu nada'. Todo mundo sabe o que ocorreu, todo mundo sabe o mecanismo utilizado nas eleições e depois das eleições", acrescentou Moraes. O recado foi claro.
Diante do contexto, a aliança com PL, Progressistas, Republicanos, além de outros integrantes do Centrão, virá a calhar em 2022, uma vez que a presença dos partidos na coligação ampliará, substancialmente, o tempo de tevê e rádio do presidente. É espaço para Bolsonaro explicar as medidas equivocadas do governo -- algo que não precisou fazer em 2018 -- e alcançar aqueles que, sem os meios convencionais, não alcançaria.
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Comentários (10)
Reg
2021-12-14 18:04:56É só Desligarem as TVs ,celulares,e baterem Panelas ,com gritos de Fora Corrupto,Mentiroso!
Marcello
2021-12-13 12:21:54Em 2018, Alckmin tinha um monte de tempo de rádio e TV, deu no que deu! Com JB, pelo conjunto da infame obra, deve ser muito pior!
Osmar
2021-12-13 10:36:15Moro 22. Chega de ladrões (extorsão de salário também é roubo).
ANTONIA
2021-12-13 09:37:17Ele tem muita coisa importante pra dizer?
Carlos
2021-12-12 23:09:47Bolsonaro em 2022 pra Continuar consertando o Brasil..
Francisco
2021-12-12 19:38:59MORO PRESIDENTE!!!👍
Maria
2021-12-12 18:11:55MORO PRESIDENTE 2022! 🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷
Platão
2021-12-12 16:05:47Os comentários de 1 a 3, retro, de Paulo, disse tudo. A república não pode ser vilipendiada e a própria democracia através de práticas assimétricas que desvirtuam o resultado das eleições pelo disparo de fake news nas redes sociais. Quem assim obter um mandato eletivo é um mandato fraudado cujo registro deve ser cassado e o candidato preso por prática de crime eleitoral. Parabéns para o em. Ministro Alexandre de Morais e ao TSE se, de fato e de direito, não permitirem a nefasta prática em 2022.
Francisco
2021-12-12 13:39:37BOLSONARO 2022, para o Brasil continuar crescendo.
Claudio Roberto Moreira Da Rocha
2021-12-12 13:33:25Pode ganhar qq 1 dos 3 /4 e etc … Isso aqui ta tudo dominado !! Nunca vai mudar ! É feito para eles ; políticos !